O útero é um importante órgão do sistema reprodutor feminino, responsável por abrigar o feto ao longo do período de gestação. O órgão, porém, pode ser afetado por complicações durante ao longo do tempo, como é o caso do aparecimento de miomas, como são chamados os tumores benignos que crescem nos tecidos uterinos, além de outras complicações. A depender do caso, pode ser indicada a realização de uma histerectomia, procedimento de retirada do útero que demanda diversos cuidados de saúde e também multidisciplinares, uma vez que a cirurgia pode levar muitas mulheres a sofrerem com preconceitos e estigmas.
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“A histerectomia deve ser indicada com muito zelo e precisa vir acompanhada de um trabalho de uma equipe psicológica. O útero é um órgão que retrata feminilidade e reprodução e, por conta disso, a paciente precisa se sentir acolhida e ter a certeza de que esse procedimento foi o melhor tratamento proposto”, explica Luana Ariadne Ferreira Correa Gomes, ginecologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.
A histerectomia pode ser realizada via vaginal ou abdominal e pode ser parcial, com a remoção do corpo uterino e preservação do colo (os ovários e tubas podem ou não ser removidos); total, com a remoção de todo o útero, incluindo o colo (os ovários e tubas podem ou não ser removidos); e radical, com a remoção e todo o útero, incluindo colo uterino e tecido de ambos os lados do colo do útero.
Luana Gomes explica que o aparecimento dos miomas está entre as principais causas que levam à indicação para a realização desse procedimento. “Os miomas podem levar a irregularidade menstrual, dificuldade para engravidar, aumento do volume abdominal e até mesmo cursar com ciclos menstruais tão aumentados que causem hemorragias. Tal fato podendo ocasionar grandes perdas sanguíneas, cursando com quadros de anemia”, detalha a médica.
Os miomas não são as únicas causas. Outras indicações da cirurgia podem se dar por doenças pré-malignas ou malignas, inclusive podendo estar associados a quimioterapia e radioterapia, além de sangramentos uterinos irregulares causados por alterações hormonais, focos infecciosos, cânceres ou miomas. Entre essas alterações podem estar a lesão intraepitelial de baixo e alto grau são causadas pelo vírus HPV após ato sexual. As principais causas, porém, estão ligadas a fatores genéticos (hereditariedade), fatores hormonais ou de crescimento.
Cuidados necessários
A ginecologista ressalta que diversos cuidados devem ser tomados pelas pacientes para a avaliação do quadro clínico geral, como a realização de exames pré-operatórios, como hemograma, coagulograma, urina, urocultura, avaliação da função renal e hepática, além de exames de raio-X de tórax e eletrocardiograma.
O médico responsável pelo procedimento decidirá as particularidades do procedimento como o tipo de histerectomia e a realização via abdominal ou vaginal a depender da avaliação clínica do paciente e limitação em relação a cada tipo de procedimento. “Há também a indicação de se fazer uma videolaparoscopia, o que é mais moderno e com uma recuperação mais tranquila para a paciente, uma vez que são feitas incisões menores em região abdominal. Dessa forma, há menor manipulação e ausência de exposição dos órgãos, além de menor tempo cirúrgico e melhor resposta do organismo ao procedimento”, analisa Luana.
Após a cirurgia, diversos cuidados devem ser tomados, como repouso, boa higiene local, ingestão de líquido, não carregar peso, evitar relações sexuais, evitar bebidas alcoólicas e realizar uma dieta equilibrada. Os cuidados se dão em média de 30 a 45 dias após o procedimento, mas podem se estender por até três meses a depender do caso.
Outros tratamentos
A histerectomia pode não ser a única opção de tratamento para o caso de aparecimento de miomas uterinos. “Pacientes que apresentam diagnóstico de miomas de grande volume e que não tiveram gestação em decorrência dos miomas, serão avaliadas em relação ao tamanho, número e localização dos miomas. Algumas mulheres poderão passar por um procedimento como a miomectomia, que consiste na retirada somente dos miomas e preservação do corpo uterino, para que ela possa continuar a ter chances de engravidar”, destaca a médica.
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Luana ainda explica que outro método inovador é a embolização uterina, uma técnica que consiste em realizar um pequeno furo (de 2mm) para a inserção de cateteres que vão injetar partículas que promovem a oclusão da artéria que supre o tumor de sangue, o que causa a diminuição ou até mesmo desaparecimento do tecido miomatoso. O procedimento é indicado para miomas encontrados na musculatura (uterino miométrico).
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