Tradicionalmente associada ao estilo industrial, a serralheria tem quebrado barreiras, principalmente como tendência que se efetivou a partir do uso hábil e criativo do metal que, por sua vez, tem conquistado novos significados dentro da arquitetura de interiores.
No entanto, como tudo em excesso gera prejuízo, as arquitetas Ieda e Carina Korman, do escritório Korman Arquitetos, asseguram que, para endossar o seu potencial nos projetos, é preciso garantir que ela seja empregada de forma eficaz e esteticamente agradável.
“A utilização inadequada da serralheria resulta em uma série de problemas e desafios que vão desde as questões estéticas, de segurança e funcionalidade. É preciso pensar em soluções inteligentes que adequem o material ao estilo da residência, dimensionar corretamente e atender aos requisitos que protegem os usuários”, explicam as arquitetas.
Uso da serralheria ao longo do tempo
A serralheria é um elemento que evoluiu gradualmente ao longo dos anos até o reconhecimento firmado na atualidade. Desde o século XIX, na Era Vitoriana, o material já era visto tanto em casas quanto em castelos europeus e peças de mobiliário com intrincados desenhos de ferro forjado. Mais tarde, quando nasceu a arquitetura Art Nouveau , a serralheria tornou-se parte do movimento artístico e se fez presente em portões, grades e luminárias projetadas com padrões florais e linhas sinuosas.
Mas a sua principal fama ficou marcada no século XX, quando fábricas e armazéns foram transformados em residências que apresentavam elementos de serralheria como dutos de ar, estruturas metálicas aparentes e móveis com uma aparência ‘rústica’ de metal e madeira em seu interior. Batizado de estilo industrial, essa estética ganhou o apreço de muitos por conta de sua estética e funcionalidade.
Hoje, Carina Korman conta que ele segue imponente na arquitetura contemporânea. “Seu design diferenciado é visto em corrimãos, móveis, luminárias, prateleiras, portas de correr e até divisórias. Essas aplicações modernas se sobressaem pela inovação e criatividade que ele nos propícia”, afirma.
Versatilidade da serralheria
Sua flexibilidade é uma característica notável em função da capacidade de atender uma ampla gama de estilos, funções e necessidades – não apenas para ambientes internos , como externos. “Combinamos a serralheria como uma gama de materiais como vidro, madeira e concreto, criando um contraste visual interessante que concede uma integração harmoniosa em ambientes diversos. Ele pode ser moldado para oferecer linhas simples e elegantes para projetos modernos e minimalistas ou ornamentos intrincados que complementam aspectos mais tradicionais”, ressalta Ieda Korman.
Além disso, não se limita apenas a elementos estruturais, mas também desempenha um papel fundamental na resolução de detalhes decorativos com essência única. A arquiteta também avalia que a serralheria segue em plena adaptação à era de tecnologia e a automação inteligente da iluminação e sistemas de segurança.
Diante do medo de ousar, pense no maior ícone da serralheria mundial: a Torre Eiffel, em Paris. O engenheiro Gustave Eiffel foi o responsável por demonstrar a versatilidade e a beleza do metal em uma arquitetura de alto nível.
Importância do material
Na construção de um projeto, é preciso ter certeza sobre as escalas e proporções adequadas em relação ao local que a serralheria ocupará. “Itens muito pequenos podem parecer desproporcionais, enquanto os demasiadamente grandes sobrecarregam a estrutura”, alerta Carina Korman.
De acordo com ela, após as medições, o próximo passo é escolher o material certo que compreende minérios como o ferro, aço inoxidável, alumínio e bronze – cada um com especificidades únicas relacionadas à durabilidade, aparência e resistência à corrosão. Quando expostas às intempéries naturais, é mandatório observar as vedações necessárias – caso das cercas e portões de casas ou indústrias, áreas da piscina e grades de janelas.
Cuidado com a manutenção
O prolongamento da vida útil inclui a inspeção para detectar sinais de corrosão, rachaduras ou desgaste e a aplicação de revestimentos protetores como tintas anticorrosivas. Além disso, a lubrificação de peças como dobradiças e trincos é crucial para garantir o funcionamento suave e a longevidade. “Quando não é realizada, além da corrosão, a serralheria pode sofrer com o desgaste e os danos com a aparência”, diz Carina Korman.
Quando não usar?
Embora a serralheria sempre seja uma decisão bastante segura, sua aplicação dependerá da finalidade do projeto e condições ambientais e orçamentárias, entre outras questões. As arquitetas ainda discorrem sobre outros pontos:
- Necessidade de isolamento: A serralheria, por si só, não oferece bons níveis de isolamento térmico e acústico.
- Projetos com elementos orgânicos: Por sua imobilidade, é frequentemente associada às formas geométricas rígidas. Assim sendo, caso o projeto esteja associado com curvas e traços orgânicos, concreto moldado e fibra de vidro possibilitam melhores resultados.
- Restrições: Algumas áreas podem ter regulamentações capazes de restringir ou proibir o uso de serralheria em determinados contextos. Assim, é importante consultar as autoridades locais e estar ciente das regulamentações antes de sua adoção.
Por Emilie Guimarães