A Uber anunciou, nesta quarta-feira (2), o lançamento em Lisboa do serviço “ Women Drivers ”, uma nova funcionalidade do aplicativo que permite que passageiras optem por viajar exclusivamente com motoristas mulheres.
A iniciativa, que começa como um projeto-piloto, também dá às condutoras a opção de aceitar apenas passageiras mulheres.
A novidade surge como resposta a uma reivindicação antiga de utilizadoras e motoristas que desejam maior conforto, privacidade e liberdade de escolha.
A funcionalidade estará disponível a partir da próxima semana, em Lisboa, e poderá ser ativada e desativada livremente dentro da própria aplicação. Segundo a empresa, não haverá custos adicionais para ativar a opção.
“Esta é uma funcionalidade baseada na liberdade de escolha, não numa questão de segurança” , afirma Francisco Vilaça, diretor-geral da Uber em Portugal .
“Queremos tornar o setor mais inclusivo e atrativo para mulheres, permitindo que decidam com quem querem viajar ou quem querem transportar.”
De acordo com dados da empresa, apenas 9% dos motoristas em Portugal são mulheres. A Uber acredita que a nova funcionalidade pode ser um passo importante para mudar essa realidade e atrair mais condutoras para a plataforma.
“Trata-se de empoderamento e representatividade” , reforçou Vilaça. “Estamos a ouvir o que as mulheres nos dizem. Muitas querem começar a conduzir, mas hesitam por motivos pessoais ou culturais. Esta opção oferece-lhes uma nova possibilidade'', disse Vilaça, em entrevista à imprensa local.
O lançamento de “ Women Drivers ” acontece meses depois da polêmica em torno da plataforma Pinker , suspensa em 2024 pelo IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes). A Pinker pretendia operar exclusivamente com motoristas e passageiras mulheres, mas foi considerada ilegal por violar o artigo 7.º da Lei n.º 45/2018, que proíbe discriminação com base no sexo.
Para evitar conflitos legais semelhantes, a Uber optou por uma abordagem flexível: não cria um serviço separado, mas sim uma configuração opcional dentro do app principal, permitindo que qualquer mulher escolha com quem quer se conectar – sem excluir os demais utilizadores.
A funcionalidade será monitorada durante os primeiros meses e poderá ser expandida para outras cidades portuguesas como Porto, Coimbra, Braga e Faro, dependendo da adesão de motoristas e passageiras.
“Queremos que este projeto cresça com base na procura e na participação ativa das mulheres. Se funcionar bem em Lisboa, temos toda a ambição de alargar a outras zonas do país” , disse Vilaça.
A Uber já opera versões semelhantes do “ Women Drivers ” em países como França, Alemanha, Polônia, Argentina, África do Sul e Austrália, onde o modelo tem demonstrado impacto positivo tanto na segurança percebida pelas passageiras quanto na atração de novas motoristas.
A funcionalidade foi bem recebida por grupos de defesa dos direitos das mulheres e por utilizadoras da plataforma, que consideram a medida “um passo importante rumo à equidade no setor dos transportes” .