Processos seletivos precisam ser mais acolhedores com autistas
FreePik
Processos seletivos precisam ser mais acolhedores com autistas

As dinâmicas de grupo são ferramentas usadas há décadas pelas áreas de recursos humanos para avaliar habilidades intangíveis, como liderança, flexibilidade e criatividade, assim como medir a capacidade do candidato de trabalhar em equipe. 

Se por um lado essa prática de recrutamento ajuda a medir a capacidade de trabalhar em equipe, por outro ela, sozinha, pode ser desvantajosa sobretudo para pessoas neurodivergentes, que apresentam diferenças neurológicas ou cognitivas em relação à maioria da população. Essas diferenças podem incluir, por exemplo, o autismo, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, síndrome de Tourette, entre outras.

Existem diferentes variações do espectro autista e em muitos dos casos, essas pessoas têm dificuldades de expressar suas habilidades e talentos em grupo. Além disso, pessoas neurodivergentes podem ter limitações no processamento de informações, na comunicação e na capacidade de se conectar com outras pessoas. Isso pode ser especialmente desafiador em um ambiente em que pessoas trabalham juntas para alcançar um objetivo comum. 

Para lidar com esses desafios, é importante que os líderes de grupo criem ambientes acolhedores, flexíveis e inclusivos para todas as pessoas, adaptando as dinâmicas de grupo para atender às necessidades específicas de cada indivíduo. Isso significa fornecer instruções claras, criar tarefas que sejam acessíveis a todos e oferecer suporte para pessoas que possam precisar de ajuda. 

A combinação de estratégias no processo seletivo permite resultados mais assertivos na apuração de talentos e diferenças, possibilitando que todos os membros do grupo se conectem e trabalhem juntos, independentemente de suas habilidades ou limitações.

Processos coletivos convencionais de recrutamento são questionados por estudiosos. O escritor David G. Jensen, que tem vários artigos e livros que discorrem sobre a capacidade de escolher talentos, como o livro The Executive's Paradox, argumenta que as entrevistas em grupo não são uma representação adequada do trabalho diário que o candidato deve realizar. 

Jensen argumenta que as entrevistas com dinâmicas de grupo inibem os candidatos de mostrarem todas as suas habilidades, pois muitos podem se sentir intimidados pelo grupo, o que não significa falta de talento e habilidades. 

Lou Adler, autor do livro "The Essential Guide to Hiring and Getting Hired", argumenta que as entrevistas com dinâmicas de grupo podem levar a decisões de contratação equivocadas.

Paralelamente à necessidade de RHs aprimorarem suas ferramentas para uma visão 360 graus do candidato, devemos avançar como sociedade, afinal nossas gerações foram criadas com a ideia fixa de que para sermos contratados, devemos nos encaixar aos padrões lançados pela empresa. 

No entanto, diante de uma sociedade tão complexa em suas raças, culturas, tradições, competências e qualificações, cabe ao contratante também se aprofundar e entender o potencial de cada um deles para que o profissional contribua com todo seu repertório de qualidades e virtudes. 

Muitos autistas apresentam grande capacidade de se concentrar em um determinado assunto e executar processos rotineiros, virtudes importantes no mercado de trabalho. A diversidade e as diferenças potencializam o nível das empresas e ajudam a enxergar melhor os desafios por meio de sua variedade de conhecimentos, culturas e experiências. 

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!