Raissa e Giulia estão à frente dos negócios na Fugini
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Raissa e Giulia estão à frente dos negócios na Fugini

"Ser herdeiro é se apaixonar pelo sonho de alguém", diz Raissa Ninelli, que há quase 15 anos é responsável pela área de produção da Fugini Alimentos, empresa fundada por seu pai. Ela, que sonhava em ser delegada da Polícia Federal, viu seus planos mudarem de rumo após terminar a faculdade de Direito, que fez em São Paulo, Capital. Raissa voltou a morar Monte Alto, onde fica a matriz.

"Quando saí da faculdade, ganhei uma bolsa para ir pra Barcelona, fazer pós graduação. Meu pai me falou: sua melhor pós graduação é aqui do meu lado. Eu me apaixonei pelo sonho dele e estou na operação das duas fabricas. Meu pai, Auro, teve 3 filhas, a sucessão seria obrigatoriamente feminina. Sou formada em Direito, minha irmã do meio é engenheira de produção e a Giulia, irmã mais nova, fez administração e também trabalha no grupo", conta a executiva. 

Uma outra família divide o gerenciamento, a do sr. Koge, que já foi o maior produtor de cebola do Brasil. Do lado dele, também uma mulher, a filha Cristina. 

"Hoje já vejo mais mulheres na área alimentícia, a mulher tem o seu espaço. Muita gente imagina que ser sucessor, ser herdeiro, é não trabalhar. Eu tive de perceber que não sou meu pai, a minha gestão é diferente", avalia Raissa.

Aqui hoje na Fugini, mais de 50% da liderança é feminina. "O maior desafio da mulher é saber organizar tudo, eu tenho filhos. Acredito que temos uma percepção mais humana, maternal. Mulher não é igual ao homem, seu jeito de gestão que funciona. Uma visão mais próxima das pessoas, o trato", revela. 

Raissa lembra, por exemplo, de quando esteve com uma grávida, que estava trabalhando na produção. "Ela disse que sentia falta de um momento para fazer um lanche. Nós implementamos o horário de lanche para as grávidas", conta. 

"Meu pai é muito dedicado, trabalha entre 7h até 20h da noite. Eu tenho meus filhos, a dedicação é diferente. A vida demanda diferente da mulher. Tem de saber escolher. Hoje minha gerente de logística é mulher. Na minha casa, há coisas que não delego. Mas tenho uma babá, a moça que trabalha comigo faz supermercado. Tem coisas que posso delegar e outras você tem fazer", analisa. 

Uma coisa de que Raissa não abre mão é manter a inovação e o pioneirismo da Fugini. "Somos a primeira marca do Brasil em atomatados , produzimos 2 milhões de embalagem por dia, entre molho de tomate, condimentos e lançamos agora o ketchup no sachê com biquinho. Também temos a fábrica em Cristalina, em Goiás. Lá produzimos toda área de vegetais, milho, ervilha, no sachê", diz. 

A ideia da embalagem em sachê veio de seu Auro, que viu a novidade em uma viagem para a Europa e teve ideia de trazer para o Brasil. "Aqui só existia molho à base de extrato. Nós lançamos o molho de tomate pronto no sachê. Virou a categoria", comemora Raissa. 

Outro ponto fundamental para as herdeiras é oferecer produtos clean label, que não tem gordura, açúcar, nem conservante. "A gente só faz o que dá para comer para nossa família. Só água e o vegetal. Queremos que a Fugini seja a Havaianas, todo mundo usa", diz. 

O processo de esterilização por temperatura permite essa produção limpa e livre de conservantes. "O tomate tem safra de julho a outubro. Nós guardamos em tambores especiais. Quando vai fazer o molho, usa essa polpa e vai processando durante o ano. No caso do milho, processamos todos os dias do ano. Escolhe desde a semente, acompanhamento técnico com produtos. Produzimos 35, 40 caminhões por dia. É apaixonante. Faz o envase no sache, vai para uma autoclave, esteriliza por temperatura. Dura 12 meses", explica Raissa.  

Ela acredita que, ao fazer um produto mais natural, incentiva outras empresas. "O produto industrializado pode ser feito de forma interessante. Meu consumidor é super popular, tem dona de casa que não sabe ler, não necessariamente entende o processo térmico do molho de tomate. Eu questiono as pessoas. Cheguei sem entender nada. Muita coisa que a gente mudou foi por eu perguntar sobre tudo e buscar outras formas de fazer", lembra. 

Para esse ano, a executiva revela que a Fugini estará expandindo a distribuição no Nordeste, e também quer crescer em Goiás. Seus pilares são acessibilidade (oferecer para as pessoas e pagar o que vale), inovação (saquinho) e sustentabilidade (na realidade). 

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