A frase "Lugar de mulher é onde ela quiser" já faz parte da reivindicação de mulheres ao redor do mundo por trabalho, para atuar em diversos campos profissionais com igualdade de oportunidades e salários . Trata-se também de uma reivindicação pelo reconhecimento do trabalho feminino. Afinal, estamos em toda parte, principalmente na ciência.
Atualmente, 54% dos estudantes de doutorado e 43,7% dos pesquisadores no Brasil são mulheres. Mesmo assim, os cargos de chefia na área seguem dominados por homens: apenas 21% das coordenações de programas de pós-graduação brasileiros são do sexo feminino.
Conforme mostramos na retrospectiva do ano passado, mulheres de várias áreas, sobretudo cientistas, tiveram papel fundamental no combate à pandemia da Covid-19
. Apesar de enfrentar falta de investimentos em pesquisa e do negacionismo científico, as mulheres na ciência de ontem e hoje nos lembram que a contribuição das mulheres tem sido fundamental para dar forma ao mundo em que vivemos hoje.
Conheça a seguir algumas mulheres que fizeram história e que servem de inspiração para jovens mulheres no Brasil e no mundo.
Ada Lovelace
Augusta Ada Byron King fez história ao ser - agora - reconhecida como a primeira programadora de computadores. A condessa de Lovelace foi uma matemática e escritora inglesa. Ela viveu entre 1815 a 1852, quando a realidade feminina era bem diferente da atual.
Por ser de família nobre, ela teve alguns privilégios e foi mentorada por Charles Babbage, cientista que criou a computação programável. Ela desenvolveu um estudo sobre a máquina analítica de Babbage que foi considerado o primeiro algoritmo para computação no mundo.
Marie Curie
Uma das cientistas mais importantes da história, Marie Curie foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Física e Química. Ela segue sendo a única mulher a ter ganhado um Nobel duas vezes e em áreas diferentes.
A cientista descobriu os elementos químicos Rádio e Polônio e fez as primeiras pesquisas sobre a radioatividade, o que possibilitou uma revolução nos diagnósticos médicos (por meio dos exames de radiografia) e no tratamento de doenças como o câncer (por meio da radioterapia).
Marie também foi a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Paris. Você pode conhecer um pouco mais da vida desta mulher brilhante no filme “Radioactive”, lançado em agosto do ano passado.
Katherine Johnson
A matemática estadunidense se formou na universidade aos 18 anos! Ela foi essencial para a NASA e fazia cálculos para o lançamento de sondas e foguetes. Sabe a missão Apolo 11, com o primeiro ser humano a pisar na Lua? A participação de Katherine foi fundamental para que ela acontecesse.
Ela faleceu em 2020, aos 101 anos. Em 2019, parte da trajetória da matemática foi retratada no filme “Estrelas Além do Tempo”. A cientista enfrentou diversos desafios, especialmente por ser uma negra mulher durante a época em que ainda vigorava o regime de segregação racial nos Estados Unidos.
Chien-Shiung Wu
Nascida na China, a cientista foi chamada de "Primeira Dama da Física". Nos Estados Unidos, trabalhou como professora nas Universidades de Princeton e Columbia. O que ela fez de tão importante? Bom, pra começar ela foi uma das responsáveis por reescrever a história da física nuclear com o que ficou conhecido como Experimento de Wu, que revolucionou as pesquisas da área a partir dos anos 50.
Ainda hoje, a indignação ainda é grande por Wu não ter ganhado o Nobel de 1957, pelas Leis da Paridade, junto de seus colegas Tsung-Dao Lee e Chen-Ning Yang. Entretanto, ela recebeu outras homenagens que visam reparar essa injustiça histórica. Em 1990 um asteroide foi batizado com seu nome, o 2752 Wu Chien-Shiung. Além disso, o Serviço Postal dos Estados Unidos anunciou que irá criar um selo comemorativo com seu rosto, homenagem dada somente a cientistas de alto calibre, como Albert Einstein.
Sonia Guimarães
A cientista de 63 anos foi a primeira mulher negra brasileira a lecionar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Especialista em física aplicada, ela é também ativista antirracista e contra a discriminação de gênero. Graduada em Ciências, fez mestrado em Física Aplicada, especializou-se em Química e Tecnologia dos Materiais e dos Componentes e fez doutorado no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester. A cientista também é mantenedora da Faculdade Zumbi dos Palmares.
Ester Sabino
A pesquisadora e diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP coordenou o sequenciamento genético da Covid-19 em 48 horas! A imunologista é formada pela USP e foi essencial na saga de descoberta do genoma do vírus.
Em 15 de março deste ano, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) lançaram o Prêmio Ester Sabino para Mulheres Cientistas do Estado de São Paulo. Em uma entrevista ao canal Desenvolvimento SP, a imunologista disse que todos precisamos de mais mulheres na ciência e em postos de liderança.