Tecnologia e hábitos cotidianos têm impacto negativo na hora de dormir

Luz azul dos dispositivos e estar sempre “online” são fatores que dificultam o relaxamento e sono profundo

Dia Mundial do Sono: tecnologia e hábitos cotidianos podem ter impacto negativo na hora de dormir
Foto: FreePik
Dia Mundial do Sono: tecnologia e hábitos cotidianos podem ter impacto negativo na hora de dormir

Quem nunca “perdeu o sono” numa noite de ansiedade antes de uma data importante ou pensando em problemas? Isso, infelizmente, é mais comum do que parece. De acordo com a Associação Mundial do Sono, vivemos uma epidemia de insônia, com 35% da população mundial afirmando não conseguir dormir o suficiente.

O alerta acontece no mês neste 15 de março, Dia Mundial do Sono. Dormir bem é essencial, pois é neste momento que o organismo exerce funções restauradoras, sintetiza proteínas, repõe energias e regula o metabolismo, fatores importantes para manter o corpo saudável.

“Metade das pessoas que têm noites insones desenvolvem outros problemas como depressão, ansiedade, humor alterado, desatenção, perda de memória, baixa imunidade, envelhecimento e aumento no risco de doenças cardiovasculares e neurológicas”, destaca Camila Lobo, neurologista do Hospital e Maternidade São Luiz Campinas, da Rede D’Or.

De acordo com especialistas, um dos fatores que vem contribuindo para essa epidemia de insônia é a imparável inovação tecnológica das últimas décadas, à medida que os aparelhos nos mantém conectados 24 horas por dia.

“Em outras palavras, estamos sempre online, alertas e disponíveis, e nunca off-line para cobranças diárias, o que afeta o sono profundo, indispensável à regeneração celular e orgânica. Além disso, a exposição à luz azul dos dispositivos eletrônicos interfere na produção de melatonina, hormônio essencial para o adormecimento”, explica a médica.


Tipos de insônia

Muito ligada a fatores genéticos e hereditários, a insônia é dividida em dois tipos: aguda, que é caracterizada por noites pontuais de sono quebrado, com muitos despertares; e a comórbida, onde a pessoa apresenta dificuldade em adormecer por meia hora ou mais, durante três a cinco dias por semana, num período de pelo menos três meses. 

Entre os efeitos negativos das noites mal dormidas estão cansaço, mau humor, dores, ansiedade e baixo raciocínio. “Ao aparentar essas fadigas físicas e mentais, seja no ambiente escolar, social ou de trabalho, o indivíduo prejudica sua rotina, rendimento e imagem social”, avalia a neurologista.


Tratamentos

Para aqueles que enfrentam dificuldades para dormir, o ideal é realizar uma abordagem multidisciplinar, já que distúrbios do sono podem estar ligados a outras enfermidades.

Outro importante aliado é a higiene do sono, um conjunto de práticas que podem auxiliar no relaxamento e facilitar o processo de descanso. São elas: ficar longe de luzes artificiais, não consumir bebidas cafeinadas ou estimulantes, manter uma alimentação leve, horários regulares, ambiente tranquilo, limitar o uso de dispositivos eletrônicos, entre outras. 

“O tratamento da insônia envolve essencialmente estratégias de recomendações de higiene do sono, a retirada ou substituição de medicamentos danosos ao repouso e um acompanhamento psicológico adequado. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é atualmente indicada como tratamento de primeira linha pela World Sleep Society, existindo, inclusive, profissionais especializados em TCC e em seus mais recentes manejos”, complementa Camila.

Em relação ao uso de remédios, há algumas novidades que se somam aos tratamentos tradicionais já conhecidos, como o Lemborexant, mais recente droga anti-insônia descoberta por pesquisadores de Oxford (Inglaterra), e o Rozerem, outro tranquilizante que teve eficácia comprovada pela World Sleep Society.

“Esses e outros fármacos podem complementar técnicas como hipnoses, meditação, yoga, acupuntura, Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e higiene do sono. Mas atenção, a automedicação pode levar à dependência sem resolver a questão. Por isso, o combate à insônia por meio de caminhos não farmacológicos segue sendo a melhor opção para a cura”, enfatiza a especialista.

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