
O ator francês Gérard Depardieu, de 76 anos, compareceu ao tribunal nesta segunda-feira (24) para o início do julgamento em que é acusado de agressão sexual contra duas mulheres durante as filmagens de um longa-metragem em 2021.
Segundo a acusação, Depardieu teria feito comentários de teor sexual e, em seguida, apalpado de forma agressiva duas profissionais da equipe de produção. De acordo compublicação da BBC News , caso seja condenado, o ator poderá cumprir até cinco anos de prisão e pagar uma multa de € 75 mil (cerca de R$ 408 mil).
Este é o primeiro caso envolvendo Depardieu a chegar aos tribunais, apesar de outras 20 mulheres terem relatado comportamentos inadequados por parte do artista.
A chegada do ator ao tribunal de Paris foi marcada por protestos. Diversas manifestantes seguravam cartazes em apoio às vítimas de violência sexual e entoavam slogans feministas, em um reflexo do impacto do movimento #MeToo no cinema francês.
Depardieu nega todas as acusações e, em 2023 , publicou uma carta aberta no jornal francês Le Figaro, na qual afirmou: "Machucar uma mulher seria como chutar minha mãe no estômago". O ator também alegou ser vítima de "julgamento pela mídia" e "linchamento" público.
Seu advogado, Jérémie Assous , declarou que Depardieu está "extremamente abalado" com o processo, mas confiante de que " a verdade virá à tona" . Já Carine Durrieu-Diebolt , advogada de uma das denunciantes, afirmou que suas clientes temem retaliações, pois "enfrentam um gigante do cinema".
O julgamento estava previsto para ocorrer no fim de 2023 , mas foi adiado devido ao delicado estado de saúde do ator, que passou por uma cirurgia de ponte de safena quádrupla e sofre de diabetes. Agora, um especialista médico o considerou apto a comparecer ao tribunal, ainda que necessite de pausas frequentes durante as audiências.
Depardieu segue recebendo apoio de parte da comunidade artística francesa. Em 2023 , um grupo de mais de 50 personalidades do cinema, incluindo Charlotte Rampling e Carla Bruni, publicou uma carta afirmando que as acusações contra o ator eram "um ataque à própria arte" .
O presidente francês Emmanuel Macron também gerou polêmica ao afirmar que Depardieu é "um grande ator" que "deixa a França orgulhosa". A declaração foi criticada por ativistas, que consideraram o discurso um retrocesso na luta contra a violência de gênero.
A atriz Léa Seydoux foi uma das vozes contrárias ao posicionamento de Macron. "Esses comentários são absurdos e passam uma imagem muito ruim da França", declarou ela.
O julgamento de Gérard Depardieu ocorre entre segunda e terça-feira, com a previsão de que o veredito seja anunciado dentro de algumas semanas.