Metade dos brasileiros concorda que uma mulher que interrompe a gravidez intencionalmente deveria ir para a cadeia. É o que diz pesquisa realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva que foi divulgada nesta segunda-feira (4). Ao mesmo tempo, 45% dos brasileiros acima de 16 anos conhece uma mulher que já tenha realizado um aborto – em números absolutos, o percentual corresponde a 72 milhões de brasileiros.
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Apesar de criminalizarem o aborto , quando se trata de alguém próximo, como uma amiga, 47% das pessoas não fariam nada em relação ao caso e apenas 7% chamariam a polícia. O tema voltou a entrar em pauta com a aprovação da PEC 181/15 pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, uma proposta de emenda constitucional que pode proibir a interrupção da gravidez em todas as formas, até mesmo no caso de estupro.
E mesmo que a bancada evangélica na Câmara tenha grande influência na discussão, para oito em cada dez brasileiros a discussão sobre o tema no Brasil é uma questão de saúde pública e de direitos. Apenas 4% relacionam o assunto à religião, enquanto 13% acreditam que é assunto de polícia.
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A pesquisa domiciliar “Percepções sobre o aborto no Brasil” foi realizada entre os dias 27 de outubro e 6 de novembro deste ano. Foram ouvidos 1,6 mil mulheres e homens com 16 anos ou mais, residentes de 12 regiões metropolitanas do Brasil. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ocupara menos.
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Percepções do aborto
Mais mulheres do que homens afirmam conhecer uma mulher que já interrompeu espontaneamente uma gravidez. Enquanto 52% delas já trataram do assunto com conhecidas, apenas 34% deles conhecem alguém que já passou pela situação.
E mesmo conhecendo alguém que já sentiu a necessidade de realizar um aborto, 62% dos brasileiros são contra o direito da mulher decidir o que quer fazer. Apenas 26% declaram ser favoráveis a que as mulheres possam decidir por interromper a gravidez – quanto maior a escolaridade, maior o percentual de favoráveis.
A mesma pesquisa aponta que 51% concordam que jamais interromperia uma gravidez, mas 33% não concordam e nem discordam, enquanto 16% discordam. Já 48% dos homens concordam com a frase “jamais deixaria uma mulher interromper a gravidez de um filho meu”. Outros 35% não concordam e nem discordam, enquanto 17% discordam.
Casos de aborto
Mesmo que a maioria seja contra o direito da mulher decidir se quer ou não levar uma gravidez adiante, 75% entre aqueles que se disseram contrários são favoráveis a que a mulher possa interromper a gravidez em, ao menos, um desses casos: gravidez não planejada, falta de condições para criar a criança, meninas com até 14 anos, feto com doença grave ou incurável, risco de vida na gestação ou parto e estupro.
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A maioria dos brasileiros é a favor de que a mulher possa interromper a gravidez caso corra risco de morte ou tenha sido vítima de estupro. Metade é favorável em caso de doença grave e incurável do feto. Por outro lado, maioria é contra que a mulher possa realizar o aborto em casos de gravidez não planejada, falta de condições da família ou se a menina tem menos de 14 anos.