Você sabe o que é etarismo? O termo refere-se à discriminação contra pessoas mais velhas e costuma afetar principalmente a faixa etária acima dos 40 anos e em especial as mulheres.
Este é um dos problemas enfrentados por profissionais mais experientes quando precisam migrar de carreira ou se reinserirem no mercado de trabalho, por exemplo.
Para Gisele Miranda, mentora de Carreira & Liderança, a ideia de que profissionais mais jovens estão mais preparados para lidar com as mudanças no mercado de trabalho, além de ultrapassada, é prejudicial - tanto para os profissionais quanto para as empresas.
"Proatividade, curiosidade e outras características valorizadas pelo mercado de trabalho não dependem de idade, e sim, do perfil de cada pessoa. A idade não define, de forma nenhuma, o que um indivíduo é, nem aquilo que ele é capaz de desempenhar no ambiente de trabalho”, avalia a especialista.
A expectativa de vida média, atualmente, é de 75 anos. No entanto, é comum ver pessoas com mais de 50 anos buscando trabalho - até mesmo aposentados - seja pela necessidade de uma renda extra ou a vontade em se manter produtivo.
"Hoje vive-se mais, entretanto, mesmo sob essa revolução da longevidade, as empresas geralmente optam pela contratação de jovens e rejeitam os mais velhos. O preconceito faz com que os 50+ tenham dificuldade em se manterem ou se recolocarem no mercado de trabalho", analisa.
A especialista também afirma que profissionais mais velhos são mais capazes de lidar com questões como inteligência emocional e gestão de crises.
"Não devemos ver os profissionais sênior como 'peças antigas' a serem descartadas - pelo contrário. Eles possuem qualidades que complementam o entusiasmo dos mais jovens e, por isso, o ideal é equilibrar o time entre colaboradores júnior e sênior”, diz.
Pensando em combater o estereótipo em relação aos 50+, Gisele listou 5 motivos para as organizações darem oportunidade a esses profissionais:
1- Diversidade
Hoje a diversidade é um aspecto muito valorizado no mundo corporativo, e é praticamente impossível uma organização ser bem-sucedida se não tiver um ambiente diverso.
"O que de fato faz uma empresa crescer, tanto no meio econômico quanto no social, é a diversidade, que possibilita diferentes pontos de vista, de pessoas com origens e valores diferentes entre si", explica Gisele.
Dessa forma quando uma instituição promove a contratação de profissionais maduros, está dando um passo a favor da diversidade.
"Isso beneficia não somente o colaborador como a empresa como um todo, que passa a estar mais alinhada à realidade corporativa de hoje, cada vez mais voltada para a inclusão", diz a mentora.
2- Experiência e conhecimento
Por terem mais vivência e terem passado por situações desgastantes, os profissionais mais maduros tendem a ter uma visão mais macro e "jogo de cintura".
"Por serem mais velhos, costumam ter mais habilidade para lidar com momentos de crise de um modo mais leve [...] Os 50+ carregam consigo antigas experiências que servem de lição para as novas, e dessa forma conseguem avaliar o que fazer e o que não fazer no trabalho", resume.
3- Exemplo para os mais jovens
Não é novidade que o conhecimento é passado de geração em geração. Em relação ao trabalho, não é diferente.
"A troca entre jovens e mais velhos pode ser frutífera para a empresa, pois um aprende com o outro", afirma Gisele.
Dessa maneira, de acordo com a especialista, há apenas benefícios nessa relação que, a partir da troca de ideias, pode transformar e melhorar qualquer ambiente: "a união entre o passado e o presente é o que faz o futuro".
4- Marketing empresarial
Empresas inclusivas ganham cada vez mais proeminência no mercado, pois o mundo está cada dia mais consciente em relação à importância de combater preconceitos. Por isso, incluir profissionais maduros e defender a contratação dessas pessoas pelo mercado pode também auxiliar na estratégia de marketing.
"É possível, nesse caso, juntar o útil ao agradável. No entanto, é fundamental que a empresa esteja de fato engajada com essa causa e promovendo realmente a inclusão, inclusive dos 50+. É preciso ter embasamento, caso contrário, querer trabalhar esse tipo de marketing será um tiro no pé", pondera Gisele.
5- Turnover mais baixo
Jovens costumam ter pouca experiência e são mais inclinados a se arriscarem e testarem diferentes empresas, ou até mesmo carreiras, experimentando opções em busca do autoconhecimento e uma melhor definição de qual rumo tomar.
Em contrapartida, profissionais maduros estão mais consolidados em suas carreiras e tendem menos a essas "mudanças de rota". Desse modo, é mais difícil que se demitam ou que deixem a empresa, pois muitos já descobriram o que os satisfazem.
"Isso não é uma regra, nunca é tarde para mudar, aliás, quem pensar dessa forma estará praticando etarismo contra si mesmo. Mas é a realidade é que na maioria dos casos os mais jovens - como por exemplo estagiários - ainda estão tentando descobrir o que querem fazer da vida, e a chance de rotatividade e troca constante de funcionários é maior”, finaliza a especialista.