Em histórias lendárias, essa prática já serviu tanto para arquitetar fugas quanto para satisfazer prazeres pessoais. Heitor Werneck, colunista do iG Delas, explica um pouco mais a respeito da inversão de papéis

Por que um homem não pode transar com um batom na boca? E que tal uma mulher em trajes militares? Por que as pessoas estranham a inversão de papéis? A brincadeira só deveria dizer respeito aos envolvidos. Se os parceiros gostam de experimentar esse tipo de fetiche, devem simplesmente deitar e rolar. Permita-se ser mulher, permita-se ser homem, permita-se ser o que você quiser ser.

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A inversão de papéis é um habito bastante antigo e pode sim ser um fetiche bastante divertido e prazeroso
Nina Nunes/Projeto Luxúria
A inversão de papéis é um habito bastante antigo e pode sim ser um fetiche bastante divertido e prazeroso


De onde a prática surgiu?

A inversão de papéis é tão antiga que está presente em várias mitologias. Hércules foi sodomizado pela rainha Onfale e passou anos vestido de mulher no harém da gata. Aliás, ele a servia vestido de mocinha grega. Thor, para recuperar seu cajado, se trajou de mulher. Xangô, para fugir de seus inimigos, vestiu os trajes vistosos de Iansã. Depois saiu, todo fofo, rebolando e dançando no campo de guerra. Funcionou: ninguém o viu. Aliás, Osalufan se veste com roupas de mulher – sua esposa o teria surpreendido usando as roupas dela no jardim, e por isso o condenou a sempre usar roupa de mulher. Krishna, para satisfazer um grande devoto, transformou-se em mulher.

E aí vem você dizer que tem admiração e necessidade de ser mulher, mas fica com sentimentos e pensamentos de culpa. Faça-me um favor: solte essa bela moça que existe em você. Você aí, deixe seu marido, ou namorado, ou noivo, ser a mulher que você gostaria de ter ou ser.

Acho super sexy um homem de meia-calça. Como também acho fantástico uma mulher de meia-calça. Mais e mais, os aspectos normativos sexuais tornam-se obsoletos. Permita-se! Não tem dias em que você olha e acha absolutamente fantástico ver uma mulher de terno e gravata? Ela pode também achar que você, homem, fica fantástico de peruca longa. Há uma grande frase que deveria ser uma máxima eterna: “Faça de tudo uma vez e, se for bom, repita”. Se não for legal, não repita. Simples assim.

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Minha querida leitora: desperte o desejo, faça seu homem pirar. Passe um batom nele. Vista-o com uma calcinha bonita. Estimule-o nos contatos, na próstata, em outros arrepios. Se ele curtir essa inversão de papéis na sua companhia, acredite: ele nunca terá sua masculinidade afetada e você ainda poderá testar e usar toda a sua dominação. Esse fetiche é fantástico até para aprender a ter respeito no sexo . Para compreender o universo do outro. E é divertido. A sexualidade resolvida é sinal de avanço intelectual, como diria Wilhelm Reich.

Sério: sempre imagino o Hércules masculino, símbolo de homem bruto, vestido de mocinha. Que delícia, descobrir a delicadeza dele em meio a toda aquela força. Vejo Onfale, vestido como uma rainha, esbanjando charme e sensualidade... Esses caras nunca teriam suas masculinidades questionadas.

E não estamos falando aqui de dominação feminina ou supervalorização masculina: estamos falando apenas de inversão de papéis, e de como isto pode ser saudável para os dois. É para isso que o fetiche serve: para lhe deixar feliz, e deixar a todos felizes; para fazer de sua mente um parque de diversões. Simples assim. Vá se divertir. Vá gozar. Permita-se. Procure saber, ler, sentir, ver, usando sensibilidade – acorde as suas sensibilidades. Cordas, couros, látex, vinil, ceras e ousadias. Quer saber mais sobre o universo dos fetiches? Acompanhe a coluna do Heitor Werneck  no iG Delas!


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