Especialista reflete sobre a representatividade do cabelo afro e dá dicas de como cuidar

Docente do Senac fala sobre cultura, ancestralidade e resistência da cultura preta e lista cuidados com tranças afro, black power e dreadlocks

Resgate à identidade, ancestralidade, cultura e empoderamento

A função do cabelo é proteger o couro cabeludo da radiação solar, mas para a cultura negra, o penteado é um resgate à identidade, ancestralidade, cultura e empoderamento. Na África antiga, o corte e os adereços nos cabelos representavam as etnias, religiões e até o status social, mas, durante a travessia nos navios negreiros, os escravizados tinham os cabelos raspados em um processo de subjugação e apagamento histórico.

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Docente fala sobre o contexto histórico e social e a representatividade dos diferentes tipos de penteados da cultura preta

“Os penteados africanos funcionavam como territórios livres, dinâmicos e ancestrais, transitando verdadeiros documentos. Eles sinalizavam a origem, posição social, estado civil, religião e tantas outras informações que eram rapidamente identificadas e legitimadas entre os comuns”, conta Gabriel Simplício, docente da área da beleza do Senac São Paulo.

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Tranças afro

Existem diferentes estilos de trança afro como, por exemplo: tranças box braids e tranças twist, que são soltas e oferecem maior volume e comprimento. Porém, a mais popular é a trança nagô, que no período da escravidão foi usada pelos escravizados como mapas para desenhar rotas de fuga até os quilombos. Além disso, os escravizados guardavam sementes nas tranças para o plantio de verduras e legumes nas senzalas.

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Como cuidar das tranças

Para manter o trançado, use shampoo, alternando entre o convencional e o anticaspa. Lave as tranças sempre no período da manhã para secar durante o dia e nunca durma com as tranças molhadas. A durabilidade das tranças depende do modelo escolhido, mas, em geral, as enraizadas duram duas semanas, e a solta, cerca de um mês e meio.

Dziana Hasanbekava

Black Power

O estilo black power como conhecemos atualmente ganhou destaque nos Estados Unidos na década de 1960 como uma forma dos pretos americanos expressarem orgulho da beleza negra, poder, força e resistência. O cabelo black power também virou símbolo dos Panteras Negras, um movimento que defendia a resistência contra a perseguição policial no país e os direitos civis. O cabelo crespo natural foi reforçado como ícone da identidade e cultura.

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Como cuidar do cabelo black

Atualmente encontramos diversos produtos para manter a higienização e o penteados. O instrumento mais importante para quem tem o cabelo black power é o pente ancestral, chamado de pente garfo.

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Dreadlocks

Apesar de terem sido popularizados pelo cantor Bob Marley, os dreadlocks não surgiram na Jamaica. Registros apontam que o estilo foi usado tanto na África, em comunidades da Namíbia e Angola, quanto na Índia. Na cultura Rastafari, não cortar os dreads é um tributo a Deus, pois o crescimento natural dos cabelos é um preceito. Outra inspiração para o cultivo dos dreads é Sansão, herói bíblico tido como um nazareno que usava o penteado.

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Como cuidar do dread

Faça manutenção regular para apertar, ajustar, remodelar a partir dos novos cabelos que crescem. Existem diferentes estilos de dreads como: dread de cera, dread agulha, dread linha e dread removível. Para a manutenção do dread de cera, por exemplo, o ideal é reaplicar a cera na raiz, onde estiver crescendo o cabelo, mantendo o dread existente no comprimento.

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Careca

Na época da escravidão, raspar os cabelos dos negros era um ato de apagamento histórico e opressor. Porém, a cabeça raspada faz parte da estética africana ancestral, sobretudo como rito de passagem, renovação, ocupando um novo papel social em cerimônias religiosas.

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Destaque nos anos 1990

Aqui no Brasil, o cabelo raspado, muitas vezes, é encarado como um corte prático e acessível às famílias pobres, mas, na década de 90, o corte ganhou destaque com os jogadores da NBA, jogadores de futebol e a geração do pagode 90.

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