Mulheres negras sentem maior impacto da desigualdade de gênero

Seja no mercado de trabalho ou no empreendedorismo. Dados fazem parte de um estudo global sobre Equidade de Gênero realizado pela Avon

Mulheres negras são as que sentem maior impacto de desigualdade de gênero no mercado de trabalho e no empreendedorismo
Foto: Pixabay
Mulheres negras são as que sentem maior impacto de desigualdade de gênero no mercado de trabalho e no empreendedorismo

Em março, conhecido como o Mês da Mulher – período histórico dedicado à conscientização da sociedade sobre a luta feminina em prol de direitos fundamentais – também se celebra o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial (21). Uma pesquisa realizada pela Avon Global sobre Equidade de Gênero em fevereiro deste ano – em oito países, incluindo o Brasil – revela, no entanto, que ainda estamos longe de um ideal de sociedade menos desigual para população feminina, especialmente em relação a oportunidades no mercado de trabalho e no empreendedorismo para mulheres negras.

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De acordo com o estudo, 46% das brasileiras acreditam que é mais desafiador para elas construírem uma carreira em comparação aos homens, enquanto 49% percebem mais obstáculos para começarem um negócio. Se forem negras, esses números sobem para 58% e 61%, respectivamente.

As mulheres pretas também consideram mais difícil, em relação à população masculina, conseguirem um emprego (54%), alcançarem uma posição de liderança em uma companhia (68%), serem promovidas (66%), obterem um aumento (71%), alcançarem a independência financeira (50%) e terem mais flexibilidade no trabalho (51%). Além disso, acreditam que a desigualdade de gênero está mais presente, principalmente, na disparidade salarial entre homens e mulheres (64%) e em oportunidades de trabalho que permitem conciliar profissão, maternidade e responsabilidades domésticas (59%).

A percepção da população feminina negra condiz com a realidade do país. Segundo um levantamento divulgado, em 2022, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), elas possuem um rendimento médio 46,3% menor que um homem branco. Além disso, dados do relatório Diversidade, Representatividade e Percepção do Censo Multissetorial 2022 da Gestão Kairós, apenas 8,9% do quadro funcional das empresas são formados por mulheres negras. Em cargos de gerência e direção, este número cai para 3%.

Para contribuir com a mudança dessa realidade, a Avon investe na ampliação da equidade étnico-racial dentro de fora da companhia. Além de ter estabelecido, por meio de seu Compromisso Antirracista, uma meta de 30% de mulheres negras em posição de liderança até 2030, a marca criou o Projeto DIVA, que possui uma série de iniciativas voltadas para a atração, retenção e desenvolvimento de profissionais negras. 

O empreendedorismo também pode ser uma alternativa, especialmente diante de um cenário em que, segundo o levantamento realizado pela multinacional de cosméticos, 87% das entrevistadas negras gostariam de ter uma renda maior, seja através do atual trabalho ou de um negócio próprio, e 84% desejam mais flexibilidade no emprego. Entretanto, encontraram barreiras como falta de capital inicial (57%), medo de falhar (36%) e falta de conhecimento sobre o mercado (36%).

Neste contexto, a venda por relacionamento destaca-se como oportunidade democrática para aquelas que desejam se tornar empreendedoras de maneira acessível. De acordo com dados de 2021 da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), 57,8% dos empreendedores do setor no Brasil são mulheres. A Avon, que gera oportunidade de renda para 1,3 milhões de Representantes de Beleza no país por meio deste modelo de negócio, possui uma força de vendas formada, em 95%, por mulheres – sendo 61% autodeclaradas negras – e oferece uma série de facilidades para sua rede de empreendedoras, como ferramentas digitais para gerenciar negócios, treinamentos, programa de fidelidade exclusivo e benefícios em saúde e em educação.

 Perfil de empreendedorismo das Representantes da Beleza

Simone de Almeida Barreto tem 52 anos, é moradora da região da Brasilândia, em São Paulo, e é Representante de Beleza Avon há seis anos. Sempre teve o sonho de empreender, mas só decidiu torná-lo realidade após ficar desempregada. Escolheu começar pela venda por relacionamento devido ao seu ótimo custo-benefício e, atualmente, tem sua própria loja de revenda de produtos pronta-entrega.

Ela conta que a atividade melhorou sua qualidade de vida e a permitiu equilibrar atividades profissionais, pessoais e de lazer com mais facilidade e flexibilidade. “O empreendedorismo me proporcionou o que o mercado de trabalho não conseguiu. Trabalho perto da minha casa, durante meio período. Posso administrar meus próprios horários, programar folgas e férias. Também consegui conquistar objetivos, como a compra de um sítio em Minas Gerais e a construção da minha casa graças à renda que obtive como empreendedora. Sinto que sou a melhor versão de mim mesma atualmente. Sou muito mais feliz, independente e busco aproveitar mais a vida.”.

Moradora do bairro do Curuzu, em Salvador, Tamires Gomes também é Representante da Beleza da marca há 10 anos. Começou aos 24 anos para ter renda própria após sair de um estágio e até hoje todo o seu sustento advém das vendas de produtos Avon. A soteropolitana de 34 anos reconhece na marca um vetor para a independência financeira de mulheres negras como ela, que tem tantas vezes as portas fechas no mercado de trabalho formal.

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“Ao longo desses anos, fiz outros cursos profissionalizantes para ter a carteira assinada, mas para mulheres como eu, é algo quase inacessível apesar de todos os esforços. Contar com a Avon para levar a vida adiante, trabalhando para mim mesma e recebendo por isso, é o que dá sentido a minha possibilidade de existir sem depender de ninguém”, registra Tamires, que é filha e neta de Representantes da Beleza da marca.

A pesquisa

Para o levantamento, intitulado The Global Progress for Women Report, foram entrevistadas mais de 7 mil mulheres de oito países – Reino Unido, Polônia, Romênia, Itália, África do Sul, Turquia, Filipinas e Brasil (este último contou com a parceria da Red Consultancy para aplicar o questionário). No território brasileiro foram ouvidas 1.026 mulheres em todas as regiões do país e o resultado contempla critérios como estado, escolaridade, renda, faixa-etária, étnico-racial e condições de emprego. Localmente, o estudo teve curadoria e acompanhamento da Coordenação de Pesquisa e Impacto do Instituto Avon, braço social da marca no país.