Nos últimos anos, o mercado de moda tem enfrentado uma série de desafios que têm impactado negativamente startups e pequenas empresas do setor. A desaceleração econômica causada pela guerra na Ucrânia, a inflação crescente e a crise no abastecimento estão entre os principais problemas.
Essas crises têm colocado uma pressão significativa sobre as empresas do mercado de moda. O resultado é um cenário em que há queda nos lucros, elevação na inadimplência e o aumento dos custos para a geração de clientes.
Entre as empresas mais afetadas por essas crises estão gigantes nacionais como a Renner, que em maio anunciou o fechamento de 20 lojas no País devido à queda na receita e à alta inadimplência. Nos três primeiros meses deste ano, a companhia registrou uma inadimplência alarmante de 28,3%, evidenciando os desafios do setor.
E o problema não é exclusivo da Renner. Em cinco anos, o número de brasileiros inadimplentes passou de 59,3 milhões, em janeiro de 2018, para 70,1 milhões, no começo de 2023, um recorde na série histórica, segundo um estudo da Serasa Experian, divulgado em fevereiro.
Além disso, outro fator que tem contribuído para a crise é o aumento significativo do custo da geração de leads no mercado online. Os regulamentos de privacidade e as mudanças tecnológicas fizeram subir o custo do marketing digital pago, o que representa um desafio para as marcas que buscam adquirir novos clientes, sobretudo as pequenas, que não têm a mesma verba de anúncio para competir com players maiores.
É essencial, portanto, que as empresas de moda se concentrem em fortalecer sua presença online, sendo criativas e buscando comunidades que ainda não alcançaram o grande público. A utilização eficiente das redes sociais continua sendo um elemento-chave para o sucesso no mercado de moda. No entanto, é preciso investir na criação de conteúdo relevante e personalização da experiência do cliente para cativar e engajar públicos específicos, acompanhando as tendências das novas gerações.
Em um mercado em constante evolução, as empresas de moda devem se adaptar rapidamente às mudanças e explorar novas oportunidades. Isso inclui a busca por parcerias estratégicas com influenciadores digitais (que hoje ditam muito das tendências consumidas pelo público), colaborações com outras marcas e a utilização de plataformas de comércio eletrônico inovadoras.
A otimização dos processos internos também desempenha um papel fundamental. A redução de custos operacionais e o aprimoramento da eficiência logística, são medidas que podem contribuir para a saúde financeira das empresas do setor.
A exploração de canais de venda alternativos também pode oferecer novas oportunidades de crescimento. A diversificação das estratégias de distribuição, como a participação em feiras de moda, a venda em marketplaces ou a abertura de lojas pop-up, permite alcançar diferentes segmentos de mercado e expandir a base de clientes. Segundo a consultoria Retail Touchpoint, as empresas de marketplaces, por exemplo, cresceram 81% em 2020, em média, enquanto as de e-commerce tiveram alta 40%.
Para sobreviver nesse cenário desafiador, as empresas do mercado de moda devem estar dispostas a se reinventar e adotar abordagens não convencionais. É necessário um esforço coletivo e uma visão estratégica para enfrentar os obstáculos e emergir com sucesso dessa crise, sobretudo com a expansão das empresas chinesas.