Ganho de peso acontece mesmo na menopausa?
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Ganho de peso acontece mesmo na menopausa?

Estudos mostram que mulheres em período de menopausa podem ganhar de 2 a 7 quilos, além de enfrentar as mudanças na distribuição de gordura no corpo, o metabolismo mais lento e os temidos calores repentinos, ou "fogachos", e o envelhecimento são responsáveis por muitas das mudanças nessa fase.

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"Um consenso é que com a idade, principalmente após os 40 anos, existe uma tendência natural de ganho de 0,5 kg por ano, independente da alteração hormonal da menopausa, e isso ocorre pois com o processo natural do envelhecimento existe uma tendência de substituição da massa muscular por gordura e consequente queda do metabolismo, assim o número de calorias queimadas por dia é menor", explica Dra. Tassiane Alvarenga Endocrinologista e Metabologista pela SBEM.

Na mesma linha, o Dr. Igor Padovesi, ginecologista membro efetivo da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, acrescenta: "O simples fato de envelhecer predispõe ao ganho de peso por alguns motivos: metabolismo mais lento, mais tempo em frente a telas e menos movimento, insônia, medicamentos que podem levar ao ganho de peso e estresse". 

Por outro lado, ambos concordam com as evidências científicas que já mostram que a menopausa acentua este processo e leva a um aumento da cintura abdominal, elevação da gordura corporal e ganho de peso, o que enfatiza a necessidade de cuidados específicos para as mulheres que lidam com esse momento de vida.

Como acontece o ganho de peso na menopausa

Tudo começa na diminuição do estrógeno no organismo, que é um hormônio fundamental no metabolismo feminino. Dra. Tassiane explica que ele atua no músculo, no fígado, nas células pancreáticas produtoras de insulina e no tecido adiposo (gordura) onde ele atua para prevenir o acúmulo de gordura e inflamação. "A alteração deste equilíbrio metabólico leva a um aumento da deposição de gordura abdominal e ganho de peso em forma de gordura visceral, que é a gordura ruim, relacionada a um maior risco de doenças do coração", detalha a endocrinologista.

Esse desequilíbrio, segundo Dr. Padovesi, provoca aumento do hormônio da fome (grelina) e diminuição do hormônio da saciedade (leptina). "Ou seja, neste período, a mulher está mais sujeita a comer mais e gastar menos", constata o ginecologista.

Como se esse contexto já não fosse suficiente, ainda existe a lida com o metabolismo mais lento, que significa que o corpo da mulher tem mais dificuldade para gastar energia e mais tendência a acumulá-la. Dra. Tassiane cita o resultado de um estudo da Oxford University que comparou mulheres entre 35 e 45 anos com mulheres de 55 a 65 anos: as mulheres do segundo grupo apresentaram uma taxa de gasto energético menor.

Apesar desses fatores, os médicos anunciam que a boa notícia é que a opção de terapia hormonal não tem interferência direta na elevação do peso corporal. "Pelo contrário: ao melhorar a qualidade de vida com a terapia hormonal, gera-se uma melhora na distribuição de gordura corporal e a mulher se torna mais ativa fisicamente", argumenta Dr.Igor, ponderando que os riscos e benefícios da terapia hormonal devem sempre ser analisados seriamente, a fim de se obter o maior benefício com o menor risco. "Um novo estudo com mais de 1.000 mulheres na pós-menopausa, com idades entre 50 e 80 anos, descobriu que aquelas que estavam em terapia hormonal tinham níveis significativamente mais baixos de gordura da barriga", complementa.

A Dra. Tassiane concorda, ao lembrar de um artigo de 2018 da revista JCEM, que constatou diminuição significativa da gordura visceral nas participantes da pesquisa que receberam terapia hormonal. O estudo analisou 1500 mulheres entre 50 e 80 anos.

Apesar da reposição hormonal ser avaliada pelos médicos como neutra no ganho de peso, os especialistas não deixam de alertar sobre os efeitos danosos de estar acima do peso ideal neste momento da vida feminina.

"Está comprovado que mulheres com diagnóstico de obesidade (com índice de massa corporal acima de 30kg/m2) podem apresentar agravamento dos sintomas típicos da menopausa", afirma Dra. Tassiane, acrescentando que a condição contribui com uma piora da qualidade de vida e um maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Dr. Padovesi concorda: "Quanto maior o IMC, maior a incidência de 'fogachos' e, consequentemente, pior a qualidade do sono e a qualidade de vida em geral".

Condutas ideais para perda de peso na menopausa

A atividade física é a primeira e grande bandeira defendida pelos especialistas. "Se existe um antídoto para este problema, um dos principais ingredientes é a prática de atividade física", frisa Dra. Tassiane, evidenciando os benefícios diretos das práticas físicas, como redução no índice de massa corporal, diminuição de risco cardiovascular, de diabetes, hipertensão e dislipidemia. A endocrinologista também pede foco na reeducação alimentar, que pode ser mais um pilar no combate à obesidade, adicionando frutas, verduras, grãos integrais, carnes magras, nozes e castanhas no cotidiano alimentar.

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Para completar a receita mais possível de se fazer sem grandes intervenções: boas noites de sono. "É fundamental para o controle alimentar no dia seguinte. Dormir mal gera o aumento do hormônio da fome (grelina) e uma diminuição do hormônio da saciedade (leptina) e, além disso, no outro dia, o cansaço pode tornar impossível treinar.", alerta a especialista.

A isso tudo, Dr. Padovesi reforça a perseguição de um estilo de vida saudável e adiciona como conselhos de médico: o gerenciamento de estresse, a busca de boas conexões sociais e o cuidado com bebidas alcoólicas e tabagismo.

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