Que realizar uma atividade física faz bem para a saúde quase todo mundo sabe, o problema, para muitos, é encontrar aquele exercício que realmente gere felicidade, aquele que não dá vontade de parar e que dá até ansiedade para voltar para o próximo treino. Mas como escolher o tipo de exercício certo?
Há alguns anos, o conceito de microgyms já ronda no mercado mundial. A ideia é oferecer “microacademias” para o cliente para que ele possa escolher e se adaptar melhor ao que gosta, de acordo com sua “tribo”. Desde 2017, a Bio Ritmo trabalha com esse formato em algumas de suas unidades. Na do bairro Vila Andrade, em São Paulo, por exemplo, o foco de cada atividade física oferecida é o HIIT, cardio e fortalecimento muscular, até com iluminação e sonorização diferenciadas.
Já na da Avenida Paulista, a empresa tem uma microgym completamente diferente, com um ambiente mais claro, mais calmo e focado em ioga e meditação. “O aluno tem a opção de treinar todos os dias em uma academia diferente e desfrutar de experiências individuais. As microgyms da Bio Ritmo trazem o conceito de ‘tribos’, pois são treinos únicos em que os alunos se juntam por objetivos comuns – alcançar o resultado desejado, se divertir e vivenciar uma experiência diferente”, explica Leonardo Cirino, diretor de marketing da empresa.
A ideia que vem da área do marketing pode ser aproveitada por quem busca a atividade física ideal para seu dia a dia: focar em objetivos comuns. “No geral, pessoas que gostam de treinos intensos gostam de desafios e de se sentir motivados a dar seu máximo. A ioga é uma modalidade que vem ganhando cada vez mais adeptos, e esse público procura nessa atividade física uma forma de se encontrar consigo mesmo e ter um momento de tranquilidade e troca de energia.”
Como escolher a melhor atividade física?
Bruna Guido atualmente é sócia e treinadora da assessoria esportiva MB Personal Trainers. É também atleta de corrida, já tendo subido aos lugares mais cobiçados do pódio algumas vezes em competições, mas foi judoca entre os nove e 12 anos, jogadora de vôlei federada entre os 12 e 18 anos e “rata” de academia. Apaixonada por esporte e endorfina, ela sabe bem quais as características de diferentes modalidades, sejam elas em grupo ou individual.
“Existem inúmeras atividades físicas, para pessoas de diferentes personalidades, mas o que a galera gosta é da sensação do exercício, da endorfina, uma sensação gostosa quando a gente pratica e também depois. Eu gosto de tudo, corrida, musculação, dança, ioga, pilates… mas tem gente que só gosta de uma atividade específica, só faz ioga ou dança, por exemplo.”
A semelhança entre as pessoas que gostam de vários esportes e as que preferem focar em apenas um está nos benefícios e na sensação boa que a atividade física proporciona, o problema, segundo Bruna, é que há quem não se permita descobrir esses efeitos e desiste antes mesmo de encontrá-los.
“O problema de quem tenta e não gosta é que muitas vezes não vai até outro, porque acha que vai ser igual. Mas é preciso experimentar e tentar, porque vai ter uma atividade que a pessoa gosta. Os exercícios são completamente diferentes, mas nenhum deixa de trabalhar o corpo e a mente. E é preciso também se dar a oportunidade do tempo de tentar. Na primeira aula talvez não goste, mas depois de um mês de alguma modalidade ou até mais para frente a pessoa aprende a gostar.”
A profissional de educação física explica também que existe o fator corpo se adaptar a uma nova realidade. No caso de pessoas sedentárias é mais difícil encontrar algo legal porque o corpo não está acostumado a se movimentar. Sendo assim, esse mesmo corpo não vai querer mudar, então vai “forçar” a mente a abandonar essa ideia.
O bom é que o corpo também se adapta a uma nova rotina, mas é preciso se manter firme e insistir nos novos hábitos. Com o tempo, a pessoa vai conseguir avaliar se realmente gosta ou não daquela atividade e se é melhor mantê-la ou buscar outra.
Entenda melhor as diferentes atividades físicas
Na hora de escolher uma atividade física, é importante avaliar não só se ela vai gerar os benefícios que a pessoa busca para o corpo, mas também se vai agradar em outros aspectos, como ritmo dos movimentos ou se vai ser em grupo ou individual.
“A musculação, por exemplo, é só ali, na sequência de exercícios nos aparelhos. É mais parado do que um treino de corrida e só precisa da pessoa. O exercício ainda foca mais na resistência muscular, enquanto a corrida trabalha a parte cardiovascular, são sistema diferentes.”
É importante lembrar que alguns treinos são complementares também. Quem corre precisa trabalhar a musculatura com um treino de força para evitar lesões, mas isso não quer dizer, necessariamente, que a pessoa precisa praticar musculação simultaneamente. Vale pedir a opinião de um especialista para saber se não é possível escolher o pilates, por exemplo, que também trabalha a força, mas de uma forma bem diferente.
Há ainda as atividades praticadas em grupos, mas até mesmo elas podem ser divididas em dois grupos diferentes. Em uma partida de vôlei, futebol, basquete ou handebol, as pessoas precisam do grupo todo para conseguir praticar o esporte, já em uma aula de dança, que normalmente é praticada em grupo, não necessariamente, apenas quando há uma coreografia em grupo.
Sendo assim, a pessoa deve pensar se vai querer depender de um grupo para realizar uma atividade física ou se prefere buscar um atividade coletiva mas que não a prenda ao resultado dos outros.
Vale a pena fazer uma atividade física em grupo?
Existem pessoas que só de pensar em fazer uma atividade física em grupo já desistem da ideia, mas é interessante pensar duas vezes antes de decidir. Como já foi falado, é possível dividir as modalidades que podem ser feitas com mais de uma pessoa de duas formas, de acordo com a dependência de outras pessoas para aquele exercícios ou não. Sabendo o que é melhor para quem quer iniciar um esporte nesse aspecto, vale ressaltar que criar amizades ao realizar um exercício físico é uma dica para manter a frequência e não faltar.
“Tem gente que não gosta de interagir, e uma aula de bike ou ginástica normalmente é feita em uma sala com várias pessoas, só que o exercício em si só precisa de você, não do outro. Ao mesmo tempo, como essas aulas são em grupo, a pessoa vai se soltar mais. Um curte, você curte também, é mais gostoso, os alunos juntam as energias”, explica Bruna. “É individual, mas tem um social, e isso fica mais prazeroso. Durante e depois também.”
Entre os benefícios que vão além do corpo e da mente ao escolher uma atividade física para praticar com mais pessoas, é possível notar uma maior frequência e menor número de faltas porque um aluno incentiva o outro. Como a especialista revela, muitas pessoas vão obrigadas à academia, por exemplo, porque um médico recomendou. Mas depois de um tempo, ao criar amizades nesse ambiente, o ato se torna mais prazeroso e deixa de ser encarado como uma obrigação.
Outra ideia é já iniciar a prática junto de um amigo ou mais pessoas. Ao apostar na corrida, por exemplo, você pode combinar com um conhecido que já tem esse costume ou também quer iniciar o esporte. Desta forma, principalmente naqueles dias mais “chatos” para levantar da cama e sair de casa, a pessoa vai “se forçar mais” para não deixar o outro na mão. Só não dá para escolher aquele amigo que, com certeza, vai desistir da prática antes mesmo de pegar o gosto.
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Para se ter uma ideia de como manter amizades com pessoas que praticam o mesmo esporte que você é importante, Bruna conta que muitos dos alunos que frequentam suas aulas de bike, que inicialmente iam apenas para melhorar a saúde ou emagrecer, hoje vão para se encontrar com os amigos que fizeram. “Eles se reúnem para trocar ideia, daí fazem a aula, e ainda tem a liberação de endorfina. O objetivo inicial, que era melhorar o condicionamento físico, fica como consequência. Tem muito disso nas academias e estúdios.”
Para finalizar, a treinadora lembra que atividade física faz bem para o corpo e saúde, mas, principalmente, para a mente. “E nesse mundo tão estressante, muitas vezes é um escape, para relaxar, melhorar a saúde e buscar melhor qualidade de vida”, completa Bruna.