O Dia dos Namorados chegou e, com ele, aquele baque da solidão de quem está sozinho faz tempo, ou terminou um relacionamento, o que pode transformar a data em um momento difícil para muitas pessoas. Os especialistas em relacionamento garantem que dá para passar pelo 12 de junho sem cair na bad.
Anderson Santos de Jesus, psicólogo do Núcleo de Apoio Psicológico e Psicopedagógico da Faculdade Santa Marcelina, diz que é essencial lembrar que o amor-próprio é tão importante quanto o amor romântico. "Para evitar o sentimento de tristeza nesta data, considere planejar atividades que você goste e que te façam sentir bem consigo mesmo. Tire um tempo para se cuidar, seja com um banho relaxante, uma sessão de meditação ou assistindo ao seu filme favorito. Conectar-se com amigos ou familiares também pode ser uma ótima maneira de sentir-se amado e valorizado", recomenda.
O terapeuta também sugere organizar um encontro virtual ou presencial com amigos que estão na mesma situação pode transformar o dia em uma celebração divertida e leve. "Além disso, envolver-se em hobbies ou aprender algo novo pode proporcionar uma sensação de realização e alegria. O importante é focar em si mesmo e nas coisas que te fazem feliz, lembrando que o amor-próprio é a base para todas as outras formas de amor. E no mais é ser feliz, até que aquela “tampa da panela” apareça", sugere Jesus.
Renata Fornari, especialista em autoconhecimento, costuma dizer que se você está se sentindo carente de amor, é porque está precisando do amor mais importante da pessoa da sua vida: o seu. "Claro que todos nós temos necessidade de amor, mas necessidade e carência são coisas completamente diferentes. Eu sempre recomendo essa reflexão: você se apaixonaria por quem é? Se a resposta for negativa, então como você acha que outra pessoa vai se apaixonar de forma duradoura, se você não ama quem você é por natureza e não desfruta da própria companhia?", diz.
Se você não está em um relacionamento amoroso nesse momento, aproveite a data do Dia dos Namorados para focar no deu amor próprio e no autoconhecimento. "Sempre enfatizo a importância de manter uma relação saudável consigo mesmo, até porque qualquer relacionamento vai refletir a relação que você tem com você. Isso não deve ser algo feito apenas para atrair um parceiro, mas sim um compromisso contínuo", ensina.
Cuidar de si, valorizar suas qualidades e estar em paz com quem você é, são aspectos cruciais. "Por isso, nesse Dia dos Namorados, se dê um presente, saia para fazer algo especial com você, faça por você exatamente aquilo que você gostaria que uma pessoa que se relacionasse com você fizesse. Pode ter certeza de que a chegada dessa pessoa será só uma questão de tempo, quando você cultiva de forma contínua uma relação amorosa e saudável com você mesmo", acredita a especialista.
Para a psicanalista Andréa Ladislau, ser solteiro é perfeitamente natural, seja por escolha própria ou mesmo pela falta de oportunidade de gerar afinidade e intimidade com o outro. Tanto que, nessa época do ano em que o amor é exaltado, muitos solteiros conseguem conviver bem com a situação, enquanto outros se sentem desconfortáveis, como um peixe fora da água em meio a um mar de casais.
"Muitos adultos solteiros ainda sofrem pressão e preconceito para mudar esse status. O impacto dessa condição mexe, com certeza, com a autoestima e a necessidade de recuperação da autoimagem deste indivíduo que se sente encurralado para se encaixar a uma dita normalidade, imposta pelo social, de que todas as pessoas precisam estar vivendo uma relação. É a ditadura da falsa ilusão de que para ser bem sucedido, bem resolvido, é preciso constituir uma família tradicional. Um dano que, entre tantos outros estereótipos, são nocivos para aqueles que não seguem os padrões", explica Andrea.
"Podemos classificar essa pressão, não apenas como preconceito, mas também como constrangimento. Um constrangimento que pode levar o indivíduo a se sentir deslocado e oprimido a ponto de desenvolver transtornos psíquicos importantes, como: depressão, pânico, fobia social. Além disso, tudo que não acontece de maneira natural, pode dificultar na construção das habilidades comportamentais e relacionais do ser humano. Impedindo essa pessoa de se enxergar dentro de uma relação saudável ou mesmo de ser merecedora de ser amado ou correspondida, correndo o risco de abraçar a solidão", analisa.
A solidão, diz a psicanalista, é coisa séria. "Pode doer tanto, no desespero, que ficamos sem razão da realidade. É porque alguém em algum momento nos amou, mesmo que tenha amado mal, que a gente aprende a amar, ainda que ame mal. Amar é algo que aprendemos sendo amados. Afinal, nossas primeiras experiências de amor são irremediáveis, pois ninguém sai imune ao sofrimento e a dor. Solidão e carência afetiva se preenchem com autocuidado, dignidade, autoestima, amor próprio e autoconfiança para abandonar o comportamento autodestrutivo e criar uma independência afetiva. Miramos no amor e acertamos na solidão, principalmente, quando buscamos em nossos parceiros formas de resolver nossos problemas internos, que só serão resolvidos por nós. Quando não enxergamos nosso potencial, tendemos a sofrer na solidão, muitas vezes, até por medo do desamparo, medo de ser abandonado e da rejeição. A dor da solidão leva a depressão, ansiedade, fuga da realidade, compulsões em vícios e desordem emocional", alerta.
Portanto, o amor não é ausência de solidão. Solidão não é ausência de amor. No entanto, um sentimento não exclui o outro. "Não precisamos estar com alguém para sentir amor. É preciso ser bem resolvido consigo mesmo. Porque associamos estar sozinho a não ter amor, não ser amado, ser rejeitado, não ser escolhido, por isso o medo da rejeição. E essa ansiedade do estado civil acaba moldando comportamentos, crenças, emoções, tudo isso com medo de sofrer. A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana", conclui Andrea.
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