Somos namorados, sim, mas podemos ficar com outras pessoas quando sentimos vontade. Isso é um relacionamento aberto. Viver um romance assim pode atrair olhares desconfiados. Há quem o defenda, mas outros que sabem que nunca conseguiriam encarar uma relação assim, seja por ciúmes ou outros motivos. 

A fidelidade é necessária?

Olga e Marcelo vivem muito bem em um relacionamento aberto
Arquivo pessoal
Olga e Marcelo vivem muito bem em um relacionamento aberto

Conversamos com mulheres que vivem ou já viveram um relacionamento aberto . Enquanto para uma delas esse é o caminho ideal para um futuro feliz ao lado do amado, outra confessa que não é "moderninha" o bastante e que nunca de sentiu tão insegura na vida. 

Primeira e única tentativa

Ana Paula Souza, de 23 anos, nunca tinha vivido um namoro desse tipo, mas no fim de 2014 conheceu um rapaz por um aplicativo de relacionamento e começou a ficar com ele. Depois de encontros quase que diários por cerca de um mês, eles decidiram ter aquela conversa: “O que a gente está vivendo?”

Ele afirmou gostar muito de Ana e que estava curtindo a relação, mas “não acreditava que uma pessoa poderia ser posse de outra”, conta Ana Paula em um papo com o Delas. Foi então que decidiram por um namoro do tipo aberto.

A relação serviu como um teste para Ana Paula. “Queria ver se eu seria ‘moderninha’ mesmo”, diz a jovem sobre a decisão. Mas não foi exatamente o que aconteceu: a insegurança tomou conta dela.

Foi difícil lidar com os sentimentos. “Se ele não podia sair comigo em um sábado à noite, pensava: ‘Será que ele está com outra garota?’ Quando ele pegava o celular no meio de um jantar, pensava: ‘Será que ele estaria falando com outra garota?”, conta Ana.

Para complicar ainda mais, o parceiro de Ana começou a falar para ela com quem ele ficava, e isso a incomodava ainda mais. 

O relacionamento chegou em um ponto crítico quando ele começou a ficar com outra mulher de forma recorrente. “Ficava me sentindo a outra em um caso em que eu tinha vindo primeiro!”, confessa.

Depois de cinco meses nessa relação, de chorar em um táxi enquanto voltava da casa dele e escutar os conselhos do taxista, Ana Paula percebeu que relacionamentos abertos não eram para ela e terminou no mesmo dia.

Hoje, ela está em um relacionamento fechado há mais de um ano, e afirma estar muito mais feliz.

Aberto por um tempo

Maria* está em um relacionamento aberto no momento, mas acha que esta não está sendo uma boa experiência. Ela estava namorando há pouco tempo quando foi fazer um intercâmbio. Ao mesmo tempo que não queria se separar, o casal pensava que seria difícil encarar a distância. Aí veio a ideia de abrir o namoro. 

Ainda na viagem, ela diz que ficou meio confusa com a experiência. Maria conta que se sentia culpada ao ficar com os outros homens e imaginava que a situação era muito mais complicada para o namorado que seguia a rotina aqui no Brasil. Por isso, já  decidiu: quando acabar o intercâmbio, o relacionamento voltará a ser fechado. 

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Relacionamento aberto, sim!

Olga Roschel, estudante de 22 anos, já viveu outras relações não monogâmicas e, atualmente, está em uma aberta. Ela afirma preferir este tipo de relacionamento e justifica: “Essa relação que eu tenho agora é a melhor que já tive. Tenho certeza que eu e ele vamos casar e ter filhos um dia, mas agora, somos jovens e permitir um ao outro viver uma vida livre faz parte dessa certeza de que vou ficar pra sempre com ele”.

Ela acredita que muita gente termina relacionamentos ainda jovem porque quer curtir a vida, por isso  abrir o relacionamento contribui para o futuro.

Gabriela, de 23 anos, namora há três e, por algum tempo, a relação foi aberta. Ela tem um pensamento parecido com o de Olga: "Sempre tive na minha cabeça que ficar com outras pessoas não é sinal de amar menos a pessoa com quem eu estou. E restringir isso é destrutivo, porque a pessoa fica curiosa, cria expectativas e inconscientemente culpa a outra por não estar aproveitando esses momentos”.

Regras

Mesmo sendo aberto, cada relacionamento tem suas premissas. Olga afirma que, no início eles tinham uma regra de nunca ficar mais de uma vez com a mesma pessoa, fora da relação, e sempre contar um para o outro o que acontecia. Com o tempo, as regras mudaram e hoje, a única restrição é não ficar com amigos do outro.

“A nossa relação não é engessada, quando um não está se sentindo bem com alguma restrição, conversamos e mudamos”, conta Olga.

Poliamor é sinônimo de liberdade, mas ainda requer aceitação

Gabriela explica que em seu período de relacionamento aberto, ela pediu para o namorado não se envolver mais seriamente com ninguém e ele quis outras restrições. Apesar de hoje eles não terem um namoro que ela classifica como fechado, isso pode mudar: “Até hoje, a gente tem esse entendimento de que se rolar um momento de um querer ficar com outras pessoas, a gente tem espaço para conversar”.

*nome fictício

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