Mohamed Al-Fayed
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Mohamed Al-Fayed


O bilionário Mohamed Al-Fayed , ex-proprietário da icônica loja de departamentos britânica Harrods, está sendo acusado de ter abusado sexualmente de centenas de mulheres. O empresário, que também ganhou notoriedade por ser o sogro da princesa Diana, faleceu no ano passado, aos 94 anos. Segundo o programa "Fantástico", Al-Fayed usava sua posição de poder e influência para cometer os abusos.


As denúncias


Duas ex-funcionárias da Harrods revelaram que Al-Fayed costumava frequentar a loja de sete andares, localizada no coração de Londres, em busca das assistentes que ele considerava mais atraentes. Ele frequentemente sugeria que, caso estivessem cansadas, elas poderiam descansar em sua residência em Park Lane, uma das regiões mais luxuosas do mundo.

Uma das vítimas, Natacha, relatou que foi atacada aos 19 anos. “Um beijo forçado, mãos tocando meu corpo. Momentos que duravam segundos, mas me deixavam paralisada de medo. Depois, ele agia como se nada tivesse acontecido”, disse ela.

Cheska, outra vítima, também tinha 19 anos quando foi abusada. Ela contou que recebeu uma ligação oferecendo um emprego na Harrods, sem nunca ter se candidatado. “Achei que podia ser uma boa oportunidade”, relembra. No segundo dia de trabalho, Al-Fayed a abordou, prometendo ajuda com sua carreira, pois seu filho mais velho trabalhava em Hollywood. Uma semana depois, ele a convidou para seu apartamento com o pretexto de tirar fotos para um portfólio, mas, ao chegar lá, não havia mais ninguém. "Ele me beijou à força e disse: 'Posso ajudar sua carreira, mas só se dormir comigo’," relatou.

Cheska conseguiu fugir, mas foi ameaçada ao tentar denunciar o bilionário. “Disseram-me: 'Você é uma desconhecida, ele é um magnata bilionário. Não terá chance’”, explicou. Em 2017, ela se tornou a primeira vítima a abandonar o anonimato e falar publicamente sobre os abusos. Na época, Al-Fayed negou todas as acusações, e nenhuma ação foi tomada. “Ele ainda estava vivo, muitos outros abusos poderiam ter sido evitados. Não entendo por que nada aconteceu e isso ainda me revolta”, desabafou Cheska.

O documentário


A BBC produziu um documentário sobre as denúncias, conduzido pelo jornalista Keaton Stone, cuja noiva foi uma das vítimas de Al-Fayed. “Ele desejava mulheres que não o queriam, e havia muitas pessoas facilitando e encobrindo seus crimes. Essas pessoas precisam ser responsabilizadas”, afirmou Stone.

O jornalista entrevistou mais de 200 mulheres que relataram abusos ocorridos em cidades como Londres, Paris, Saint-Tropez e Abu Dhabi. Os relatos seguem o mesmo padrão de comportamento predatório e abuso sexual. Em resposta às acusações, a Harrods, atualmente sob nova administração, emitiu um comunicado reconhecendo o passado problemático da empresa e pedindo desculpas.

Como o assunto ficou escondido de tantas pessoas, por tanto tempo, isso levanta questões perturbadoras. A busca por justiça está apenas começando.

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