Isadora Satie, de 28 anos, também conhecida como JapoNega, chama a atenção no mundo da moda devido à sua beleza única vinda da miscigenação negra e amarela. Apesar de nunca ter almejado seguir carreira na moda, ela acabou entrando nessa área após ajudar uma amiga em um ensaio fotográfico. Agora ela modela para nomes importantes como a Vogue Brasil e Portugal, além de desfilar na São Paulo Fashion Week.
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Em nossa conversa, JapoNega se abre sobre a sua experiência de ser uma pessoa que carrega duas identidades raciais e a importância de uma representatividade na moda, que considera a diversidade e a beleza da mulher brasileira. "Meu desejo é que mulheres pretas, amarelas e com corpos "não-padrão" estejam cada vez mais na mídia".
IG Delas: Você já sentiu, em alguma fase da sua vida, uma crise de identidade por ser tanto uma mulher amarela como negra?
JapoNega: Sim, senti assim, muito pelos comentários de outras pessoas sobre o que eu era ou não era. Muitas vezes, pessoas me perguntam o que sou. Eu respondo e contextualizo com as origens diferentes da minha mãe e do meu pai, mas não são todas as pessoas que me veem pertencente às duas etnias. Hoje, eu me aproprio muito mais do que sou e me imponho quando é necessário, mas antigamente eu ficava triste, porque me sentia em um "não-lugar". Sentia que eu não era nem uma coisa, nem outra. Sentia que eu também não tinha o lugar de fala que hoje sei que tenho.
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IG Delas: Você precisou passar por um processo de encontrar a sua própria identidade?
JapoNega: Sim. Uma coisa que me ajudou foi conhecer outras pessoas com a mesma mistura que eu. Eu conheci muitas delas pelo Facebook e pelo Instagram, e descobri que existem muitas pessoas como eu. Conversando com elas, me senti abraçada, até porque passamos por processos bem parecidos em relação à identidade. Encontrar pessoas como eu, fez com que eu me encontrasse.
IG Delas: Já se incomodou com o apelido JapoNega?
JapoNega: Na verdade, não. Minha família que acabou me dando esse apelido, de maneira carinhosa mesmo, e isso me ajudou muito a lembrar sempre que sou essa mistura, 50% de cada etnia.
IG Delas: Qual é a importância da representatividade para você? Você já se sentiu impactada pela falta de representatividade?
JapoNega: Muitas vezes e eu ainda me sinto impactada pela falta de representatividade. As pessoas mais representadas ainda são brancas, ainda são magras, mas eu sou consciente de que as coisas estão mudando e fazer parte disso tem sido extremamente importante para mim, porque me sinto mais ativa nessa causa. Meu desejo é que mulheres pretas, amarelas, e com corpos "não-padrão" estejam cada vez mais na mídia.