Brasil tem maior índice de violência contra mulher desde 2017

21 milhões de mulheres foram agredidas no país nos últimos 12 meses, segundo pesquisa do Datafolha e Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Afastamento do lar, probição de aproximação e de contato, encaminhamento da vítima para abrigo e até suspensão de porte de armas do agressor estão entre as medidas protetivas de urgência determinadas pela Lei Maria da Penha
Foto: Reprodução/Pixabay - 23.02.2022
Afastamento do lar, probição de aproximação e de contato, encaminhamento da vítima para abrigo e até suspensão de porte de armas do agressor estão entre as medidas protetivas de urgência determinadas pela Lei Maria da Penha


O Brasil registrou 21 milhões de vítimas de violência contra a mulher nos últimos 12 meses, segundo pesquisa do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa 37,5% das brasileiras.


É o recorde de casos de agressão contra mulheres desde 2017, quando a pesquisa 'Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil' começou. Na prática, uma em cada três mulheres foram agredidas. É um aumento de 8,6 pontos em comparação com 2023.

Ainda segundo a pesquisa, 10,7% da população feminina do país relatou ter sofrido abuso sexual e/ou foi forçada a manter relação sexual contra a própria vontade nos últimos 12 meses. São 5,3 milhões de mulheres.

Melissa Terron , superintendente da ONG Ficar de Bem, lamenta: “O que mais precisa acontecer para que isso seja tratado como prioridade? Esses dados, mais uma vez, trazem uma realidade triste, preocupante e alarmante”.

Para denunciar violência, mulheres podem recorrer ao 180, o disque denúncia
Foto: Divulgação
Para denunciar violência, mulheres podem recorrer ao 180, o disque denúncia





91,8% das agressões contra mulheres foram testemunhadas por outras pessoas. A maioria (86,7%) das testemunhas faz parte do mesmo círculo social ou da família da vítima.

  • 47,3% eram amigos ou conhecidos das vítimas;
  • 27% eram filhos
  • 12,4% tinham outro grau de parentesco

Outros dados da violência contra mulheres

Em mais da metade dos casos (57%), a violência é cometida é cometida na casa da vítima. O principal autor das violências contra mulheres foram companheiros (40%) ou ex-companheiros amororos (26,8%).

Quase metade das vítimas (47,4%) decidiu não denunciar o caso ou procurar ajuda de instituições ou de pessoas próximas . Por outro lado, só 25,7% recorreram aos órgãos oficiais e 33,8% buscaram ajuda entre familiares e amigos.

Foto: Lorraine Moreira
85% das mulheres negras vítimas de violência doméstica permanecem com seus agressores.


“Quando uma mulher denuncia, começa uma batalha sem fim. Muitas são desacreditadas, expostas, revitimizadas. Outras voltam para casa sem nenhuma proteção e seguem convivendo com seus agressores . Sem políticas públicas eficazes, as vítimas continuam desamparadas”, avalia Melissa.

A ONG Ficar de Bem atua em parceria com órgãos governamentais e outros institutos para garantir suporte para mulheres em situação de risco. As vítimas recebem apoio jurídico, psicológico e social, além acolhimento e proteção.

“Casas como a nossa não deveriam ser exceção, deveriam existir em cada bairro, em cada cidade. Muitas mulheres não denunciam porque não têm para onde ir. É preciso expandir essa rede de acolhimento e garantir que nenhuma vítima fique sem assistência”, finaliza Melissa.