Ele tem cerca de 2cm e é engolido com água, como uma cápsula. Não há necessidade de centro cirúrgico, internação, endoscopia e nem mesmo de uma sedação. Este é o balão gástrico deglutível, aprovado no fim do ano passado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que começa a ser utilizado em todo o país, inclusive na região de Campinas. O objetivo deste balão, como do balão intragástrico convencional, é ajudar a pessoa perder peso. O tratamento com ele é de seis meses.
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De forma geral, no estômago, o balão deglutível tem a mesma funcionalidade do balão intragástrico convencional. Seu objetivo é ocupar uma parte do estômago (cerca de 30% do espaço do órgão) para que a pessoa, ao se alimentar, tenha uma sensação de saciedade precoce. Dessa forma, ela vai ingerir menos alimentos, o que resultará em um emagrecimento.
O balão deglutível, no entanto, possui vantagens em relação ao seu antecessor. “A primeira delas é a implantação, que demora cerca de 20 minutos. O paciente não precisa ser sedado e nem submetido a uma endoscopia, como na versão convencional do dispositivo. A pessoa simplesmente engole o balão, que é do tamanho de uma cápsula, com a ajuda de um copo de água. Depois que o paciente o engole, fazemos um raio-x para ver se o balão está no local correto. Se estiver, nós o enchemos, por meio de um cateter que fica na boca do paciente. Colocamos cerca de 550 ml de líquido para que ele infle dentro do estômago”, explica o cirurgião bariátrico e endoscopista Admar Concon Filho, de Valinhos.
O balão fica no estômago do paciente por cerca de 16 semanas. Ao final desse período, ele se rompe sozinho e é eliminado pelas fezes. “Não há necessidade de retirar via endoscopia, como fazemos com o balão convencional. Alguns pacientes sequer percebem que o balão foi expelido nas fezes”, comenta o médico.
Mas se o balão fica quatro meses, por que o programa de emagrecimento demora seis meses? Este é mais um diferencial do balão deglutível. Ele é associado à tecnologia. O paciente que recebe o balão, também leva para casa um smartwatch (relógio) e uma balança de bioimpedância, que vão monitorá-lo durante todo o tratamento.
“Em tratamentos de emagrecimento, sejam os convencionais, os endoscópicos e até mesmo as cirurgias bariátricas, alguns pacientes não seguem as recomendações da equipe multidisciplinar que os acompanha. Este novo balão pretende resolver esse problema. Com a tecnologia, a equipe consegue monitorar, remotamente, a perda de peso, a qualidade do sono, a composição corporal, a realização de atividade física. Dessa forma, o paciente pode ser melhor orientado – e até cobrado”, diz o cirurgião.
O balão intragástrico pode ser usado por pessoas com sobrepeso - IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 25 -, pessoas com obesidade graus 1 e 2 e até por obesos mórbidos. “Mas, neste último caso, costumamos utilizar o balão para ajudar o paciente a perder peso antes de ser submetido a uma cirurgia bariátrica com segurança”, explica Concon.
O médico ressalta que este novo tipo de balão facilita o tratamento a distância. “Como podemos fazer o monitoramento remotamente e não é necessário retirar o dispositivo, o paciente não precisa estar próximo fisicamente da equipe, a não ser, obviamente, no dia da colocação”, diz.
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A perda de peso estimada no primeiro mês é de 7% a 10% do peso inicial do paciente. Até o terceiro mês, o paciente emagrece, totalizando de 15% a 20% do seu peso inicial. Depois, começa a ocorrer a manutenção do peso. Pacientes submetidos a um tratamento maior, de até 18 meses (com a colocação de três balões em sequência), podem perder 33% do peso inicial. “A perda de peso corresponde ao comprometimento do paciente, que deve aproveitar essa oportunidade para adotar novos hábitos de vida, como uma alimentação mais saudável e a prática de atividade física”, explica Concon.
O balão deglutível possui poucas contraindicações. As principais são cirurgia gástrica prévia (bariátrica, de refluxo ou de qualquer outra lesão no estômago) e terapia para anticoagulação.
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