
O Brasil registrou 21 milhões de vítimas de violência contra a mulher nos últimos 12 meses, segundo pesquisa do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa 37,5% das brasileiras.
É o recorde de casos de agressão contra mulheres desde 2017, quando a pesquisa 'Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil' começou. Na prática, uma em cada três mulheres foram agredidas. É um aumento de 8,6 pontos em comparação com 2023.
Ainda segundo a pesquisa, 10,7% da população feminina do país relatou ter sofrido abuso sexual e/ou foi forçada a manter relação sexual contra a própria vontade nos últimos 12 meses. São 5,3 milhões de mulheres.
Melissa Terron , superintendente da ONG Ficar de Bem, lamenta: “O que mais precisa acontecer para que isso seja tratado como prioridade? Esses dados, mais uma vez, trazem uma realidade triste, preocupante e alarmante”.

91,8% das agressões contra mulheres foram testemunhadas por outras pessoas. A maioria (86,7%) das testemunhas faz parte do mesmo círculo social ou da família da vítima.
- 47,3% eram amigos ou conhecidos das vítimas;
- 27% eram filhos
- 12,4% tinham outro grau de parentesco
Outros dados da violência contra mulheres
Em mais da metade dos casos (57%), a violência é cometida é cometida na casa da vítima. O principal autor das violências contra mulheres foram companheiros (40%) ou ex-companheiros amororos (26,8%).
Quase metade das vítimas (47,4%) decidiu não denunciar o caso ou procurar ajuda de instituições ou de pessoas próximas . Por outro lado, só 25,7% recorreram aos órgãos oficiais e 33,8% buscaram ajuda entre familiares e amigos.
“Quando uma mulher denuncia, começa uma batalha sem fim. Muitas são desacreditadas, expostas, revitimizadas. Outras voltam para casa sem nenhuma proteção e seguem convivendo com seus agressores . Sem políticas públicas eficazes, as vítimas continuam desamparadas”, avalia Melissa.
A ONG Ficar de Bem atua em parceria com órgãos governamentais e outros institutos para garantir suporte para mulheres em situação de risco. As vítimas recebem apoio jurídico, psicológico e social, além acolhimento e proteção.
“Casas como a nossa não deveriam ser exceção, deveriam existir em cada bairro, em cada cidade. Muitas mulheres não denunciam porque não têm para onde ir. É preciso expandir essa rede de acolhimento e garantir que nenhuma vítima fique sem assistência”, finaliza Melissa.