Pessoas que menstruam podem contar atualmente com uma gama de produtos no mercado para lidar com o sangue, desde itens descartáveis como absorventes externos e internos, a produtos reutilizáveis e ecológicos como coletores menstruais, discos menstruais e calcinhas absorventes. Ainda são escassos, porém, já foram publicados alguns estudos que comprovam tanto a eficácia como os benefícios de cada item.
Para quem têm fluxo intenso, há ainda a questão da capacidade de absorção, que precisa ser aumentada para garantir o conforto dos consumidores. “Recentemente, estamos tendo acesso a novos estudos que mostram a segurança e as vantagens de cada método. Essas comprovações científicas sobre os impactos para a saúde e os benefícios dos produtos para a menstruação são fundamentais para que as mulheres possam fazer escolhas conscientes”, comenta Mariana Betioli, obstetriz especialista em saúde íntima.
Sob a mesma perspectiva, um grupo de pesquisadores americanos decidiu investigar o melhor produto para absorver fluxo menstrual intenso, e elegeu os discos menstruais como campeões de absorção em pesquisa publicada recentemente na revista BMJ Sexual & Reproductive Health.
Os discos são, segundo a especialista, "um tipo de coletor, que tem o formato um pouco diferente e comportam um volume bem maior de fluxo, além disso, podem ser usados durante o sexo" e, além de serem os vencedores quando o assunto é capacidade de contenção, junto com os coletores menstruais, são os produtos que melhor preservam a microbiota vaginal e previnem infecções. “Poder ficar 12 horas sem precisar trocar de absorvente e ainda ter menos risco de infecção é um avanço quando se trata de higiene menstrual” explica Mariana.
De acordo com os pesquisadores, não existe um padrão da indústria quando se trata de comparar produtos tradicionais como absorventes descartáveis com produtos menstruais modernos, como coletores, discos e calcinhas absorventes. Essa recente pesquisa inova ao utilizar sangue de verdade nos ensaios em vez de água salina – comumente usada para testes na indústria-.
“Usar sangue já é um avanço, mas o ideal seria usar o fluxo menstrual nos testes, assim, além de sangue, incluiria células endometriais e secreções vaginais, mas usar sangue comum nos testes traz uma noção muito mais verídica de capacidade de absorção ou contenção dos itens”, reflete Mariana.
A obstetriz, que também é CEO da Inciclo, chama atenção para outros benefícios do disco menstrual, como a sustentabilidade e a economia. Segundo ela, por ser reutilizável, com vida útil de até 3 anos, o produto minimiza o descarte de lixo menstrual, além de não gerar mais custos por todo este período. “Ao dividirmos o valor de um disco por 36 meses, o custo mensal sai em torno de R$ 2,00, muito menor que o de um pacotinho de absorventes”, calcula. Para quem tem fluxo intenso, a especialista ainda inclui nos benefícios questões de saúde íntima.
“Quem tem fluxo intenso e faz uso de produtos externos, além de maior risco de vazamentos, prejudica a saúde íntima por manter umidade na região e o contato direto do sangue com a pele, o que torna a área propícia ao desenvolvimento de infecções e doenças. Por ser de uso interno, o disco menstrual permite que a região da vulva fique arejada e sem contato direto com o sangue, o que minimiza o risco de desenvolver essas infecções”, finaliza.
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