Mulheres revelam desconhecimento sobre menopausa e climatério

A equipe de Healthcare e Advocacy da LLYC Brasil realizou uma pesquisa que destaca os desafios das mulheres brasileiras durante a menopausa e o climatério

O levantamento revela que quase 50% das entrevistadas dizem saber a diferença entre a menopausa e o climatério
Foto: FreePik
O levantamento revela que quase 50% das entrevistadas dizem saber a diferença entre a menopausa e o climatério

A segunda metade da vida de uma mulher é um período de transformações significativas em seu corpo e no bem-estar geral. As mulheres encontram-se muitas vezes numa encruzilhada onde vivenciam mudanças que podem suscitar questões e preocupações. Para reconhecer a importância de responder a estas preocupações e conhecer as dúvidas que esta população tem, a divisão de Saúde e Advocacia da LLYC no Brasil realizou uma pesquisa com mais de 150 mulheres. 

Embora este inquérito não seja um estudo científico em si, fornece informações valiosas sobre as percepções das mulheres sobre a menopausa e o climatério, duas fases da vida que são frequentemente ignoradas. Estas conclusões não só reflectem as experiências e preocupações das mulheres nesta fase crucial, mas também impulsionam o diálogo e a sensibilização sobre um tema que tem sido frequentemente negligenciado no domínio da saúde da mulher. A falta de conhecimento e compreensão sobre a menopausa e a menopausa é destacada como um grande desafio, e este inquérito procura realçar a necessidade de fornecer informação e apoio às mulheres à medida que passam por estas mudanças nas suas vidas.

Principais preocupações e falta de conhecimento

O primeiro fator a destacar é a importância da representatividade e das preocupações das mulheres durante a menopausa e o climatério. Entre as principais preocupações identificadas estão alterações de peso, diminuição da libido e ondas de calor, comumente conhecidas como “ondas de calor”. Além disso, esta pesquisa destaca os impactos na saúde mental, aspecto cada vez mais relevante e que merece discussão mais aprofundada.

A pesquisa foi baseada nas respostas de 151 mulheres com idades entre 35 e 65 anos. Embora não possa ser considerado um estudo científico completo, o seu valor reside na sua capacidade de promover o diálogo sobre questões cruciais. Um dos destaques é o desconhecimento sobre o que são exatamente a menopausa e o climatério. Quase 50% dos entrevistados afirmam saber a diferença entre os dois termos, enquanto 30,5% têm uma ideia geral e 21,2% não têm conhecimento sobre o assunto. Essa falta de clareza pode dificultar a identificação dos sintomas, que ultrapassam 70, e a busca por atendimento específico, deixando as mulheres despreparadas diante da menopausa.

Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Climatério (Sobrac) de janeiro de 2022, realizada com 1.500 mulheres de 45 a 65 anos, mostrou que apenas 22,3% das entrevistadas receberam recomendação de seus médicos para uso de terapia hormonal para alívio dos sintomas.

Entre as mulheres que responderam ao inquérito de perceção da LLYC e ainda não atingiram a menopausa, 47,9% afirmam que discutiriam o uso do tratamento hormonal com o seu médico e 39,7% o utilizariam definitivamente. As taxas entre as mulheres que já estão na menopausa ou no climatério são semelhantes: 40% e 43,1%, respectivamente.

A importância da informação

Quando questionados sobre as terapias que utilizam para tratar os sintomas, a terapia hormonal ficou em quarto lugar, atrás de atividade física, dieta alimentar e falta de cuidados específicos.

O acesso à informação precisa e à educação destacam-se como elementos cruciais para o bem-estar das mulheres nesta fase da vida. Embora o tema da menopausa tenha sido frequentemente esquecido, um artigo publicado no The New York Times em fevereiro de 2023, intitulado “As mulheres foram enganadas sobre a menopausa”, lança luz sobre a falta de educação e apoio às mulheres nesta fase da vida. O artigo destaca que 44% das mulheres nos Estados Unidos relatam seus sintomas aos médicos, mas a maioria se sente desconfortável em discutir o assunto e, em muitos casos, não identifica os sintomas como manifestações da menopausa. Este panorama contrasta com o estudo da LLYC, onde 97,4% dos inquiridos sentem-se confortáveis ​​em falar abertamente sobre os seus sintomas e esclarecer as suas dúvidas com um especialista. Apesar destes dados encorajadores, a menopausa continua a ser um tema tabu na sociedade.

Fontes de informação: impacto nas redes sociais e na sociedade

A pesquisa destaca a importância do relacionamento próximo com os profissionais de saúde para obter informações sobre a menopausa e o climatério. Entre as entrevistadas, 106 das 151 mulheres escolheram um médico especialista como principal fonte de informação. Além disso, amigos e familiares também foram mencionados como valiosas fontes de orientação, enquanto os meios de comunicação tradicionais ficaram em terceiro lugar.

Quando se trata de busca de informações online, o Google lidera como principal fonte de informações sobre a menopausa. Dentre as buscas realizadas na plataforma com a palavra-chave “menopausa”, os três primeiros resultados referem-se a tratamentos hormonais.

As redes sociais, especialmente o Instagram e o TikTok, surgiram como plataformas essenciais para mudar as percepções sobre a menopausa e a menopausa. Embora estas redes destaquem “mulheres reais” e as suas experiências de vida, os meios de comunicação tradicionais centram-se frequentemente em questões técnicas e dão destaque a “mulheres famosas”.

Em números

No Instagram, em português, são mais de 620 mil menções ao termo “menopausa” e mais de 150 mil relacionadas ao “climatério”. O conteúdo aborda diversos temas, como conselhos, exercícios, dietas, entre outros, todos visando normalizar um tema que ainda é tabu para muitas mulheres. Segundo o primeiro Estudo da Menopausa e suas Fases realizado em 2022 pela Essity, empresa global de higiene e saúde, 48% das 2 mil brasileiras pesquisadas afirmam que a menopausa está relacionada à velhice. Além disso, 55% não gostam de falar sobre a “deterioração” do seu corpo. Não é de estranhar que no estudo LLYC “envelhecimento”, “velhice” e “idade” sejam algumas das palavras mais mencionadas pelos participantes.

Mas na plataforma, que é a terceira mais utilizada pelos brasileiros, com 113,5 milhões de usuários segundo relatório de fevereiro de 2023 feito em colaboração com We Are Social e Meltwater, não faltam exemplos de mulheres criadoras de conteúdo tentando redefinir esse período que É natural para todas as mulheres. Um exemplo é a figurinista Wladia Goes, que compartilha seu dia a dia com muito humor e se descreve como “Sempre Belérrima, Perfeita Jamais” para seus 151 mil seguidores.

Esse tem sido o tom com que a conversa se desenvolveu nas redes sociais, com destaque para Instagram e TikTok, e estimulou uma mudança na percepção das mulheres na fase da menopausa e do climatério. Enquanto as redes sociais apresentam conteúdos de “mulheres reais” e as suas experiências de vida, os meios de comunicação tradicionais, em geral, continuam a focar-se em questões técnicas e a dar destaque às experiências de “mulheres famosas”.

Em uma ocasião excepcional, o tema da menopausa ganhou relevância em uma das novelas da Rede Globo, principal rede de televisão do Brasil. A novela “Vai na Fé” contou com um elenco majoritariamente composto por atores negros ou pardos, e um dos personagens representava uma brasileira de 40 anos que enfrentava os sintomas da menopausa e ao mesmo tempo lidava com os desafios comuns da milhões de mulheres.

Conscientização global e avanços no tratamento

A conscientização sobre a menopausa ganhou relevância global e, desde 2009, a Sociedade Internacional da Menopausa (IMS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) designaram outubro como o Mês Mundial de Conscientização sobre a Menopausa. Enquanto no Brasil, somente em 2023 começou a ser debatido no Senado Federal o Projeto de Lei nº 3.933/23, que propõe o tratamento do climatério e da menopausa por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Noutros países, as empresas do sector privado já oferecem benefícios corporativos que incluem cuidados de especialistas certificados em menopausa e cobertura de tratamentos hormonais de alto custo.

Estas iniciativas são apoiadas por dados sobre o impacto económico da menopausa, conforme estimado pelo estudo da Mayo Clinic Women's Health nos Estados Unidos, onde as ausências ao trabalho e a redução do horário de trabalho custam anualmente ao país 1,8 milhão de dólares, e as despesas médicas relacionadas com a menopausa chegam a 26,6 bilhões de dólares. Estes fatos sublinham a necessidade de uma abordagem mais séria e ponderada à saúde da mulher nesta fase , bem como da adaptação de um sistema que historicamente tem sido orientado principalmente para a saúde dos homens, os sintomas da menopausa e ao mesmo tempo lidar com os desafios comuns.

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