Janaina de Araújo, presidente do Instituto Lékè, decidiu aos 12 anos que iria investir em sua carreira. Ela só não sabia o que o futuro lhe reservava e se viu várias vezes recalculando rota diante das adversidades da vida. Hoje, aos 46, ela superou os obstáculos, é responsável por duas empresas, viaja o mundo e busca encorajar mulheres para que elas acreditem que todas são capazes de alcançar o que querem.
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“Nasci numa família nordestina simples, mas de muitos valores e sabedoria. Gostava de cantar e, aos 12, decidi que queria fazer um programa na rádio local. Meu pai disse que eu tinha muita ilusão, mas fui atrás e consegui. Estreei o “A criança no rádio” e a repercussão foi enorme, viajei o estado inteiro e depois fui para São Paulo por conta da carreira artística”, relembra.
“Lá, ficamos na casa de uma tia, na periferia, e aos 15 anos, comecei a gravar um CD. Naquela época, tinha um namoradinho e, bem perto do lançamento, engravidei dele. Foi um episódio traumático porque eu era uma menina que nunca tinha conversado sobre sexo. Decidiram que eu precisava abortar e então, mesmo com o contrato assinado, não consegui seguir com a carreira na música”, desabafa.
Apesar desse turbilhão de coisas acontecendo em tão pouco tempo, Janaina não desistiu de buscar seu crescimento e de alcançar seus objetivos: “Aprendi que precisava me posicionar e lutar pela minha sobrevivência aos 16 anos, quando trabalhei em uma empresa onde sofri muito assédio. A música até voltou para minha vida quando retornei ao Rio Grande do Norte para cuidar do meu pai doente, mas já não fazia meu coração bater forte. Quando retornei a São Paulo, tive minha primeira grande oportunidade, em uma vaga que, inicialmente, era para Guarulhos, cheguei a inventar que sabia falar inglês. No fim, passei para trabalhar em Congonhas e acabei construindo uma carreira de dez anos ali”, conta ela.
A empresária admite ter acreditado que ali era o começo de uma nova vida: “Fui convidada para participar de um projeto e agarrei aquilo como se fosse minha única chance de mudar de vida. Era difícil, mas sabia que tinha que me doar mais porque sempre estive alguns passos atrás dos outros colegas. Quando o comandante que me fez o convite faleceu, recebi a proposta para trabalhar numa construtora e fui. Foi quando precisei me reinventar mais uma vez, já que precisaria me mudar para o interior, mas casada e com uma filha de cinco anos, me vi diante de um marido que não me apoiou. Comecei em outra cidade, em outra empresa e em outra função num ambiente machista e com pessoas fortes. Ali eu criei uma imagem de mulher forte e poderosa que durou os oito anos que estive lá”, conta.
Por fim, Janaina lembra que todos esses obstáculos ajudaram ela a chegar onde chegou: hoje, é responsável pela Lékè Representações e pelo Instituto Lékè, mas seu lado empreendedor só teve início após passar por um momento de muito estresse e culpa por não estar perto da filha: “Muitas mulheres ainda passam por isso hoje e eu sei o quanto é difícil. Comecei abrindo uma empresa de eventos e conheci um cliente com quem trabalho até hoje. Fui para Curaçao fazer um evento e ali tudo mudou, foi outra mudança em minha vida”, diz.
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“Depois de um tempo, me separei dos meus sócios e iniciei minha empresa, da qual me orgulho muito hoje. Através dela, quero falar com mulheres que se sentem inseguras ou que foram, de alguma maneira, abusadas, e dizer para elas que é possível superar tendo foco, estudando, se aprimorando. Sempre quis estar onde estou, então hoje, com 46 anos, quero dizer para as mulheres que nós podemos chegar onde queremos”, finaliza.