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Doença atinge um terço das brasileiras e pode levar a fraturas e até à morte. Veja como se proteger dela

Amamentação e exposição moderada ao sol são duas formas de prevenir a osteoposose desde cedo
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Amamentação e exposição moderada ao sol são duas formas de prevenir a osteoposose desde cedo
A osteoporose , doença que atinge 20 milhões de mulheres no País, não é uma condição inerente à velhice e nem deve ser encarada como tal. A fragilidade extrema dos ossos pode ser evitada com atitudes simples que devem começar desde o início da vida, com a amamentação adequada.

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“É essencial mostrar a importância de uma vida saudável desde a infância”, afirma Suely Roitman, presidente da Federação Nacional de Associações de Pacientes e de Combate à Osteoporose (Fenapco).

“Hoje recebemos ligações de mães desesperadas porque, ao levarem seus filhos ao dentista, o profissional alerta para a perda de massa óssea ainda na infância”, relata.

Nas mulheres, a menopausa é um grande marco quando se trata de osteoporose. As alterações hormonais inerentes a esse período levam a uma perda de 5% de massa óssea por ano. Um terço das mulheres acima dos 50 anos tem a doença, segundo o Estudo Brasileiro de Osteoporose (Brazos). Evitar esse quadro, no entanto, é possível.

A Sociedade Brasileira de Densiometria Óssea lançou esta semana a campanha Seja Firme e Forte , a fim de alertar a população sobre os riscos da doença e esclarecer sobre as formas de prevenção. A ideia é incentivar mulheres jovens a adotar novos hábitos para impedir o desenvolvimento da osteoporose.

“Diagnóstico precoce e tratamento eficaz são fundamentais para evitar fraturas ocasionadas pela fragilidade dos ossos”, diz Sergio Ragi, ortopedista e pesquisador da Universidade federal do Espírito Santo (UFES). Atualmente, 75% dos diagnósticos são feitos apenas após a primeira queda.

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Alimentação saudável, exercícios físicos e exposição moderara ao sol são as três principais armas contra a doença. “Parece ladainha de médico, mas os ossos são extremamente sensíveis a esses fatores”, reforça Camargos.

“A estratégia deve ser multifatorial, assim como é a doença”, completa Marcelo de Medeiros Pinheiro, reumatologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A dieta das brasileiras está longe de ser exemplar, quando o assunto é a ingestão adequada de cálcio. A cada 10 mulheres, nove não consomem a quantidade diária indicada para manter a saúde dos ossos. A média nacional é de 400mg de cálcio/dia, e a recomendação do Ministério da Saúde é de 1000mg.

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Os alimentos lácteos como leite, queijos e iogurtes são hoje as melhores fontes desse mineral. Vegetais de cor verde escura – brócolis, espinafre e repolho, por exemplo – também são ricos nessa substância, assim como algumas frutas (laranja e o figo) e a soja. O consumo de sal em excesso, alimentos industrializados e cafeína prejudica a absorção desse nutriente no organismo e, portanto, é prejudicial.

A atividade física é outro fator essencial. O sedentarismo aumenta em 6% o risco de estar no grupo dos pacientes com osteoporose, alerta Ragi. Os exercícios mais indicados, aconselha Pinheiro, são os de impacto e de resistência como caminhada, musculação e dança. Eles auxiliam na absorção de vitamina D. Não são indicados exercícios dentro da água ou treinos extenuantes.

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Mas para que alimentação e exercício possam ser eficientes, é preciso também garantir a exposição ao sol, sem protetor solar, por pelo menos 15 minutos ao dia, no período que vai até as 10h ou depois das 16h. Pelo menos 50% da população idosa é deficiente em vitamina D, alerta o ortopedista. “A medida que vamos envelhecendo, vai diminuindo a capacidade de produzirmos a vitamina D, por isso a suplementação é importante”, afirma Ragi.

Fatores de risco

Existem outros fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose que podem ser evitados. Entre os que podem ser modificados, estão o tabagismo e o consumo de álcool (além de três doses diárias) e o uso de corticoides.

Aspectos como fraturas prévias e histórico familiar também são de fundamental importância e devem ser informados ao médico. “A população continua sendo diagnosticada pelo ortopedista, depois da fratura. Queremos que o diagnóstico seja feito pelo ginecologista, que pode prevenir o aparecimento da doença”, afirma Bruno Muzzi, presidente da Sociedade Brasileira de Densitometria Óssea (SBDens).

No Brasil, são 2,4 milhões de fraturas decorrentes da osteoporose por ano. As mais perigosas e cujo índice de mortalidade é de 28% são as fraturas de quadril. Em todo o mundo são aproximadamente 1,6 milhões de fraturas de quadril acontecem por ano. Se o panorama não mudar, em 2050, esse número pode atingir 6,3 milhões, alerta a SBDens.

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