Muito além das cáries: entenda como o açúcar pode prejudicar sua saúde oral
Reprodução: Alto Astral
Muito além das cáries: entenda como o açúcar pode prejudicar sua saúde oral

Com o longo período de isolamento social e o surgimento de diversas incertezas sobre o futuro, muitos hábitos rotineiros nossos tiveram de ser repensados e modificados. Como resultado, as pessoas ficaram cada vez mais ansiosas e, dessa forma, passaram a enxergar a comida como um refúgio, principalmente as mais açucaradas.

Por isso, o problema que persiste é o fato de que o consumo diário de alimentos ricos em açúcares é um dos principais vilões da saúde oral, podendo levar até mesmo ao surgimento de uma série de doenças orais.

Segundo Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista e doutor pela USP, o que mais se destaca como algo grave seria a formação de cáries, que afetam 88% da população mundial. "Isso ocorre porque as bactérias da boca metabolizam o açúcar que consumimos, produzindo ácidos que dissolvem o esmalte dos dentes e provocam o aparecimento das cáries. E o pior é que o início dessa ação ocorre poucas horas após a ingestão do açúcar", explica.

Muito além das cáries

Porém, esse problema não é a única consequência do consumo excessivo de comidas açucaradas. A gengivite, por exemplo, também pode ser intensificada pela ingestão elevada desse tipo de alimento. “O açúcar favorece o acúmulo de placa bacteriana que, quando não removida adequadamente, pode ocasionar gengivite , que é a primeira fase da doença periodontal", afirma o especialista.

Essa doença consiste em uma inflamação que pode evoluir para uma infecção mais grave e provocar alterações nos tecidos que dão sustentação aos dentes. "Nesse estado inicial, essa problemática torna as gengivas sensíveis, inchadas e mais suscetíveis aos sangramentos”, clarifica o especialista.

E, infelizmente, não para por aí. Como o açúcar “alimenta” a placa bacteriana e, sendo assim, provoca maior fermentação, ele também aumenta a probabilidade do aparecimento de halitose, popularmente conhecida como mau hálito, principalmente pela formação de um tipo de placa bacteriana que se forma sobre a língua chamada saburra lingual.

Como cuidar da saúde oral

No entanto, é importante ficar de olho na alimentação e tomar cuidados redobrados com a boca, principalmente durante a quarentena. “O recomendado é limitar o consumo de açúcar, ingerindo, no máximo, uma colher de sopa do ingrediente por dia”, aconselha o Lewgoy.

O grande problema, contudo, é que pode ser muito difícil reduzir a ingestão de açúcar uma vez que a maioria dos alimentos contém alguma forma da substância em sua composição, é o chamado açúcar oculto. Assim, segundo o dentista, a dica é: "optar por alimentos com menor quantidade de açúcar, verificar nos rótulos se o ingrediente está escondido, limitar a frequência de doces entre as refeições, substituir os refrigerantes por água e evitar alimentos açucarados pegajosos, como chicletes e balas.”

Na hora da escovação, aposte em uma escova com cerdas ultramacias, já que cerdas duras podem machucar as gengivas e provocar a retração gengival. “Além disso, uma grande quantidade de cerdas também é recomendada, pois, quanto maior a quantidade, maior é a eficácia da escovação e menor é o acúmulo de placa bacteriana nos dentes”, recomenda o cirurgião-dentista.

Além da escovação , outra dica fundamental para evitar os danos do açúcar nos dentes é utilizar uma escova interdental diariamente. O fio e fita dental também podem ser utilizados, porém, esses produtos não são capazes de higienizar com eficácia toda a região que fica entre os dentes, visto que esse local é côncavo e tem uma superfície com irregularidades, que esses produtos não conseguem alcançar de forma perfeita.

A higienização da língua também é recomendada para prevenir ao acúmulo dos resíduos causadores de mau hálito. Para isso, você pode utilizar escovas e instrumentos próprios para a limpeza da língua.

Por fim, Lewgoy ressalta que, caso você note a presença de cáries ou os sintomas de outras doenças bucais, é fundamental consultar um cirurgião-dentista. Isso porque, se não tratadas, essas doenças podem evoluir para quadros mais sérios, podendo até mesmo causar a perda dos dentes.

Fonte: Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista e doutor pela USP.

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