Cerca de 3 a 5% dos mamíferos são monogâmicos, e estudos indicam que os hormônios ocitocina e vasopressina estão relacionados à tendência à monogamia. A ocitocina, por exemplo, está ligada a vínculos afetivos duradouros.
Mas mais do que isso, temos também fatores culturais que influenciam poderosamente a forma como nos relacionamos. Nós conversamos com a psicóloga mineira e terapeuta cognitiva comportamental, Juliana Pereira, especialista em relacionamentos, e esclarecemos dúvidas sobre o tema.
Segundo ela, a dinâmica cultural de uma sociedade pode moldar as expectativas, preceitos e valores em torno da relação afetiva. “Nós temos regras culturais condicionais e tradicionais ao longo do tempo que influenciam o que esperamos de nossos parceiros e as representações culturais de relacionamentos monogâmicos na mídia, literatura e educação acabam tendenciando essas atitudes e comportamentos das pessoas em sua relação com a monogamia.
Juliana também cita sobre as crenças religiosas, que acaba exercendo papel importante na promoção e manutenção desse tipo de relação, bem como a valorização da unidade familiar que pode promover a monogamia como uma norma.
Com relação a distinção entre monogamia social e sexual, a psicóloga conta que ela tem a ver com os diferentes aspectos dos relacionamentos e compromissos entre parceiros.
“A monogamia social tem a ver com a formação de laços emocionais e compromissos duradouros entre dois parceiros. Envolve a construção de relacionamentos benéficos, compartilhamento de vida, planos futuros e desenvolvimento de uma conexão emocional profunda. E, embora haja um compromisso emocional e duradouro, ela não implica necessariamente exclusividade sexual. Pode haver acordos ou flexibilidade de relações sexuais fora do relacionamento principal.”
No caso da monogamia sexual, Juliana explica que o foco está na fidelidade, com ambos os parceiros concordando em não ter relações sexuais com outras pessoas, mas, ao mesmo tempo, pode não ter a ver com um acordo emocional duradouro.
Em muitos relacionamentos, porém, especialmente aqueles que buscam uma abordagem mais flexível em relação à monogamia, é comum estabelecer acordos e dinâmicas personalizadas. Esses acordos são adaptados às necessidades e especificações de cada casal. Vale lembrar que o diálogo entre as partes é fundamental para alinhar expectativas e desejos com relação ao outro.
Entre esses acordos estão:
Monogamia Social com Liberdade Sexual:
Compromisso emocional duradouro, mas com a permissão para que ambos os parceiros tenham relações sexuais fora do relacionamento, desde que haja comunicação aberta e consentimento.
Acordos de Comunicação Aberta
: Compromisso de manter uma comunicação aberta sobre desejos, sentimentos e experiências fora do relacionamento. A transparência é fundamental para garantir a compreensão mútua.
Poliamor
: Aceitação e consenso para ter relacionamentos românticos ou sexuais com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, com transparência e comunicação constante entre todos os envolvidos.
Relacionamentos Abertos
: Casal permite atividades sexuais fora do relacionamento principal, muitas vezes com a condição de que haja honestidade e respeito mútuo.
Acordos de Não Monogamia Consensuais : Casal decide conscientemente explorar a não-monogamia, seja sexual ou emocional, e estabelece regras claras e limites para garantir o respeito mútuo.
Casais que Vivem Separados : Casais que optam por viver em locais diferentes, mantendo um compromisso emocional, mas permitindo flexibilidade geográfica para suas vidas individuais.
Casais que Compartilham Experiências com Outros : Casal pode concordar em compartilhar experiências sociais ou recreativas com outras pessoas, mantendo uma base sólida em seu relacionamento principal.
“É crucial notar que esses acordos e dinâmicas são altamente variáveis e independentes da comunicação aberta, consentimento mútuo e respeito entre os parceiros. A chave para o sucesso desses arranjos é uma compreensão clara e contínua das expectativas e limites estabelecidos pelo casal”, finaliza.
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