Formada em enfermagem, Mariana Siqueira atuou por 11 anos como enfermeira neonatal e pediátrica em Belo Horizonte, Minas Gerais. Porém, com o nascimento do filho, em 2006, ela percebeu que não estava mais tão feliz com a carreira e que não seria fácil lidar com a maternidade e o trabalho ao mesmo tempo.
A mineira tentou levar a dupla jornada por três anos até que, em 2009, recebeu uma proposta para trabalhar na empresa de engenharia civil da família. Na época, o pai dela procurava alguém para ser gerente administrativo. Podendo assumir o posto em meio período, Mari decidiu aceitar a proposta e, para isso, também ingressou em uma pós-graduação em administração de empresas.
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Desde criança, a fotografia sempre esteve presente na vida de Mari Siqueira, e ela sempre gostou de registrar os momentos que vivia. Trabalhando apenas meio período, ela passou a ter mais tempo para se dedicar às fotos, ainda amadoras. Foi só em 2013 que conseguiu tornar o hobby uma profissão.
Tudo começou quando a mineira presenteou o afilhado com um álbum de fotos de aniversário de um ano. "A minha cunhada, mãe do meu afilhado, é advogada e levou esse álbum para o escritório em que ela trabalhava. Uma colega dela ia casar no ano seguinte, gostou das fotos e perguntou: ‘Será que ela não fotografa o meu casamento?’. Ela insistiu tanto que eu pedi para a minha cunhada marcar um café na casa dela para a gente conversar", conta Mari.
"Pedi para ela levar fotos que ela achava bonitas e queria como referência para o casamento dela. Na hora que ela me mostrou, eu falei: 'Isso aqui eu faço com os pés nas costas'. Eu tinha noção de que eu conseguiria fazer aquilo ali. Ainda perguntei: 'É isso mesmo que você quer?'. Ela disse que sim. O casamento seria de dia, não ia precisar usar luz, então eu aceitei", complementa.
A noiva pediu um orçamento e Mariana acabou cobrando apenas o valor para conseguir comprar um equipamento melhor, para que as fotos ficassem mais profissionais. Fez um curso de um final de semana para aprender a mexer na câmera para fotografar no manual. E em abril de 2013, fez o seu primeiro trabalho oficial como fotógrafa.
Depois do casamento, ela começou a se arriscar ainda mais na fotografia profissional e foi aprendendo, por conta própria, sobre a área. Pediu para que uma amiga montasse seu portfólio e enviou para sua lista de contatos. Foi aí que algumas pessoas passaram a procurá-la, interessadas no seu trabalho. Com o portfólio mais completo, Mari fez alguns cursos de edição e de luzes.
"Eu comecei a ficar mais conhecida em BH, principalmente com o trabalho de newborn [recém-nascidos], até mesmo por ter sido enfermeira neonatal, então eu tinha facilidade para lidar com os bebês", afirma.
Em 2015, a mineira foi convidada a dar uma palestra no Rio de Janeiro para falar sobre a carreira e como conseguiu crescer de forma tão rápida. No ano seguinte, percebeu que os trabalhos com a fotografia estavam crescendo e até mesmo atrapalhando o cargo de gerente administrativa, por isso, tomou a decisão de seguir somente como fotógrafa.
Hoje Mari Siqueira diz que foi mais fácil lidar com a maternidade e a fotografia ao mesmo tempo. "Eu e meu marido temos apenas um filho, e durante uma época ele queria ter outro e eu nunca quis. Eu estava realizadíssima como mãe. Um tempo atrás, ele virou para mim e brincou: 'Eu não tive um segundo filho, mas você teve. Seu segundo filho foi a fotografia'. Eu achei extremamente real. Meu filho já estava maior, já me demandava infinitamente menos do que um bebê e eu pude mergulhar na fotografia como se fosse realmente meu segundo filho".
Depois do casamento que fotografou em 2013, ela ainda fotografou outros três, até que percebeu que não se sentia confortável o suficiente para fotografar eventos. "Mas eu tinha uma segurança muito grande em outras áreas, que eram as áreas que eu dominava: lidar com bebês, com crianças, com família. Eu fazia isso na enfermagem. Na época, a fotografia newborn era muito recente no Brasil, então eu consegui me destacar na área. Mas hoje eu me denomino como fotógrafa de família, e não como fotógrafa de recém-nascidos".
Com a carreira consolidada, ela começou a ser convidada para palestrar em outros eventos pelo país. Antes da pandemia, em 2019, chegou até a dar uma palestra em Portugal.
Além disso, desde 2018, Mari é diretora na Associação Brasileira de Fotografia de Recém-Nascidos (ABFRN). Nos congressos, ainda conheceu a Alboom, startup de soluções online para fotógrafos e artistas visuais, com a qual passou a trabalhar.
Atualmente, Mari Siqueira realiza mais de 300 ensaios por ano e conquistou um faturamento de cerca de R$ 400 mil anuais.
Questionada se acredita que os estudos em enfermagem e administração auxiliaram na carreira como fotógrafa, ela respondeu: "Demais. A faculdade de enfermagem me ajudou na parte de relacionamento com as famílias, de manipulação dos bebês, preparar as poses, saber o que o recém-nascido precisa. Já a pós em administração me ajudou imensamente nos negócios. Desde o início, eu tenho meus controles financeiros, não faço nenhum trabalho sem contrato. Então, me ajudaram bastante".
** Gabrielle Gonçalves é repórter do iG Delas, editoria de Moda e Comportamento do Portal iG. Anteriormente, foi estagiária do Brasil Econômico, editoria de Economia. É jornalista em formação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).