Neste mês, em que se comemoram globalmente a luta e as conquistas das mulheres pela igualdade de gênero, é preciso reforçar a urgência das empresas direcionarem suas estratégias e políticas de diversidade e inclusão para o desenvolvimento, retenção e capacitação das mulheres.
As profissionais enfrentam diversos obstáculos no mercado de trabalho, como desigualdade salarial e falta de oportunidades de crescimento, além de sofrerem com a sobrecarga de responsabilidades familiares e domésticas. Esses desafios não apenas impactam suas carreiras e saúde, mas também perpetuam estereótipos de gênero. Portanto, é necessário que tanto as empresas quanto a sociedade trabalhem para eliminar essas barreiras e fomentar a igualdade de
oportunidades.
Para comprovar esse cenário, destaco um estudo recente da Think Olga, uma ONG de inovação social que utiliza a comunicação como principal ferramenta, aliada à tecnologia e estratégias de educação, para criar impacto positivo na vida das mulheres do Brasil e do mundo. O estudo mostra que as brasileiras estão sobrecarregadas com jornadas duplas ou triplas, pressão financeira e o desafio de equilibrar várias responsabilidades, levando-as à exaustão física, emocional e psicológica.
O resultado do estudo denominado “Esgotadas”, que foi realizado com 1.078 mulheres de 18 a 65 anos em todo o país, revela que 86% delas consideram ter uma carga elevada de responsabilidade, muitas vezes sendo as únicas ou as principais provedoras do lar. Quanto aos impactos dessa sobrecarga na saúde mental, 45% já receberam diagnóstico de ansiedade, depressão e/ou outros transtornos mentais, e 68% precisaram de acompanhamento médico.
O Grupo Soulan tem como propósito "Ajudar você a trabalhar mais feliz". Com base nisso, realizamos uma pesquisa por meio do LinkedIn da empresa para entender as demandas e necessidades das profissionais que enfrentam essas dificuldades impostas pelas múltiplas jornadas, que muitas vezes impactam a ascensão profissional dentro das organizações. Ao todo, realizamos quatro pesquisas e contamos com respostas de 7.477 mulheres.
A pesquisa revelou que o formato de trabalho preferido por cerca de 4.185 respondentes é o híbrido (com mais dias remotos), com 41% das preferências. Em segundo lugar está o trabalho 100% remoto, com 36% dos votos, seguido pelo híbrido (com mais dias presenciais), com 15%, e o trabalho totalmente presencial, com 8%. Essa tendência reflete a busca por modelos de trabalho que permitam uma integração mais harmoniosa entre as demandas profissionais e as
necessidades pessoais, destacando a importância de adaptar as práticas organizacionais para atender a essas expectativas.
Além de determinar o formato de trabalho mais alinhado aos objetivos das profissionais do sexo feminino, visando o equilíbrio entre as exigências do ambiente profissional e pessoal, também examinamos os benefícios que as mulheres valorizam e desejam que as empresas ofereçam para promover um dia a dia mais equilibrado, especialmente em relação à saúde.
Entre os benefícios mais votados por 1.458 profissionais estão: academia, com 33% dos votos; atendimento psicológico, com 27%; pausas programadas durante o expediente, com 25% da preferência; e terapias alternativas, como yoga, pilates e massagem, com 15% dos votos.
A preferência pela academia pode ser atribuída aos benefícios físicos e mentais associados à prática de exercícios, incluindo a melhora da autoestima, da autoconfiança e das respostas imunológicas. Em segundo lugar, o atendimento psicológico destaca a importância da saúde mental no ambiente de trabalho, indicando a necessidade de as empresas ofertarem suporte emocional aos funcionários. Também refletem a busca por um equilíbrio entre corpo e mente o desejo de ter pausas programadas durante o expediente e as terapias alternativas, sugerindo que as profissionais valorizam benefícios que promovam seu bem-estar integral.
Outro ponto analisado refere-se à satisfação das mulheres com o emprego atual, em termos de reconhecimento da liderança, nível salarial e benefícios oferecidos. Os dados da pesquisa, que teve 1.515 respostas, indicam que 42% das mulheres buscam uma nova colocação por não se sentirem valorizadas no emprego atual; 27% estão satisfeitas, mas veem espaço para melhorias; 23% estão insatisfeitas; e 7% estão totalmente satisfeitas. Esses resultados destacam a importância de programas de valorização para reter talentos e melhorar o ambiente de trabalho.
Um tema relevante e que impacta diretamente na ascensão profissional é a capacitação, fundamental para o desenvolvimento pessoal e profissional de qualquer trabalhador, independentemente inclusive do seu gênero. Com isso em foco, perguntamos às mulheres quais são seus planos para este ano em termos de aprendizagem e aquisição de novos conhecimentos.
Dos 319 votos obtidos nessa questão, apuramos que 62% das mulheres estão buscando um curso de especialização, 27% procuram autoconhecimento, 7% não querem fazer novos cursos e apenas 4% querem fazer um curso corporativo. Os dados revelam que a maioria delas planeja investir em especialização ao longo do ano, indicando um desejo de aprimoramento técnico e atualização de habilidades. Já a busca por autoconhecimento sugere uma preocupação com o desenvolvimento pessoal, que também pode impactar positivamente na carreira.
Em relação à pouca preferência por cursos corporativos, interpretamos esse dado como um indício de um maior interesse por treinamentos mais personalizados, voltados para atender necessidades individuais. Isso sugere o desejo de buscar aprendizados que possam contribuir de forma específica para o avanço na carreira.
Com base nas informações levantadas, percebemos a urgência das empresas acelerarem suas estratégias de diversidade e inclusão a partir de um olhar específico para as necessidades das mulheres. Isso é fundamental para promover a igualdade de oportunidades e criar ambientes de trabalho mais equilibrados e saudáveis para todos. Valorizar e capacitar as profissionais são passos essenciais para superar desafios e construir uma sociedade mais justa e igualitária.