Leah Jorgensen é uma mulher que sofre com síndrome do ovário policístico — que afeta o tamanho e funcionamento dos ovários. Geralmente, as mulheres que têm esse disturbio hormonal possuem altos níveis de hormônios masculinos, o que causa o aparecimento de pelos no rosto e corpo. Por isso, ela costumava se sentir muito pressionada para ir à depilação, mas há alguns anos decidiu mudar esse hábito e aceitar a condição. 

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Leah sofre com síndrome do ovário policístico e decidiu deixar a depilação de lado para se sentir bem consigo mesma
Reprodução/Instagram/@happyandhairy
Leah sofre com síndrome do ovário policístico e decidiu deixar a depilação de lado para se sentir bem consigo mesma

Em entrevista ao "Yahoo Lifestyle", Leah conta que descobriu sobre o distúrbio aos 14 anos de idade e, desde então, passou a ser vítima bullying e foi chamada de "homem" por colegas da escola. Assim, ela começou a usar roupas largas que cobriam os braços, pescoço e pernas, além de ir à depilação para remover os pelos de queixo, bochechas, buço, peito, estômago, braços, pernas e costas. 

Os pelos em excesso deixavam a moça insegura e se sentindo como uma estranha. "Eu nunca tinha visto ninguém como eu", diz. "Eu estava tão envergonhada que eu não queria falar sobre isso. Meu jeito de lidar com essa vergonha era me esconder. Por anos meu objetivo diário era chegar ao fim do dia sem que as pessoas notassem como eu era peluda. Como eu tenho muito [pelo], era muito difícil de esconder. Tive casos terríveis de ansiedade e isso acabou com meu psicológico."

O bullying só piorou a situação e a deixava muito desconfortável. "Eu me sentia como se fosse menos mulher. Se precisasse mostrar qualquer parte do meu corpo em público, me depilava", conta. "Eu estava convencida que iria perder meus amigos, que minha família iria me desonrar e que eu nunca iria arrumar um emprego ou namorado."

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Mudança para melhor

Porém, em 2015, a vida de Leah mudou depois de ser atropelada por um carro. Ela foi levada ao hospital e as roupas que usava precisaram ser removidas para ir à cirurgia. Naquele momento, ela percebeu que os médicos e enfermeiros do hospital viram os pelos e não se incomodaram. 

"Eu percebi que ninguém ligava para a minha aparência", explica. "Eles me viram como uma pessoa. Isso me ajudou muito a superar todo o trauma." A partir de então, ela jurou que não iria mais se depilar ou se esconder em blusas de moletom. Ao invés disso, decidiu aceitar a condição e usar as roupas que quisesse, incluindo regatas e saias, sem se preocupar com que as pessoas pensariam dela. 

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Confiança nas redes

Hoje, aos 33 anos, Leah tem uma conta no Instagram e compartilha fotos confiantes e sem medo de mostrar os pelos. Com mais de 3 mil seguidores, a moça publica as imagens com legendas encorajadoras sobre amar o próprio corpo e se aceitar como é. "Coragem é contagiante. Descobri que quanto mais eu me abro sobre os pelos, mais outras mulheres me mandam mensagens. Sou tão grata por todas essas conexões", escreveu em uma foto. 

Com o tempo, ela conseguiu entender a si mesma e enfrentar as inseguranças. "Percebi que nunca deixei de gostar dos meus pelos. O problema real não era isso, mas como as pessoas olhavam para mim. Mas eu não quero mais fugir", diz ao "Yahoo Lifestyle". Ela largou o emprego e voltou para a faculdade estudar sobre trabalhos sociais. 

"Eu ficava assustada com a possibilidade das pessoas verem meus pelos, mas hoje eu aceito isso e deixo crescer. Continuo indo à depilação para remover os pelos do rosto, porque gosto como meu rosto fica sem pelos, mas antes eu costumava fazer isso muitas vezes ao dia e hoje só vou de vez em quando", afirma. "Está sendo muito empoderador e espero que outras mulheres também tenham essa coragem e saibam que elas não estão sozinhas." 

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