Mesmo que você não o conheça, com certeza, já pelo menos se deparou com um de seus tantos trabalhos. Heitor Werneck é estilista, produtor cultural, figurinista e, após 20 anos acompanhando a Parada do Orgulho LGBT de perto, pelos bastidores, ele será o diretor artístico da 21ª edição do evento.

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Nesta nova fase de sua vida, o colunista Heitor Werneck quer mostrar que estamos vivendo em um período muito careta
Heitor Werneck
Nesta nova fase de sua vida, o colunista Heitor Werneck quer mostrar que estamos vivendo em um período muito careta

Além disso, para completar sua mais nova fase de vida, vai iniciar uma coluna aqui no portal iG nas próximas semanas para contar um pouco de todas as suas experiências de vida. Os textos de Heitor Werneck vão focar principalmente no tema fetiche, uma prática da qual é adepto, mas ele não vai ficar apenas nisso. O produtor também vai trazer ao site questões importantes do universo LGBT.

“Eu sempre fui muito ligado à comunidade LGBT. Entendo que ainda há muita falta de respeito dentro dela. Há desrespeito com mulheres, negros, crenças… Um xinga o outro de passivo ou ativo, por exemplo. A comunidade não é unida e acaba não sendo representada politicamente”, afirma em entrevista ao Delas.

Este é um dos problemas que ele vai levar para a Parada LGBT. Se o público do evento nos últimos anos acabou se esquecendo que o objetivo central de toda a festa é levantar questões como a homofobia, transfobia e lesbofobia, está na hora de trazer isto de volta.

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Apesar de já ter presenciado esses problemas entre gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais, ele afirma que não é uma questão apenas do universo LGBT. “O Brasil se tornou um pouco acomodado. Não há preocupação política em nenhum segmento. A comunidade negra é muita ativa, mas o baixo engajamento político afeta tanto homossexuais quando héteros.”

Parada do Orgulho LGBT

O produtor recebeu a missão de teatralizar mais o espetáculo que ocorre todos os anos na Avenida Paulista, a mais importante da cidade de São Paulo. “Vou mostrar mais arte, não ficar apenas na música eletrônica. Tem muita gente bacana no universo LGBT. Hoje em dia, muitas destas pessoas não são mostradas. É o mundo que eu vivo e que precisa ser mostrado.”

Além da parada, que vai ocorrer em 18 de junho, Heitor Werneck também vai ser responsável pela Feira Cultural LGBT. Ele vai transformar tudo em um grande cabaré, tentando homenagear os diversos personagens presentes neste universo.

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Apesar da sua proximidade com a comunidade LGBT, o produtor não costuma levantar nenhuma bandeira – nem em relação a sexualidade, nem do mundo punk ou do fetiche, em que também pertence. “A minha posição é libertária. Ninguém precisa expor sua sexualidade”, explica, mostrando que o importante mesmo é respeitar os outros independentemente de seus ideais.

Novo colunista

A coluna de Heitor Werneck  aqui no Portal iG vai ser lançada nas próximas semanas. O foco principal vai ser fetiche, lembrando que o produtor também é responsável pelo Projeto Luxúria em São Paulo, festa que explora os maiores desejos sexuais das pessoas. Mas não pense que, por isso, o tema vai ser apenas a relação sexual.

“Vou falar também de moda e comportamento, temas que estão muito ligados a sexualidade. Você não exerce sua sexualidade, por exemplo, se não esteja vestido”, explicou. Outro ponto a ser abordado vai ser a vida noturna. Diferentemente do que muitas pessoas possam acreditar, há, sim, todo um mundo acordado enquanto a maioria está dormindo. Existe uma cultura da noite que vai ser retratada pelo novo colunista. O público? Para todos.

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Nesta nova fase de sua vida, Heitor Werneck quer mostrar que estamos vivendo em um período muito careta, e isso precisa ser mudado. “Eu já vi muita loucura bacana, uma política mais legal, comida mais saudável, pessoas mais simpáticas, hoje não é assim. Quero fazer uma São Paulo mais louca, criar uma história nova, viver este período de renovação”, completa.

Projeto Luxúria

A festa que ocorre desde 2006 na capital paulista leva para a cidade festas temáticas ligadas ao fetiche. A ideia surgiu após Heitor Werneck precisar largar sua marca de roupas Escola de Divinos por conta de um câncer que desenvolveu. Foi uma amiga que o aconselhou a levar seu gosto pelo fetiche e outro nível, reproduzindo aqui no Brasil festas que já costumam acontecer no exterior.

Não é como um clube de swing, onde as pessoas podem fazer sexo explicito. A verdade é que tudo tem seu espaço, lugar e horário certo. Há ambiente reservado para quem quer transar, para quem gosta da escatologia, aqueles que curtem o Pet Play e a podolatria. Isto só para citar alguns, já que o que mais aparece mesmo são os adeptos do spanking, da submissão e dominação.

Além disso, nem tudo pode. Menor de idade não entra, por exemplo, e o uso e comércio de drogas também não pode ser feito. Pessoas inconvenientes acabam sendo retiradas e nada de fotografar dentro do local, nem mesmo com celulares.

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Suspensão corporal e apresentações que envolvam sangue ou agulhas são só feitas por ele, que tem medo que outras pessoas acabem se machucando. Brincadeiras com fogo, o Fire Play, não são permitidas, e Heitor tenta acompanhar todas as cenas de spanking para que ninguém se machuque.

A próxima festa, que ocorre mensalmente, vai ocorrer no dia 13 de maio, com o tema “Circo dos Horrores”. Os valores de entrada variam com a adequação ao dress code. A base é R$ 150 o básico ou R$ 200 com consumação, mas quanto maior é a produção para o evento, mais barato a pessoa vai pagar.

Heitor Werneck sabe que no Brasil ainda é muito caro manter o estilo fetichista, então não vai cobrar demais de quem já gastou tanto com a produção. O produtor garante que a faixa etária do público varia muito. Já o som fica por conta de música dos anos 80 – um gosto típico do brasileiro, brinca Heitor – e rock.

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