Em uma época em que viagens ao redor do mundo ainda eram feitas majoritariamente por homens, uma jovem arquiteta britânica decidiu desafiar as convenções e embarcar em uma jornada épica. Elspeth Beard, nascida em 1959, tornou-se a primeira mulher inglesa a circunavegar o globo de motocicleta, percorrendo mais de 56 mil quilômetros entre 1982 e 1984. Ela está viva e costuma compartilhar relatos nas redes sociais.
Uma jornada de coragem e determinação
Aos 16 anos, Beard já demonstrava sua paixão por motocicletas , aprendendo a pilotar em Salisbury Plain. Anos depois, após concluir o terceiro ano de seu curso de arquitetura e com um "coração partido", ela decidiu partir para uma aventura solitária. Sua companheira de viagem? Uma BMW R60/6, equipada com alforjes e uma bolsa extra amarrada ao assento.
A viagem começou em Nova York, onde sua moto havia sido enviada do Reino Unido. De lá, Beard percorreu os Estados Unidos, Canadá e México antes de embarcar para a Austrália. Em Sydney, ficou sem recursos e trabalhou em um pub por sete meses para financiar o restante da jornada.
Os desafios, no entanto, não pararam por aí. Em Townsville, na Austrália, sofreu um acidente que a deixou hospitalizada por duas semanas. Em Cingapura, teve documentos e equipamentos roubados, obrigando-a a esperar seis semanas para recuperá-los. Na Tailândia, colidiu com um cachorro e, ironicamente, foi alimentada pelos restos do animal pela família que a acolheu durante a recuperação. A história é retratada no livro "LoneRider: A primeira mulher britânica a dar a volta ao mundo de motocicleta".
Superando obstáculos políticos e culturais
Um dos momentos mais tensos da viagem ocorreu na Índia, durante o assassinato da primeira-ministra Indira Gandhi. Com o Punjab sob lockdown, Beard falsificou uma permissão para deixar a região e seguir para o Paquistão, antes de retornar à Europa pela Turquia.
Ao chegar ao Reino Unido em 1984, após dois anos de aventuras, Beard não recebeu o reconhecimento que esperava.
Da estrada para a arquitetura
Após a viagem, Beard dedicou-se à arquitetura, transformando a histórica Torre Munstead, em Godalming, em uma residência premiada. O projeto rendeu-lhe o prêmio do Royal Institute of British Architects em 1994. Hoje, ela dirige seu próprio escritório de arquitetura, instalado em um estábulo convertido.
Em 2017, Beard finalmente compartilhou sua história no livro mencionado anteriormente, detalhando os altos e baixos de sua jornada.
Anne-France Dautheville, nascida em 22 de março de 1944, é uma jornalista e escritora francesa reconhecida por seu feito pioneiro: foi a primeira mulher a percorrer o mundo sozinha em uma motocicleta.
Trajetória nas viagens de moto
Nascida e criada em Paris, Dautheville iniciou suas aventuras em 1972 ao participar do Orion-Raid, uma expedição de motocicleta na qual percorreu o trajeto da França até Isfahan, no Irã, pilotando uma Moto Guzzi 750. Sua jornada continuou até o Afeganistão. No ano seguinte, em 1973, ela fez história ao completar uma volta ao mundo sozinha em uma Kawasaki 125, percorrendo aproximadamente 12.500 milhas e atravessando três continentes. Durante esse período, sustentou-se como jornalista freelancer, escrevendo sobre suas experiências. Suas viagens pelo mundo se estenderam até 1981.
Obras literárias
Dautheville registrou suas aventuras em livros como Une Demoiselle sur une Moto (1973), que relata suas primeiras experiências, e Et J'ai Suivi le Vent (1975), no qual narra sua jornada inspiradora seguindo os caminhos do vento. Suas obras se tornaram referência para entusiastas de motociclismo e viajantes.