O câncer de mama é o segundo tipo que mais afeta as mulheres do Brasil e do mundo, perdendo só para o de pele não melanoma, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer José de Alencar). A doença tem tratamento, principalmente se descoberta no começo, mas geralmente é um mal que mexe com a autoestima da mulher.
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Cuidar de um câncer de mama envolve procedimentos como quimoterapia e cirurgias como a mastectomia , que é a retirada completa ou parcial da mama. Tudo isso pode abalar a confiança da mulher e tornar até o ato de se olhar no espelho algo árduo durante a batalha contra a doença e depois.
Mas atualmente as mulheres encontram opções para fazer após a mastectomia que vão desde a reconstrução do seio até tatuagens que imitam o mamilo ou criam desenhos no corpo. Não fazer a reconstituição também é uma opção. Veja o que dizem especialistas de diversas áreas:
1. Cirurgia reconstrutora
É possível fazer a reconstrução total da mama. De acordo com o Alexandre Mendonça Munhoz, coordenador do setor de cirurgia plástica e mama do Hospital Moriah, essa cirurgia geralmente envolve três fases principais, com cada etapa tendo um objetivo diferente. A primeira fase está relacionada ao tratamento oncológico do câncer - quimioterapia e radioterapia - e é realizada em conjunto com a mastectomia. “Nesta etapa o objetivo principal é a construção do volume local e a reparação da pele retirada na cirurgia do câncer”, explica o médico.
Alguns meses depois da primeira etapa e habitualmente após o completo tratamento oncológico, começa a segunda fase, que consiste na simetrização da outra mama com técnicas de redução, suspensão ou aumento com prótese de silicone.
Na última fase, feita alguns meses após a segunda, é realizada a reconstrução da aréola e papila.
O médico explica que o resultado estético da cirurgia depende de vários fatores como o tamanho do tumor, a extensão da cirurgia do câncer, a técnica utilizada para fazer a reconstrução, a anatomia da paciente e a necessidade de radioterapia pós-operatória.
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Os resultados são mais satisfatórios nas cirurgias em que não há aplicação de radioterapia e são utilizadas próteses de silicone com volumes médios, além do enxerto de gordura. Nestes casos, a mama pode apresentar uma aparência muito próxima ao que era antes da cirurgia e com cicatrizes reduzidas.
“Na presença de tumores maiores e com necessidade de retirada de mais pele, ou na presença de radioterapia, os resultados estéticos são mais limitados quando comparados às cirurgias de preservação de pele”, afirma o médico. “Todavia ainda apresentam-se bem satisfatórios e com impacto positivo na qualidade de vida e na imagem corporal da mulher”.
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2. Desenho do mamilo
Em alguns casos, a mulher recontruiu a mama cirurgicamente, mas acabou ficando sem a aureola depois dos procedimentos. Um desenho feito com tatuagem é uma opção. Tati Stramandinoli, tatuadora que coordena o projeto Reviva, utiliza a técnica da "micropigmentação paramédica" para imitar a aréola de suas clientes. Ela explica que é feito um desenho semelhante a outra aréola - se a mulher possuir uma, já que em alguns casos ela teve câncer nas duas mamas e precisou retirá-las.
Ao longo do tempo, pode ser que a mulher tenha que retornar ao estúdio para retocar. “Após uns 15 dias eu peço para a pessoa entrar em contato comigo para eu saber se vai precisar de retoque. E depois de um ano ou dois é necessário fazer novamente. Não vai sair completamente mas podem aparecer algumas falhas ou ter um clareamento”, explica Tati.
Segunda a tatuadora, a autoestima das mulheres muda bastante após o procedimento porque muitas delas não sentiam vontade de se olhar no espelho: “Quando elas se vêem com a aréola novamente é uma mistura de alegria, alívio e gratidão. É bem legal”.
Em seu estúdio em São José dos Campos, no interior de SãoPaulo, Tati oferece esse serviço gratuitamente a mulheres que passaram pela mastectomia por causa do câncer de mama. Além dela, outros tatuadores também fazem esse procedimento que pode devolver a confiança para as mulheres em diversas cidades do Brasil e muitos também um trabalho social como o de Tati.
3. Tatuagens artísticas
Tati também atende um outro público, o de mulheres que decidem inovar na hora de fazer a tatuagem e optam por um desenho mais artístico. Segundo a tatuadora, ela e a cliente conversam para conceber o desenho que combine com a personalidade e gosto da mulher, que pode ou não ter feito a cirurgia reconstrutora. Algumas, como diz Tati, usam tatuagem para esconder as cicatrizes. Ela fala que tem clientes que não usavam mais blusinhas depois do câncer, por exemplo, porque não queriam exibir as marcas na pele, mas que agora se sentem a vontade e confiantes com os desenhos nos seios.
É o caso da britânica Michelle Cole, que decidiu tatuar um top em seus seios para comemorar sua recuperação do câncer de mama, doença que matou sua mãe e sua irmã. A ideia surgiu quando Michelle viu algumas tatuagens inspiradoras de outras mulheres que tinham passado pela mastectomia após o câncer. "É um pouco diferente e uma ótima maneira de celebrar meus seios, cinco anos após o câncer", disse a mulher ao jornal "Daily Mail".
A primeira vez que ela mostrou sua tatuagem foi durante uma viagem, na Espanha, em junho deste ano. "Fiz topless na piscina do hotel e outros turistas confundiram minha tatuagem com um biquíni", conta. A tatuagem a deixou tão orgulhosa que ela exibe para todos que querem ver. "Eu apenas comecei a tirar minha camiseta e as pessoas ficam maravilhadas quando descobrem que eu tenho uma tatuagem, não um sutiã", fala a mulher ao jornal. Por causa da tatuagem, Michelle conta que virou uma grande atração nos lugares que frequenta.
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4. Não fazer nada
É importante lembrar que a confiança e autoestima da mulher não deve ser determinada pela aparência dos seios e que está tudo bem não querer fazer um procedimento após uma mastectomia. Todas são lindas como são e devem se orgulhar por ter enfrentado o câncer de mama.