Mineira com “pior dor do mundo” tenta alívio com sedação

Carolina Arruda inicia nova série de procedimentos contra neuralgia do trigêmeo

Mineira com “pior dor do mundo” tenta alívio com sedação
Foto: Reprodução/Instagram
Mineira com “pior dor do mundo” tenta alívio com sedação
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Aos 28 anos, Carolina Arruda, moradora de Bambuí, em Minas Gerais, enfrenta uma batalha diária contra a neuralgia do trigêmeo — condição neurológica rara e reconhecida por provocar dores consideradas entre as mais intensas que um ser humano pode suportar. Desde quarta-feira (13), ela está internada na Santa Casa de Alfenas, no Sul do estado, para uma nova tentativa de controle do quadro: permanecer sedada por até cinco dias para receber infusões de cetamina, medicamento que pode “reiniciar” a forma como seu cérebro processa a dor .


O tratamento, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é conduzido pelo médico Carlos Marcelo de Barros e envolve uma série de procedimentos. Além da sedação, estão previstas cirurgias para reposicionar o neuroestimulador já implantado, recarregar a bomba de infusão de medicamentos, realizar crioablação — técnica que congela parte do nervo para interromper sinais de dor — e administrar coquetéis de fármacos diretamente na corrente sanguínea sob vigilância intensiva.


Uma dor que não dá trégua

A neuralgia do trigêmeo atinge menos de 0,3% da população mundial e, na maioria dos casos, afeta apenas um lado do rosto. No caso de Carolina, a manifestação é bilateral e contínua, tornando o controle muito mais difícil. Pequenos estímulos, como vento no rosto ou uma conversa, podem disparar crises descritas por pacientes como “choques elétricos” ou “facadas” .

Desde que recebeu o diagnóstico, há mais de uma década, Carolina já passou por seis cirurgias e uma série de tratamentos medicamentosos e alternativos — todos sem sucesso duradouro. Em 2024, chegou a cogitar viajar à Suíça para recorrer à eutanásia , prática legalizada naquele país, mas mudou os planos após conseguir vaga para tratamento experimental na Santa Casa de Alfenas.

O que é a cetamina e por que ela pode ajudar

Utilizada há décadas como anestésico, a cetamina também é indicada, em doses controladas, para casos de dor crônica refratária e depressão grave resistente a outros tratamentos. O medicamento bloqueia receptores que amplificam sinais de dor e, em alguns pacientes, ajuda a restaurar conexões neuronais.

A aplicação, porém, só é feita em ambiente hospitalar, devido aos riscos de alterações cardiovasculares, respiratórias e perceptivas — como alucinações ou sensação de “estar fora do corpo”. Em determinadas situações, a sedação profunda é necessária para que o paciente tolere a infusão.

Uma trajetória de resistência

Em julho do ano passado, Carolina recebeu o primeiro implante de neuroestimuladores e, semanas depois, uma bomba intratecal que libera fármacos diretamente no sistema nervoso. As intervenções reduziram a frequência e a intensidade das crises por um curto período, mas não eliminaram a dor.