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Educar para colaborar é a chave do segredo de muitas mães. Mas é preciso começar desde cedo para incentivar responsabilidade e independência

Incentivar a participação das crianças desde cedo é essencial
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Incentivar a participação das crianças desde cedo é essencial
Conseguir envolver os filhos nas tarefas de casa sem brigas é possível, mas não acontece em um piscar de olhos. É parte de um processo lento, diário, que inclui toda a família, exige paciência e respeito com o outro. Mas funciona e vale a pena. Além de autonomia, as crianças também conquistam independência e maior desenvoltura no convívio social.

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Especialistas e pais que aprenderam a lidar com a situação na prática são unânimes: para o filho contribuir com os afazeres domésticos, é preciso começar de pequeno. “Assim, eles encaram como parte da vida e não como uma obrigação”, diz Glaucia Pacola, 38 anos, administradora, mãe de Antonio, quase dois anos, e Helena, quase cinco.

A psicóloga Luciana Blumenthal, da Clínica Elipse, concorda. Para ela, os filhos devem ser incentivados desde pequenos a ajudar nas tarefas e imitar os adultos, mesmo que seja brincando e que no início, de fato, eles ajudem pouco. Antonio sabe que, ao acabar de brincar, deve colocar os brinquedos na caixa. “Mas o que levaria um minuto para eu fazer toma meia hora”, conta a mãe, Glaucia.

Para a psicopedagoga Wânia Forghieri, a criança pode fazer quase todas as tarefas em qualquer idade, desde que não seja perigoso e se aceite os resultados de acordo com a capacidade de cada um. Pode ser arrumar o quarto ou ajudar a mãe na cozinha pegando as verduras na geladeira. Com cinco ou seis anos já dá para lavar a louça, desde que as peças não incluam nada perigoso ou facilmente quebrável. Vale criar uma situação favorável para a criança, como colocar um banco perto da pia e convidá-la a participar.

Elogios e persistência


Orientar e dar dicas de como passar um pano na mesa ou guardar a roupa no armário também é importante, assim como elogiar sempre e incentivá-lo a continuar. Os pais precisam ter paciência e respeitar o tempo e a capacidade de cada um para fazer as coisas. “Se tudo que a criança faz é classificado como mal feito, ela não vai querer fazer mais”, alerta Wânia Forghieri. “A ideia é dar uma autonomia progressiva, sem exigir que os resultados da criança fiquem iguais ao de um adulto”, completa a pedagoga e capacitadora de professores Heloisa Magri.

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Muita conversa todos os dias. Este é o recurso usado pela gerente de marketing Flavia Clemente, 37 anos, para estimular Rafael Luiz Ferreira, 11 anos, a fazer suas tarefas sozinho. “Busco incentivar não só a independência, mas também ensiná-lo a ser uma pessoa legal e gentil com o próximo”, diz ela.

Quando pequeno, Rafael fazia poucas coisas sozinhos. Por isso a mãe criou um calendário com pequenas tarefas diárias. “Três ou quatro, para ele ir ‘desmamando’”, relembra. A tática funcionou. Ele prepara a cama antes de dormir, não deixa toalha molhada em cima dos móveis e tira a mesa. O jovem cavalheiro sempre abre a porta do elevador, seja para quem for, pergunta em qual andar a pessoa vai e aperta o botão. Tirar as sacolas de compra do carro é tarefa dele. E sempre ouve elogios da mãe.

Pais devem servir de exemplo para estimular filhos a participar das tarefas domésticas
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Pais devem servir de exemplo para estimular filhos a participar das tarefas domésticas
A força do exemplo


Não dá para exigir dos filhos que façam a cama e lavem a louça se os pais não fazem nenhuma das tarefas domésticas, delegando tudo à empregada. O exemplo vem de dentro de casa: se cuidar do próprio espaço, arrumar a cama, colocar e tirar a mesa e deixar as coisas em ordem faz parte da rotina dos adultos, para as crianças será natural também.

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Aos finais de semana, na casa da bióloga Claudia Vieitas, mãe das gêmeas Marina e Thais Dale, de 11 anos, preparar a comida e lavar a louça é uma atividade coletiva. “Elas não reclamam, já estão acostumadas. Se tem lição de casa e elas não podem colaborar, tudo bem. É negociável”.

O final de semana é ideal para incentivar a criança nos afazeres domésticos. Não há a pressão dos horários da escola, inglês e natação, e estão todos em casa e é possível fazer tarefas mais elaboradas.
Foi o caso de Helena, quase cinco anos, filha da administradora Glaucia. Ordeira, a menina decidiu organizar os sapatos. “Pôs até etiqueta em cada um. Na prática não funciona, mas deixei. É um começo”.

A vontade de classificar e ordenar faz parte dos processos cognitivos das crianças e surge quando elas ficam mais velhas. Se estão acostumadas a contribuir em casa, naturalmente engatam pelo caminho da organização. “A criança amadurece e aprende a planejar as coisas. Em casa era diferente, tive que aprender depois de velha e foi difícil”, finaliza Glaucia, comprovando que começar desde cedo é o melhor caminho.

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