A decisão de engravidar foi, talvez a mais importante de toda a minha vida, tomada a partir de muitas conversas sinceras com meu marido, com quem divido a vida há mais de 10 anos. E considerando um tratamento que fiz para SOP (Síndrome do Ovário Policístico e minha idade), aos 29 anos eu me sentia pronta para adicionar um novo título para mim: o de mãe. Então, antes de chegarem os meus 30 anos, engravidei do meu primeiro filho.
Assim como para muitas outras pessoas, a descoberta de que havia um pequeno ser dentro de mim chegou junto com um turbilhão de emoções, foi um misto de alegria e de medo do novo que viria nos próximos meses, e, claro a curiosidade de como seria o bebê. Para me ajudar a viver esse processo da maneira mais tranquila possível, foquei no trabalho enquanto, em paralelo, devorara todos os conteúdos possíveis e imagináveis sobre maternidade.
Logo na reta final, recebo um sinal concreto de que, realmente, esse é o momento da vida em que, apesar de muito planejamento, a gente entende que não controla nada. Organizei, por meses, como seria minha licença-maternidade para que eu pudesse descansar antes da chegada do mais novo membro de nossa família e, para a surpresa de todos, ao finalizar meu expediente do dia dois de fevereiro – minha dispensa começaria no dia cinco, segunda-feira – mal eu sabia que em algumas horas eu conheceria o meu tão esperado filho.
Depois de uma gravidez tranquila, mas cansativa, afinal carregar um bebê no ventre e conciliar dois empregos – sim, eu mantive durante os oito meses de gestação um trabalho presencial e outro home office – exige muita energia. Gabriel veio ao mundo com 36 semanas, um bebê prematuro, mas que nasceu grande para sua idade gestacional, com incríveis 50 cm e 3.310kg. Aliás, eu já esperava que isso acontecesse, pois na minha família tinha histórico de parto prematuro – eu, inclusive, também nasci de oito meses. Com o meu pequeno nos braços, descobri que por mais que tivesse planejado tudo, eu não estava pronta para ser mãe. Tem alguém que está preparado para o momento em que tudo muda de uma hora para a outra?
De repente, eu me vi com um bebê nos braços e sem saber por onde começar. Confesso – e, certamente, a maioria das mães de primeira viagem vão concordar – os primeiros 15 dias foram os mais difíceis e desafiadores. Eu chorei praticamente todos os dias, sentindo todos os sentimentos do mundo, desde os mais positivos até os mais negativos. Tinha medo de errar com o meu bebê e de não ser uma boa mãe, pensava na minha carreira, meu trabalho, entre tantas outras coisas. Aliás, essas emoções dominam a nossa mente durante o puerpério, que até então eu só lia a respeito, mas não fazia ideia como era viver na pele.
Os dias foram passando, juntos, fomos montando uma nova rotina que englobava muito de minha antiga rotina e, dia após dia, fomos nos conhecendo mais, nos conectando mais e, com certeza, posso afirmar que isso me ajudou a entender o meu novo papel, agora como a mãe do Gabriel e com o objetivo de ser a melhor mãe que puder ser, fazendo ele se sentir seguro e amado.
Já se passaram mais de 45 dias juntos e tudo está se encaixando aos poucos. Todos os dias aprendo com meu filho que ser mãe é uma construção diária, com erros, acertos, dúvidas, medos, mas acima de tudo com muito amor, dedicação e entrega. Depois dos percalços iniciais, costumo definir essa fase da minha vida como “o coração batendo fora do peito”, pois onde o meu filho estiver, estarei com ele sempre.