Bruna Lauer também teve que lidar com a perda da mãe, após o final do tratamento do câncer de mama
Daniela Petrucci
Bruna Lauer também teve que lidar com a perda da mãe, após o final do tratamento do câncer de mama

Eu estava vivendo a minha vida no automático, sempre muito preocupada com o meu trabalho, até que alguns pequenos problemas de saúde começaram a surgir. O primeiro deles foi um diagnóstico de hérnia cervical e o segundo foi de um cisto nos meus ovários. 

O primeiro problema não foi necessário fazer uma cirurgia, mas o segundo sim. O médico com quem me consultei explicou que, apesar de ser um procedimento simples, eu precisava passar pela cirurgia, para evitar que o cisto crescesse. 

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Naquele momento, eu estava vivendo tão focada no meu trabalho, que eu tratei a cirurgia como mais uma atividade comum do meu dia a dia, até mesmo marquei ela em uma sexta-feira, para poder descansar no final de semana e poder voltar trabalhar logo em seguida. 

No entanto, as coisas não correram como o esperado. Mesmo depois de dois meses após a cirurgia, eu ainda não estava recuperada. Estava vivendo uma grande angústia, sentindo sempre muita dor e apesar disso, eu ainda estava muito focada no trabalho, eu acreditava que não podia deixar o meu emprego de lado. 

Eu ia até o meu trabalho passando mal, tomando muitos remédios para dor e usando bolsas com água quente, tudo isso sem saber o que estava me causando todos esses problemas. 

O diagnóstico só veio após eu ter uma crise de ansiedade. Depois desse incidente, eu percebi que eu não aguentava mais e tirei uma licença médica, para poder cuidar da minha saúde. Quando finalmente descobriram o que eu tinha, a infecção hospitalar já tinha chegado em um estado crítico, os médicos até mesmo se surpreenderam de eu ainda estar conseguindo andar. 

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Pelas imagens, foi possível constatar que a bactéria estava comendo um dos discos da minha coluna e a situação era urgente. Esse diagnostico me assustou, eu queria fazer a cirurgia no dia seguinte, mas o médico me acalmou e me explicou que ainda havia tempo e que a cirurgia não precisava ser feita de imediato. 

Contudo, os médicos não conseguiam descobrir o que tinha causado a minha infecção hospitalar. Alguns dos palpites era que o meu corpo não havia reagido bem à medicação que eu tomei durante o pós-operatório, ou que durante a cirurgia do meu cisto nos ovários, o cirurgião usou uma técnica muito conservadora, o que acabou causando a infecção.

Depois de 15 dias do meu exame, eu fiz a cirurgia contra a infecção hospitalar e por um tempo fiquei bem de saúde. Assim, eu voltei à minha rotina louca de trabalho, entretanto, outra surpresa me aguardava. 

Três anos após do meu problema de infecção na coluna eu recebi a notícia que eu tinha câncer de mama. Para piorar, eu estava em um momento complexo da minha vida, sendo um deles, o mau relacionamento entre mim e a minha mãe. Mas foi com o câncer de mama que eu comecei a escrever e a me abrir emocionalmente. 

Desde quando começou a história do meu cisto no ovário, até esse período do câncer, eu não compartilhava com as pessoas próximas a mim o que estava acontecendo comigo. No entanto, a partir do câncer de mama, eu comecei a escrever, para conseguir lidar com esse momento que eu estava vivendo e também foi uma forma de compartilhar a minha vivência com outras pessoas. 

Percebi que os meus amigos e familiares se sentiam conectados comigo através dos meus textos. Apesar de eles não estarem vivendo o câncer de mama, as emoções que eu escrevia, como medo e angústia, também tocava eles, por serem sentimentos comuns a todas as pessoas. 

E em meio ao meu tratamento, a minha mãe também recebeu o diagnóstico de câncer, mas, no caso dela, a doença já estava em estágio avançado e ela veio a falecer, um pouco depois do final do meu tratamento. 

Embora ela tenha morrido, eu sinto que a nossa jornada contra o câncer acabou nos reconciliando novamente e não apenas o meu relacionamento com ela melhorou. O câncer me fez olhar para as minhas próprias emoções e os meus relacionamentos e ter um momento de cura. 

Unindo todos esses momentos que passei, após o diagnóstico do meu câncer de mama e com as respostas positivas que recebi com os meus textos, tomei a decisão de me demitir do meu emprego e escrever um livro.  

Chamado ‘Uma Oitava Acima’, esse livro foi uma forma de decretar um ponto final em todos esses momentos difíceis que eu havia vivido. E escrevê-lo e poder colocar tudo para fora foi muito terapêutico para mim. 

Sinto que depois de tudo, eu acabei aprendendo muito, especialmente sobre os meus sentimentos e conseguir levar uma vida mais leve. Por isso, uma das minhas motivações para escrever o livro é para que mais pessoas possam aprender o mesmo que eu, mas sem precisar passar pelas mesma dificuldades.

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