O que define um quadro de estresse? De que maneira o estresse pode afetar o corpo? Esses são assuntos que foram postos em questão porque a Ana Hickman diz que está afetando o seu corpo. Ela já está bastante estressada, tem afetado a voz, a pele. Desde que denunciou Alexandre Correa por violência doméstica, em novembro de 2023, Ana Hickmann teve seu nome envolvido em diversas polêmicas e questões judiciais com frequência. Recentemente, o agora ex-marido da apresentadora a processou por “alienação parental”. Diante de todas as situações, ela desabafou, na quarta-feira (21), sobre estresse emocional.
Ana Hickmann desabafa em meio ao embate judicial com ex-marido
“Teve bastante gente falando sobre a minha voz, na verdade, a minha voz está um pouquinho rouca, por conta do cansaço e principalmente todo o estresse emocional que venho vivendo nessas últimas semanas, nesses últimos meses. A minha pele está reagindo a isso, infelizmente, graças a Deus aqui [a mente] está tudo bem, mas é difícil”, começou Ana no Instagram.
“A cada hora uma novidade mais esdrúxula do que a outra. Eu não tenho mais 24 horas de sossego, mas a gente segue: lutando, trabalhando muito, e eu não vou fazer diferente, mesmo que tantos absurdos sejam ditos por aí, sejam pleiteados na justiça, um pior do que o outro, a gente continua”, completou.
Segundo Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP, membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA), o que aconteceu com a Ana foi porque ela realmente teve uma mudança no estilo de vida.
“O estresse, por definição, significa um aumento de pressão, por consequência, a palavra acabou sendo emprestada também para o ser humano que sob pressão de trabalho físico ou psíquico, muito uso do intelecto, uma cobrança muito grande um aumento muito grande de trabalho e uma piora do estilo de vida. E isso acaba gerando um sentimento de aumento de medo, aumento de preocupações, aumento de angústia”, explica o médico.
Quando esses sintomas acontecem por um certo intervalo de tempo elevado para aquela pessoa, os mecanismos que normalmente nós usamos, as ferramentas que nós usamos para, ou que a pessoa usa para se proteger acabam falhando. “São muitos os sintomas que passam a apresentar, começam a vir doenças, especialmente as cardiovasculares, mas também se faz sentir em vários outros sintomas”, explica.
Scocca esclarece que, além de preocupações, de pensamentos intrusivos, de preocupações e de medo, nós temos sintomas físicos muito comuns. Mãos molhadas, tremores, lacrimejamento, batedeira no peito, taquicardia, dor mesmo, sim, sentação de dor no peito, dor no braço, tensão muscular, dor no estômago, até a sensação de que vai morrer pode acontecer. O aumento de ansiedade equivale ao aumento do estresse.
“Muitos sintomas nem são percebidos. Vou citar alguns dos sintomas que se pode ocorrer conforme o sistema. Afeta o sistema imunológico? Afeta. Tanto cai a proteção como aumenta a resposta inflamatória. Então, um organismo submetido ao estresse de longo prazo faz com que o sistema imune seja prejudicado pelo aumento da liberação de cortisol. O cortisol age diretamente no sistema imune. O excesso de cortisol enfraquece-o. No entanto, ele também eleva os níveis de inflamação. Então nós temos esses dois fenômenos ruins. Se, por um lado, ele diminui sua eficácia pelo aumento do cortisol, ele aumenta o nível de inflamatório, que é causa de envelhecimento. Aí os problemas de pele que ela está sentindo certamente tão maiores por conta do estresse, da vida atribulada que tem. Mas também outras coisas, né? Músculos e articulações, excesso de tensão muscular leva a dores, que por si só já são muito ruins. O cortisol elevado também tem outros efeitos negativos, leva a osteoporose e a inflamação crônica também de músculos, então, dores no corpo são muito comuns. O sistema nervoso certamente é o mais afetado de todos. A ansiedade é um dos maiores transtornos da humanidade, o Brasil é o campeão mundial de ansiedade”.
O médico diz que pode levar também a outras doenças psiquiátricas e do sistema nervoso central. A insônia, a depressão, ataques de pânico, traumas e até o suicídio, que é o pior desfecho a ansiedade é experimentada como aquele medo constante, que nos impede de ter uma qualidade de vida boa.
“O mal que o estresse causa no sistema nervoso central, repercute também em todo corpo, como a gente já está falando, porque exatamente o cérebro é como se fosse um mapa do corpo humano, e de lá tudo se controla. Também aqui no cérebro é o fenômeno inflamatório que causa os principais males. Acredita-se que a depressão e a ansiedade são doenças que estão completamente relacionadas a causas inflamatórias. Além do que a gente sabe que o aumento de cortisol crônico reduz partes do cérebro relacionadas à memória, prejudicando ao longo dos anos. Então uma pessoa que sofre constante estresse, um estresse crônico, também pode levar a esta crise crônica que é a depressão", explica o médico.
Mas outros sistemas também são acometidos, o sistema digestivo, adrenalina reduz o ritmo digestivo, então as pessoas reclamam muito de intestino preso ou de gases ou até o contrário, muita diarreia, gastrites também, então o estômago também sente náuseas, alergias, alimentos, redução da absorção de nutrientes, diabetes é uma das possíveis causas, é possivelmente causado particularmente o diabetes tipo 2, também está muito relacionado à qualidade de vida e portanto o estresse é um dos complicadores e até causadores, um dos responsáveis pelo diabetes tipo 2.
O sistema cardiovascular é o mais afetado de todos. A adrenalina e o cortisol levam a aumento de batimentos cardíacos, consequentemente à hipertensão, à insuficiência cardíaca e ao infarto. Os pulmões também sofrem bastante, são as doenças inflamatórias como a asma, bronquite, a pele como a Ana está descrevendo, o que está acontecendo com ela.
É muito comum a gente ouvir a pessoa dizer ''Nossa, eu estou tão nervoso que estou me coçando inteira''. Então, eczemas, dermatites, mesmo acne, acredita-se que a psoríase seja uma doença relacionada ao sistema nervoso, então há teorias que explicam a psoríase, que é uma doença crônica, uma doença que muitas vezes a pessoa já nasce com ela, ou que já surge na adolescência, ou até em fases mais precoces da vida, na infância. Tudo isso, o excesso de estresse e a ansiedade aumentam.
Como é que se reduz então a ansiedade, o estresse?
Isso tudo é uma luta na vida. Ela começa, certamente, com bons hábitos. Eu imagino que a Ana tenha muitos hábitos bons. Ela pratica atividade física, ela deve ter uma alimentação equilibrada. Nós todos deveríamos, mas é claro que o estresse pode atrapalhar toda essa rotina. Não é fácil manter uma alimentação equilibrada, uma atividade física adequada, se não houver tempo para isso. E aí a pessoa muito estressada, muito ocupada, acaba perdendo isso. Deve-se evitar álcool e ingerir bastante água. A ingestão de água é muito importante na manutenção da saúde. E muita gente não consegue beber tanta água. Adquirir este hábito é um processo e que pode ajudar muito no combate ao estresse e à ansiedade.
O tabaco também é muito perigoso, porque a pessoa que fuma sente num primeiro instante uma sensação de relaxamento. No fundo, isso se dá pela abstinência de nicotina, que gera muita dependência. E no fundo ele está criando um aumento de ansiedade, a ansiedade basal dele é muito maior. A melhor maneira de tratar tudo isso, além de tomar essas medidas e ir persistindo os sintomas, é realmente buscar um médico, um psiquiatra, um médico-psiquiatra, um psicólogo.
Todos esses profissionais devem ser procurados. Do ponto de vista psiquiátrico, o psiquiatra realmente precisa usar medicamentos, conforme a gravidade do quadro. O psicólogo e mesmo o psiquiatra, às vezes, iniciam o trabalho psicotérapico. A terapia cognitivo-comportamental, as terapias alternativas, as terapias analíticas, elas são muito úteis na identificação das neuroses que levaram, e que muito provavelmente levaram a esse aumento de ansiedade, a essa perda de qualidade de vida, de controle de ansiedade, de saber relaxar.
Quanto aos medicamentos necessários, nós empregamos ansiolíticos, neurolépticos, antidepressivos. É claro que nós deixamos isso sempre como último recurso, mas não devemos ter pudor de usá-los. Então não tenha pudor de procurar um médico, um psiquiatra, um psicólogo, um terapeuta holístico, um terapeuta alternativo, seja como for, mas não deixe de se cuidar. E se conhece alguém assim, não deixe de ajudar a pessoa estimulando-a a procurar isso. A melhor forma de tratamento, apenas concluindo, é a precaução, é a prevenção, mas já havendo os sinais, como aparece com a Ana Hickman, buscar os profissionais da área de saúde mental.
O psicólogo Alexander Bez confirma que o estresse emocional é um fenômeno externo que se manifesta em indivíduos que enfrentam dificuldades para lidar com suas emoções, resultando em uma carga emocional intensa e autocrítica. Esse quadro pode gerar uma sensação de pressão e expectativas elevadas sobre si mesmo, levando à frustração e impactando negativamente a saúde mental e física. É frequentemente associado à insatisfação e exaustão mental decorrentes da rotina agitada do trabalho, questões pessoais e outros desafios do dia a dia.
“Os sintomas incluem aumento da pressão arterial, nervosismo, dificuldade de concentração, dores de cabeça, baixa autoaceitação, sensação de grande insatisfação com a vida, perda de apetite, ansiedade, oscilações de humor e angústia, entre outros”.
Para lidar com o estresse emocional, diz o terapeuta, é crucial buscar a ajuda de um psicólogo ou psicanalista. Além disso, a prática regular de exercícios físicos pode ajudar a manter o relaxamento, assim como passar tempo com amigos e familiares, viajar ou assistir a filmes no cinema.
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