Alcione Pereira ensina a combater o desperdício de alimentos

À frente da Connecting Food ela forma elos entre indústria, varejo e grupos de apoio contra a fome no país

Foto: Divulgação
Alcione Pereira, CEO e fundadora da Connecting Food

Alcione Pereira, CEO e fundadora da Connecting Food, tem uma missão de vida que não é pra qualquer um. No desejo de combater o desperdício de alimentos, e consequentemente aplacar a fome de quem precisa de comida, ela estruturou uma empresa que forma elos para fomentar a doação de alimentos que iriam para o lixo, dando um novo destino aos produtos.

"A minha trajetória pessoal de mudança levou à formação da Connecting Food. Eu era engenheira de alimentos, trabalhei para grandes empresas, dentro e fora do Brasil, tive uma carreira corporativa. Saí do mundo corporativo, em 2015, queria contribuir mais e poder usar isso para causar maior impacto", lembra Alcione.

Em 2016, em uma formação de empreendedores de impacto social, ela levou o tema do desperdício de alimentos para o debate. "Queria entender como 1/3 dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados, por que se joga fora tanta comida", diz. 

Ela começou a testar soluções para o mercado, trabalhou com a agência de alimentação da ONU, trouxe o movimento save food para o Brasil e, em 2017, fez o primeiro projeto piloto da Connecting Food com o grupo Pão de Açúcar. "Começamos com 3 lojas, fomos para 57 lojas, na cidade de São Paulo e fomos crescendo o número de doações de alimentos. São os chamados alimentos sem valor comercial: banana fora do cacho, compra errada, próximos ao vencimento, produtos que vão literalmente para o lixo. A Connecting Food tem tecnologia para identificar esses alimentos e conectar com organizaçoes sociais que estão próximas. Daí os alimentos são distribuídos", explica. 

Desde a fundação, em 2016, a CF já realizou a operação e a gestão de mais de 10,5 mil toneladas de alimentos que foram doados, o que gerou mais de 20 milhões de refeições complementadas na mesa de milhares de brasileiros, além de ser um dos principais players de impacto socioambiental do Brasil e uma parceira fundamental do setor da indústria e varejo de alimentos no cumprimento de ponta a ponta da agenda ESG. Hoje, são 510 OSCs atendidas nas 27 unidades federativas do Brasil, estando presente em 273 cidades.

O boom de crescimento foi com pandemia, que trouxe a questão da fome para o holofote. "Em 2021, o ifood me chamou e co-desenhamos o  Movimento Todos à Mesa, a primeira coalizão de empresas voltada para a redução de desperdício de alimentos. A gente discute a temática da doação de alimentos, como pode aumentar a eficiência desses processos." 

O próximo passo é conversar com o parlamento, com o Ministério do Desenvolvimento, e discutir estímulos à doação de alimentos, inclusive melhoria de incentivos fiscais. "O alimento que é jogado fora é considerado perda de produção, não incide ICMS. A doação paga o ICMS. É isso que a gente precisa mudar, entre outros exemplos", diz Alcione, sempre na frente de batalha. "É uma grande missão de vida e poder contribuir é muito gratificante", resume. 

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