Em entrevista exclusiva ao iG Delas, Mariana Nolasco reflete a importância da música em sua vida
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Em entrevista exclusiva ao iG Delas, Mariana Nolasco reflete a importância da música em sua vida

Era 2020 quando detalhes do  julgamento do caso Mariana Ferrer vieram à tona após uma reportagem do The Intercept Brasil. Aquele episódio e o convite para participar de uma live cujo tema era "A Voz do Coração" inspiraram a cantora Mariana Nolasco a escrever a canção "Pra Todas as Mulheres", que quatro anos mais tarde viria a ser trilha sonora de uma campanha contra a violência doméstica.

"Aquilo tudo mexeu muito comigo e à noite a música saiu de uma só vez. Chorei. Senti que cantava como um grito de alívio", fala Mari Nolasco, em entrevista ao iG Delas. Ela é a voz por trás da campanha "Isso é Mais que um Batom", da marca Vult em parceria com a ONG Turma do Bem. A empresa de beleza lançou um batom cujas vendas serão revertidas em tratamento odontológico para as vítimas de violência, com o objetivo de recuperar a autoestima dessas mulheres.

Com a letra, Mariana quer "lembrar" a todas as mulheres que, não importa o que esteja acontecendo, nós "nunca estamos sozinhas". No bate-papo com a nossa redação, a cantora comentou um pouco sobre a participação na campanha da Vult e refletiu sobre a importância da música em sua vida. "A música me salva todos os dias. É o canto que ficou preso, é a liberdade de ser quem se é", diz ela.

Veja abaixo a entrevista completa com Mariana Nolasco:

IG DELAS: Mari, a campanha da Vult toca em um tema delicado que é a violência contra a mulher. Você já conheceu alguma situação assim de perto?

Mariana Nolasco: Infelizmente, é mais comum do que imaginamos. Conheço algumas mulheres que passaram por essa situação. É muito doloroso em todos os sentidos.

E na sua visão, qual a importância de recuperar a autoestima de mulheres vítimas de violência doméstica?

A importância é de se ter de volta para si mesma para que a mulher se sinta merecedora de construir relações seguras e saudáveis e, assim, não voltar a se envolver com agressores. Se tratar como prioridade, traçar caminhos e estratégias para construir sua independência. Uma mulher que vivenciou a violência demora a perceber as invasões, é preciso tempo, paciência e carinho para compreender que a culpa não é da vítima. E, para isso, precisamos umas das outras. 

Mari, em suas músicas, você fala bastante sobre uma reconexão consigo mesma, autodescoberta, empoderamento feminino… Como é a sua relação com a sua autoestima? Sempre cultivou o amor próprio ou foi algo que você foi construindo ao longo do tempo?

Com certeza, foi algo que foi muito construído dentro de mim. E dá trabalho, pois são anos com um sistema te dizendo que o certo é se esconder. Além das minhas experiências pessoais, a terapia, meditação, exercícios físicos, rede de amizade, tudo isso contribuiu muito para que eu pudesse conquistar um espaço interno seguro comigo mesma, onde posso contar comigo nos momentos mais desafiadores e também nos mais alegres. Claro que temos dias e dias. Não é sempre que eu estou de bem comigo. Mas os longos diálogos com o espelho me ajudaram e ajudam a fortalecer minha autoestima e a me enxergar sem tanta cobrança e com mais carinho.

Na sua opinião, quais são os principais desafios no mundo da música?

Se impor. Colocar seus limites e seguir sua intuição quando todo o mundo externo te diz o contrario. Não ceder às expectativas dos outros sobre você. Ousar. Desagradar.

Com a campanha, o que você espera passar para o público feminino?

Espero que as mulheres reconheçam os abusos que muitas vezes passam despercebidos ou apenas são vistos como sendo algo "nada demais". É preciso trazer luz à temas que causam sofrimento, só assim poderá haver de fato uma transformação. Só assim a mulher poderá entrar em contato com a sua verdadeira potência e liberdade.

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** Gabrielle Gonçalves é jornalista formada pela UNESP e atua como repórter do iG Delas e do iG Receitas.

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