
A violência contra mulheres migrou de vez para o ambiente virtual em Sorocaba (SP). Entre janeiro e julho deste ano, a Polícia Civil registrou 38 boletins de ocorrência envolvendo crimes digitais cometidos contra moradoras da cidade — o mesmo número do ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
As ocorrências mais frequentes são ameaças e perseguições virtuais, conhecidas como stalking . Somadas, essas duas modalidades representam a maior parte das denúncias feitas no período.
De acordo com os registros, 14 mulheres relataram ter sido ameaçadas por meio de mensagens e redes sociais, enquanto 10 denunciaram perseguições constantes na internet. Em 2024, os números foram praticamente idênticos — 15 e 11, respectivamente.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, houve um aumento de 2,9% nas denúncias de violência contra mulheres em comparação com o ano anterior. Além disso, o Mapa Nacional da Violência de Gênero, elaborado pelo Senado, registrou 718 feminicídios no primeiro semestre de 2025, além de 33.999 casos de estupro, com uma média de 187 ocorrências diárias.
Além disso, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Marielle Franco revelou que a violência digital contra mulheres atingiu níveis alarmantes, embora os detalhes específicos não tenham sido divulgados na fonte. Entre os casos mapeados, 71% das ameaças envolveram morte ou estupro .
Vínculos amorosos estão por trás da maioria dos casos
O levantamento mostra que a violência digital, na maioria das vezes, é praticada por pessoas que já tiveram algum tipo de vínculo afetivo com a vítima .
Entre os 38 boletins de 2024 e os 38 de 2025, 27 mulheres afirmaram ter sido perseguidas por ex-companheiros ou parceiros atuais. Destas, 21 eram casadas, 19 estavam em união estável e sete disseram ter sofrido violência praticada por parentes próximos. Em dois casos, o vínculo não foi informado.
Em nível estadual, o cenário também é preocupante: entre janeiro e julho deste ano, 3.220 boletins de ocorrência de violência contra mulheres na internet foram registrados em São Paulo. No mesmo período do ano anterior, o número foi 4.539.
O stalking envolve comportamentos obsessivos e repetitivos dirigidos a uma pessoa específica , causando medo, ansiedade e perturbação na vida cotidiana.
Onde buscar ajuda
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo reforça que toda vítima pode registrar boletim de ocorrência em qualquer unidade policial, inclusive pela Delegacia Eletrônica.
Nos casos de violência de gênero, o atendimento especializado é feito pelas Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) — são 142 unidades no estado, além de 170 Salas DDMs 24 horas e uma DDM Online.
O governo também mantém iniciativas como o aplicativo SP Mulher Segura, o programa SP Por Todas e o Protocolo Não se Cale, que funcionam como redes de acolhimento e denúncia.