O Ministério da Saúde iniciou, nesta sexta-feira (15), a substituição gradual, do papanicolau pelo exame molecular de DNA-HPV como principal método de rastreamento do câncer de colo do útero no Sistema Único de Saúde (SUS).
A medida é considerada um marco na prevenção da doença, já que o novo teste identifica 14 tipos de HPV de alto risco e possibilita detecção até dez anos antes das alterações celulares.
A mudança segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em vigor desde 2021, e tem como objetivo aumentar a eficácia do rastreamento, reduzir a mortalidade e oferecer intervenções mais precoces.
Na prática, o DNA-HPV passa a ser o exame inicial, enquanto o Papanicolau será usado apenas para confirmar resultados positivos. O intervalo entre os testes também muda: mulheres com resultado negativo poderão repetir o exame a cada cinco anos, em vez de três. A faixa etária-alvo, porém, permanece entre 25 e 64 anos.
A implementação começou em cidades-piloto de 12 estados, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará, e deverá alcançar cobertura nacional até dezembro de 2026, beneficiando cerca de 7 milhões de mulheres por ano.
Além do esforço público, iniciativas privadas já exploram novas tecnologias. A healthtech brasileira See Me, por exemplo, oferece o exame de DNA-HPV por PCR com autocoleta doméstica, permitindo que a paciente realize o procedimento de forma rápida e indolor em casa, com suporte digital e acompanhamento individualizado.
A discussão sobre o tema também envolve desafios logísticos, culturais e de acesso. Especialistas apontam que a combinação entre diagnóstico precoce, autocoleta e vacinação contra o HPV pode transformar a prevenção do câncer de colo do útero no país.