Muitas pessoas que seguem meu perfil público nas redes sociais, personificado no Pirações da Meia-Idade+, reclamam quando eu uma vez ou outra publico algo sobre política. Estamos cansadas, descrentes e desesperançosas com os políticos. Quem escolhe seguir, assistir, ver e curtir um perfil feminino que busca informar e refletir sobre as questões que preocupam mulheres a partir dos 50 anos não quer encontrar ali referências a um assunto tão chato e cansativo. Já basta de política nas emissoras de TV e rádio, sites, portais de notícia, canais no Youtube, sem contar os grupos de amigos, família e trabalho no WhatsApp, Telegram e outros desses aplicativos que mantemos no celular. É informação demais. Estamos todas exaustas.
Entendo, compreendo e muitas vezes sinto o mesmo. Sonho em poder um dia me isolar de tudo isso e apenas gastar meu tempo com coisas que digam respeito a mim, às pessoas que amo e aos prazeres que gostaria de desfrutar na vida. Também estou cansada.
Porém, caras amigas (gosto de tratá-las assim), é impossível não se posicionar em um momento como o que vivemos no Brasil atualmente. E nada vai melhorar se fizermos de conta que nada está acontecendo, porque de fato está acontecendo muita coisa e coisas que podem mudar o rumo da história do país e, consequentemente, o rumo das nossas vidas, das vidas dos nossos filhos, sobrinhos, netos e de todas as gerações futuras.
Como jornalista e formadora de opinião sinto obrigação de puxar você para a realidade. A realidade sempre foi e sempre será a matéria-prima do meu trabalho. Mesmo no Pirações. Impossível então simplesmente não falar de política. A política move a sociedade. É pela política que fazemos mudanças e vidas podem ficar melhor ou pior dependendo da política engendrada por um governo.
Nos últimos anos, a política impactou diretamente na vida de milhões de brasileiros e brasileiras como nós, pessoas com 50 anos e mais. Um exemplo bem prático: em 2019, o atual governo, eleito pela maioria, enviou para o Congresso Nacional a proposta de reforma da Previdência Social, aprovada facilmente por deputados e senadores que elegemos em 2018. Ou seja, resultado concreto da política nas nossas vidas e também na geração de nossos filhos.
Enquanto a gente não tiver consciência dos benefícios de acompanhar, de ler, de se informar e até de fazer política, boas mudanças, bons projetos, boas políticas públicas serão sempre esquecidas e só veremos a parte ruim desse processo - a fome, o desemprego, educação pública de baixa qualidade, a falta de médicos e equipamentos no SUS, o alto preço dos planos de saúde, a corrupção.
Quem entre nós melhorou de vida nos últimos anos? Quem sai tranquilamente de casa, olha ao redor e vê alegria na cara das pessoas? Na vida, fazemos escolhas. Eu fiz várias. E sou responsável por elas. Porém, a grande maioria dos brasileiros não têm sequer o que escolher. Para essa maioria resta apenas sobreviver.
Neste vídeo gravado recentemente, falo sobre escolhas, prioridades e a queda do padrão de vida a partir dos 50 anos de idade - para além da crise econômica atual.