Combatendo a desigualdade de gênero nas organizações
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Combatendo a desigualdade de gênero nas organizações

Ao longo da minha carreira, percebi uma marcante disparidade na qualidade profissional entre colegas. Mulheres altamente competentes enfrentam a necessidade constante de comprovar suas habilidades, especialmente as negras, que lidam com o dobro de desafios para alcançar o mesmo reconhecimento. Conclui que, muitas vezes, o desempenho mínimo de um homem é tolerado e justificado por diversas razões, enquanto o máximo alcançado por uma mulher é frequentemente subvalorizado, resultando em custos significativos por qualquer deslize. 

A representação feminina no cenário corporativo é um tema complexo e multifacetado. Apesar da presença inegável de mulheres em diversas áreas e níveis hierárquicos, barreiras persistentes impedem seu acesso a posições de liderança e tomadas de decisão estratégicas. A situação é ainda mais preocupante para pessoas trans e travestis, que enfrentam obstáculos únicos no mercado de trabalho. Preconceitos arraigados frequentemente as levam a abandonar os estudos precocemente, resultando em uma predominância de atividades informais ou relacionadas ao mercado do sexo. A falta de formação técnica também é um desafio, com 57% das pessoas trans desprovidas de qualificação específica para cargos no mercado de trabalho, segundo o Mapeamento de Pessoas Trans de 2022.

Diante deste cenário, a discriminação de gênero permeia decisões de contratação e promoção, prejudicando o progresso profissional das mulheres. A ausência de programas específicos de desenvolvimento e mentoria agravam o quadro, assim como as dificuldades na conciliação entre trabalho e família, devido à falta de políticas e opções flexíveis de trabalho.

Apesar desses desafios, é encorajador observar organizações reconhecendo a importância da diversidade de gênero e implementando medidas para promover a igualdade no local de trabalho. Programas de mentoria, políticas de licença parental equitativas e esforços para eliminar práticas discriminatórias são indicadores positivos. No entanto, o progresso é gradual e requer um comprometimento contínuo, juntamente com a criação de uma cultura organizacional que valorize a diversidade.

Um exemplo prático são as formas de recrutamento, onde é possível adotar práticas que eliminem qualquer viés de gênero. Isso inclui a revisão das descrições de cargos, a promoção de painéis de entrevistas diversificados e uma abordagem justa e respeitosa. Além disso, garantir igualdade salarial para funções equivalentes e oferecer oportunidades iguais de desenvolvimento e progressão de carreira, contribuem para desafiar estereótipos relacionados às capacidades e contribuições profissionais.

Finalmente, as redes de apoio fortalecem a visibilidade das mulheres, destacando suas realizações e contribuindo para superar desafios relacionados à invisibilidade. Essas estratégias, quando implementadas com consistência e intencionalidade, não apenas criam ambientes mais inclusivos, mas também pavimentam o caminho para uma representação feminina mais robusta e equitativa nas organizações. 

Romper essas barreiras é uma jornada coletiva que exige compromisso e ação contínua, para que o potencial de todas as pessoas –  independentemente de gênero, raça ou orientação sexual –, possa ser plenamente realizado.

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