Jéssica antes e depois de assumir os cabelos naturais
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Jéssica antes e depois de assumir os cabelos naturais

 Mudar o cabelo em algum momento para ser mais aceito em determinado ambiente. Essa foi a realidade de 49% da população brasileira negra apontada pela  pesquisa do Tudo pra Cabelo, hub de conteúdo de cabelo da Unilever, encomendada para a empresa Opinion Box. Esse número ainda é maior entre os mais jovens, chegando a 53% entre aqueles de 20 a 29 anos de idade.  

Por sua vez, 44% pertencentes ao grupo entre 30 e 39 anos fazem o mesmo tipo de afirmação. A pesquisa foi realizada em todas as regiões brasileiras com 828 homens e mulheres que se autodeclaram negros.

O motivo principal apontado para a mudança de cabelo tem cunho profissional. Por exemplo, 35% dizem que estavam procurando emprego e sentiram que precisavam mudar para serem aceitos nas empresas. Logo em seguida, surge uma razão mais social, com 32% dizendo que comentários feitos por amigos, colegas ou outras pessoas levaram a uma mudança no visual. 

A manicure Jéssica Cristine da Silva, de 29 anos, viveu isso na pele. Quando ainda trabalhava como vendedora, fazia escova no cabelo, até que sua gerente reclamou do volume, e ela passou a alisar os fios. De lá pra cá, muita coisa mudou. "Eu não me identificava como preta. Quando a ficha caiu, eu passei máquina 1 no cabelo e fui ser madrinha de um casamento. Nunca mais deixei de usar meu cabelo natural", conta. 

Paulinho
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Quando usava tranças, Paulinho sentia o preconceito dos recrutadores

O auxiliar trabalhista Paulo Diniz, de 34 anos, começou a trançar os cabelos em 2015 e diz que nunca sofreu descriminação por parte das empresas. "Sempre teve uma zoação por parte dos funcionários. Mas, em regra, as empresas nunca me impediram de mudar o visual ou cabelo, até porque sempre procuro trabalhar em empresas que aceitem meu estilo", diz.

Mas teve uma época, em 2019, que ele teve dificuldades em procurar emprego por conta de usar tranças, em algumas entrevistas era nítido o olhar do entrevistador para seu cabelo.

"Teve uma vez numa entrevista numa empresa ali na Granja Julieta, que a vaga tinha tudo pra ser minha, estava na 3° fase da entrevista, mais quando entrei na sala pra conversar com a gerente, estava nítido na cara dela que ela não curtiu meu cabelo. E contratou o outro rapaz que não tinha metade da minha experiência em Recursos humanos. Fiquei até meio chateado, mais depois deixei pra lá, até porque se meu estilo não é aceito eu prefiro nem entrar", avalia Diniz. 

Uma boa notícia é que o mercado se mostra atento à variedade de cabelos dos brasileiros. A pesquisa revela que 9 em cada 10 entrevistados afirmam que a variedade de produtos para cabelos cacheados e crespos atualmente existente no mercado é maior do que há 5 anos. Porém, a oferta poderia ser melhorada, pois 31% acreditam que não há produtos suficientes no mercado para esses tipos de cabelos. A classe AB se mostra mais exigente, pois entre ela, esse número salta para 46%. 

paulinho
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Paulinho hoje está usando o cabelo curtinho

Entre os entrevistados, que consideram que não há uma grande quantidade de produtos no mercado, os finalizadores despontam - 60% deles gostaria de ver mais desse tipo de item, que ajuda na definição e volume dos fios. Em segundo, aparecem as máscaras capilares, com 47% desejando que a sua oferta fosse maior.

Em relação aos estilos, a pesquisa detectou uma inclinação mais tradicional. Os homens, por exemplo, preferem o cabelo curto, mencionado por 61% deles. Bem mais atrás, veio o estilo raspado, com 14% das menções. Já entre as mulheres, o estilo predileto é o longo, dito por 46% delas. 


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