Esta segunda-feira (3/6) é marcada pelo Dia Mundial da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil. A data tem o intuito de alertar a população sobre os riscos e cuidados necessários para o combate ao sobrepeso em crianças e adolescentes.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que, em todo o mundo, a população com obesidade, na faixa etária entre cinco e 19 anos, aumentou dez vezes na última década. Se nada for feito, estima-se que a prevalência chegue a 254 milhões de crianças e adolescentes em 2030. Nesse mesmo ano, a perspectiva é que o Brasil ocupe o quinto lugar neste ranking.
“Para as crianças, a obesidade traz uma série de problemas cognitivos a curto prazo, como baixo desempenho na escola, falta de atenção, má qualidade do sono, bullying e depressão. No decorrer da vida, elas tendem a ser adultos obesos e a desenvolver doenças articulares, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e outras doenças crônicas”, alerta Maylla Moura Cabral, endocrinologista pediátrica da Atma Soma.
Segundo Maylla, é de extrema importância o acompanhamento regular com o pediatra para identificar precocemente o excesso de peso, receber orientações de hábitos saudáveis e tratamento adequado.
“É imprescindível estabelecer uma rotina de atividade física consistente, alimentação equilibrada, sono saudável, uso consciente dos dispositivos eletrônicos e acompanhamento multidisciplinar”, recomenda.
A nutróloga Ana Luisa Vilela revela que a obesidade é uma epidemia para toda a humanidade e a prevenção da deve começar ainda no pré-natal, caso contrário o sistema de saúde não conseguirá arcar com as doenças do futuro.
Diversos estudos destacam a importância de uma boa manutenção do peso na primeira infância para reduzir a obesidade na vida adulta e suas consequências negativas. Além do excesso de peso, o problema metabólico traz diversas doenças que podem colocar em risco a vida do indivíduo em qualquer fase da vida. Agora, estudos têm mostrado que a obesidade pode ser prevenida ainda no ventre materno, com um pré-natal adequado.
Isso se explica também pela genética. Ana Luisa Vilela explica que a composição corporal é determinada, de 60% a 80%, pela hereditariedade e mais de 300 genes estão envolvidos na regulação do peso. “Outros pontos que também influenciam são o aumento de peso da mãe e a diabetes gestacional, que levam a uma programação metabólica no bebê que faz com que ele tenha piores preferências alimentares, obesidade e síndrome metabólica na vida adulta”, conta.
Aleitamento é prevenção
A amamentação, segundo Ana, previne o alto ganho de peso na infância e o risco de obesidade na fase pré-escolar. “Uma meta análise recente mostrou que as crianças amamentadas apresentam 22% menos risco de obesidade quando comparada àquelas que receberam fórmulas especiais, principalmente após os três meses de vida”, destaca.
Segundo a especialista, isso ocorre porque muitas fórmulas prontas são ricas em calorias e proteínas. “Nos primeiros dois anos de vida, o excesso de proteína está associado a uma maior produção endógena de insulina e IGF-1, hormônios ligados à diferenciação das células de gordura e do seu acúmulo. Esse mecanismo é conhecido como ‘programming’ e representa fator crucial para o desenvolvimento da obesidade e suas consequências na vida adulta”, explica.
O comportamento dos pais
A prevenção da obesidade também passa pelos atos da família. “Bebês amamentados têm melhor percepção de saciedade do que aqueles alimentados com fórmulas. Isso ocorre também porque muitos pais e cuidadores usam a mamadeira como forma de acalmar a criança, prejudicando o aprendizado correto da auto regulagem da fome”, diz a nutróloga.
O primeiro paladar das crianças é adocicado, já que o leite materno também é classificado como mais docinho. Justamente por isso é que o açúcar precisa ser evitado até os dois anos de idade pois além de ser considerado um alimento estimulante, é um grande gatilho para a compulsão e, consequentemente, a obesidade.
“Com o paladar ainda em formação, os pais precisam se conscientizar de que a criança precisa negar por pelo menos 7 vezes um alimento para então afirmarmos que ela não gosta daquilo. A primeira recusa deve ser oferecida novamente, por mais 6 vezes e em até outro formato (cozido, cru, amassadinho, em purê, assado ou grelhado). No mais, quanto mais os pais buscarem voltar às origens e oferecer os alimentos na forma mais crua e in natura, é melhor”, destaca Ana Luisa Vilela.
Incluir os pequenos no preparo das refeições também ajuda a desenvolver um bom relacionamento com a comida e estudos mostram que as famílias que fazem as refeições juntas regularmente têm menos chances de sofrer de sobrepeso e obesidade. “O bebê aprende a se alimentar com os pais e vai ter bons hábitos se os mesmos o tiverem. Famílias que priorizam frutas, verduras, legumes e grãos integrais aos alimentos industrializados têm muito mais saúde e qualidade de vida. Isso se reflete não apenas no presente, mas principalmente no futuro de todos”, conclui.
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