Com medo de resultados artificiais e efêmeros de preenchedores, pacientes agora buscam técnicas com gordura
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Com medo de resultados artificiais e efêmeros de preenchedores, pacientes agora buscam técnicas com gordura

A reversão de preenchimentos tem crescido no mundo, após um boom de resultados esteticamente exagerados e artificiais. Com isso, alternativas que estavam esquecidas passam a vigorar com força total: é o caso da lipoenxertia, uma injeção de gordura autóloga (do próprio paciente).

Segundo relatório da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), houve um crescimento de 14,3% no uso dessa técnica que já é a oitava mais realizada no mundo entre os cirurgiões plásticos. A BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons) explica que as transferências de gordura não têm risco de rejeição e oferecem um preenchimento totalmente natural e que realmente dura.

Segundo o cirurgião plástico Dr. Carlos Manfrim, associado fundador da BAPS, no rosto, a gordura pode ser aplicada, por exemplo, nas bochechas para enfrentar o aspecto cansado da face com o envelhecimento ou após emagrecer demais. “Em nossa face, possuímos coxins gordurosos que perdemos com o envelhecimento.Eles funcionam como um arcabouço, dando estrutura, volume e sustentação para o rosto. Então é perfeitamente compreensível que pessoas que perderam essa estrutura, por idade ou por um emagrecimento rápido (lembrando que perdemos gordura no corpo todo, inclusive no rosto), queiram buscar métodos de repor o volume perdido, a fim de tratar o aspecto envelhecido. Nesse contexto, a lipoenxertia ressurge com grandes resultados para realçar a beleza do paciente”, acrescenta o médico.

A BAPS esclarece que, apesar de ser um injetável, a lipoenxertia exige uma lipoaspiração, portanto é um tratamento cirúrgico e que deve ser feito por um médico com certificação. Em tese, é um procedimento “toma lá, dá cá”, que envolve a retirada de tecido adiposo de uma parte do corpo e a redistribuição para outra.

“Simplificando, a gordura é removida por lipoaspiração de áreas onde não é desejada e, em seguida, tratada e 'colhida' para ser usada para esculpir áreas que podem ter deficiência de volume”, diz o médico Dr. Carlos. Segundo a BAPS, através de pequenas cânulas, injeta-se a gordura no local desejado, em um procedimento que é feito, quando necessário, sob anestesia local, sendo assim livre de dor ou desconforto.

“Mesmo sabendo que cerca de 50% do material enxertado pode ser absorvido pelo organismo, a quantidade restante é repleta de células-tronco capazes de melhorar a qualidade e o aspecto da pele”, afirma o cirurgião plástico. “No geral, os enxertos de gordura facial tendem a ter uma taxa de aceitação mais alta do que as transferências feitas no corpo. No rosto, a gordura é considerada um preenchimento orgânico. Podemos adicionar gordura em áreas de depressão, como a área temporal, bochechas, sulcos nasolabiais, linhas de marionete e, às vezes, no próprio lábio”, diz o Dr. Carlos Manfrim.

A lipoenxertia experimentou um crescimento de 14,3% nos últimos anos
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A lipoenxertia experimentou um crescimento de 14,3% nos últimos anos

No entanto, a BAPS explica que a lipoenxertia também pode ser feita nos seios, glúteos, mãos, coxas e mais recentemente até no músculo para proporcionar hipertrofia muscular. “Não há benefícios apenas quando aplicamos no rosto. Embora possamos não querer gordura corporal extra em torno de nossas cinturas, para remodelar seios e bumbum, um pouco de gordura pode ajudar. Recentemente, uma técnica de lipoaspiração promove um melhor redesenho do abdômen. Chamamos de UGraft, uma transferência de gordura guiada por ultrassom e feita em conjunto com a lipoaspiração. Em suma, é um procedimento para retirada de gordura localizada de um local e a sua transferência para o tecido muscular. Com isso, há uma hipertrofia (aumento) natural desse músculo, redesenhando o abdômen para um porte mais atlético”, explica o médico Dr. Carlos Manfrim.

E os resultados? E a duração?

A quantidade de gordura que permanece no corpo é altamente dependente da anatomia do paciente, bem como da técnica e experiência específica do cirurgião. “Geralmente, 30 a 50% da gordura injetada permanecerá. Alguns pacientes se beneficiarão de uma segunda sessão”, diz o médico.

Após um período de seis meses, é possível ver a ‘fixação permanente’ da gordura. “Depois desse período, as células de gordura que permanecem devem continuar a longo prazo”, diz o médico. Segundo a associação, a transferência de gordura é mais do que uma simples injeção para preencher volumes: ela também age em um processo regenerativo.

“Não pense em quanto tempo a gordura permanece no corpo em termos de duração ou quanto permanece em termos de porcentagem ou volume, porque não é só essa a questão. Além de 'adipócitos', ou células de gordura maduras, a gordura também contém outros elementos importantes, como células-tronco, células precursoras ou progenitoras que eventualmente crescem e se tornam células de gordura totalmente formadas, fibroblastos, vasos sanguíneos microscópicos, e as próprias fibras - todas as quais parecem desempenhar seus próprios papéis nesse processo regenerativo e rejuvenescedor”, conta o médico.

Descobertas relatadas em um estudo no Plastic and Reconstructive Surgery Global Open afirmam que, com a transferência de gordura, a presença de novo suprimento sanguíneo, crescimento celular, teor de fibras e outras coisas associadas à gordura são observadas na pele por volta dos seis meses, e estas mudanças parecem ser de longa data.

Segundo a BAPS, isso significa que a gordura injetada continua a criar um novo crescimento de tecido após ter sido injetada, o que parece ser um tecido regenerado vivo e funcionando normalmente. “Embora a transferência de gordura passe por um processo de reabsorção, normalmente a parte restante da transferência de gordura pode durar para sempre”, diz o médico. “Mas sempre procure um médico para realização do procedimento”, finaliza.

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