Infecções urinárias recorrentes atingem até 40% das mulheres

Especialista explica fatores de risco, prevenção e novas vacinas

Infecções urinárias recorrentes atingem até 40% das mulheres
Foto: Reprodução/freepik
Infecções urinárias recorrentes atingem até 40% das mulheres

As infecções urinárias recorrentes, também chamadas de infecções do trato urinário (ITU) de repetição , atingem um número significativo de mulheres ao longo da vida. Estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam que entre 30% e 40% das mulheres terão ao menos um episódio recorrente e que elas têm até 50 vezes mais chances de desenvolver a doença do que os homens.

Segundo o infectologista Cristiano Galvão, a maior incidência entre mulheres está relacionada à anatomia do corpo feminino .

“A proximidade da uretra com o intestino facilita a entrada de microrganismos, especialmente na idade reprodutiva” , explica.

Embora algumas condições aumentem o risco, como retenção urinária, bexiga distendida ou histórico de pedras nos rins, a causa mais frequente é a bactéria Escherichia coli, que normalmente vive no intestino .

Além disso, hábitos do dia a dia, como higiene inadequada, uso de roupas apertadas, ingestão insuficiente de água, relações sexuais sem esvaziar a bexiga e constipação intestinal, podem favorecer a recorrência.

“Cada episódio precisa ser avaliado com cuidado. Em alguns casos, há fatores anatômicos, hormonais ou resistência bacteriana envolvida”, alerta Galvão.

“Tratar repetidamente sem investigação adequada aumenta o risco de complicações e dificulta o controle da doença", acrescenta.

Sintomas de alerta e cuidados preventivos

O especialista reforça que a prevenção é essencial, principalmente para quem já apresentou episódios recorrentes. Entre os sinais que exigem atenção médica estão ardência ao urinar, urgência frequente para urinar, dor na região inferior do abdômen, urina turva ou com odor forte, febre e dor lombar, que podem indicar infecção renal.

Algumas medidas simples ajudam a reduzir a recorrência:

  • Manter boa hidratação para aumentar o fluxo urinário
  • Urinar após a relação sexual
  • Evitar segurar a urina por longos períodos
  • Preferir roupas íntimas de algodão e evitar peças apertadas
  • Manter higiene íntima adequada

Novas vacinas oferecem esperança

Pesquisas recentes no Reino Unido demonstraram eficácia da vacina oral MV140 na prevenção de ITU recorrentes, mantendo 54% dos participantes livres da infecção por até nove anos. Nos Estados Unidos, a vacina já está disponível, enquanto no Brasil há a opção da Uro-Vaxom.

“Vacinas representam um avanço importante, pois podem reduzir a necessidade de antibióticos” , afirma Galvão.

Ele ressalta, ainda, a importância de diagnóstico precoce e tratamento adequado.

“Infecção urinária não deve ser tratada de forma banal. É fundamental buscar avaliação médica para identificar a causa, adotar estratégias de prevenção personalizadas e evitar o uso indiscriminado de antibióticos, que pode levar à resistência bacteriana e complicações”, conclui.