A Polícia Civil de Ilha Solteira prendeu, na quinta-feira (10), dois homens suspeitos de envolvimento no desaparecimento e possível feminicídio de Carmen de Oliveira Santos, de 25 anos, estudante de zootecnia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A jovem, mulher trans e negra, foi vista pela última vez no dia 12 de junho, quando deixou o campus da universidade.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) emitiu nota ao portal iG informando que "o caso segue sendo investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Ilha Solteira. Dois suspeitos foram conduzidos à delegacia, ouvidos e permanecem à disposição da Justiça. As diligências prosseguem visando a localização da vítima e o esclarecimento dos fatos" .
Os dois suspeitos permanecem em prisão temporária, autorizada por 30 dias, enquanto as investigações continuam. Até o momento, as equipes não localizaram a vítima – neste sábado (12), completa-se um mês desde seu desaparecimento.
Família cobra respostas e justiça
Gerson Alves, pai de Carmen, expressou desespero em um vídeo publicado no perfil @carmenondeesta, criado para mobilizar buscas.
"Precisamos do corpo, ou de onde ela esteja, para ficarmos em paz. E que punam as pessoas que fizeram essa brutalidade com ela" , disse.
Na quinta-feira (10), familiares e amigos realizaram um protesto em frente à Unesp, exigindo respostas.
"Nossa luta é para que esse caso não seja esquecido", afirmou Lucas Oliveira, irmão da vítima.
Lucas recorda a irmã como uma pessoa carismática, talentosa no violão e cheia de vida.
"Ela superou medos, amadureceu e sempre manteve nossa conexão, me procurando para conselhos ou fofocas que só ela sabia contar", diz em uma postagem feita nas redes sociais.
"Carmen é uma mulher trans em um país que lidera estatísticas de violência contra a população LGBTQIA+. 'O Brasil insiste em apagar pessoas como nós', ela sempre foi resistência, mesmo nas escolhas mais simples.'", denuncia o irmão.
Apesar do perfil reservado de Carmen, a família decidiu torná-la visível.
"Essa exposição é por amor e justiça. Queremos que seu nome ecoe, que seu desaparecimento não seja apenas mais um número" , afirma Lucas.
Unesp manifesta solidariedade
A universidade emitiu nota lamentando o ocorrido e declarando acompanhar o caso com apreensão.
"Estendemos nosso apoio à comunidade acadêmica, profundamente abalada. A prisão dos suspeitos e a hipótese de feminicídio reforçam a gravidade da situação" , diz o texto.
Como ajudar
Quem tiver informações sobre o paradeiro de Carmen pode entrar em contato com a Unesp pelo e-mail imprensa@unesp.br ou com a Delegacia de Ilha Solteira. Também é possível contatar Lucas, pelo telefone (67) 9818-2358. Ele disponibilizou o número por meio das redes sociais.